21 de janeiro de 2010

O JORNAL



O excelente trabalho que o Pinheiro da Fonseca está a apresentar no Notícias da Covilhã (NC), divulgando os vários museus da cidade, transpôs-me para a retrospectiva de quando iniciei o meu contacto com este meio de comunicação impresso que é o jornal, e precisamente no NC, em 14/11/1964. Surgiu com o texto, sob o título “A Covilhã precisa dum Museu”, quando, na altura, não havia nenhum museu na Covilhã, para além dumas pedras antigas e do canhão que se encontravam no quintal da antiga biblioteca municipal, peças estas actualmente expostas no Museu de Arte e Cultura.
Apaixonado pela escrita, levou-me a memorizar um boletim, duma unidade militar, onde colaborei com um texto, que só tinha em memória e dava já como perdido, quando chegaram às minhas mãos todos os números do boletim e o desejado nº.7, de Maio de 1971, do “Fronteiras da Beira”, do Regimento de Infantaria n.º 12, da Guarda. A crónica “O Mundo do Jogo”, em Las Vegas, e uma outra página de “Curiosidades” eram então assinadas por Furriel Miliciano J. Nunes.
Esta memorização já me tinha feito curto-circuito mental quando li, na revista “Pública”, de 3 de Janeiro deste ano, um artigo – “Vidas no escuro sob os néons de Las Vegas” – o qual me reportou para esta cidade paradisíaca do jogo, paradoxalmente numa situação confrangedora com alguns milhares de elementos da sua população incluídos nos “sem-abrigo”.
É indubitável que os meios de comunicação social, nas últimas décadas sofreram forte expansão e diversidade, numa desenfreada concorrência, chegando ao aparecimento de jornais gratuitos e a pensar-se que o jornal em papel iria extinguir-se, face à grave crise. Não acredito que tal venha a acontecer, pois, com a sua envolvente, desde o “sentir o seu cheiro”, ao folheá-lo e levá-lo para onde quiser, é diferente do digital, e, não obstante a grande revolução planetária da Internet, a tradição jamais terá os dias contados.
O primeiro jornal português terá sido fundado em 1645 – “A Gazeta”, de Lisboa.
Passando revista pelas primeiras páginas dalguns jornais de todo o mundo, na Internet, verificamos que o continente americano é o que domina o mundo dos jornais, depois a Europa, ficando para segundo plano os restantes continentes, com a África em último.
E, lá perdido nos confins do mundo, o “Samoa Observer”, de Samoa.
Pois bem, firmes como rochas mantêm-se como jornais mais antigos em Portugal, o “Açoriano Oriental”, fundado em 1835, e, no Continente, o “Aurora do Lima”, de Viana do Castelo, fundado em 1885, enquanto que o mais antigo do mundo (irá passar a digital) é o sueco The Post Och Inrikes Tidningar.
Mas também já desapareceram algumas referências como o Diário de Lisboa, Diário Popular, O Século, O Comércio do Porto, O Jornal, O Independente, Semanário, República, assim como os desportivos Mundo Desportivo e Gazeta dos Desportos, entre outros, para além de várias revistas, nomeadamente “A Flama”.
A crise também afectou os jornais e a concorrência levou a oferecerem brindes, inseridos nos seus números. O surgimento dos gratuitos é sinal de crise no balão de oxigénio da imprensa, não só em Portugal, como noutros países, segundo a opinião de alguns. Salientamos os gratuitos portugueses, alguns já extintos: Metro, Oje, Destak, Diário Desportivo, Meia Hora, Global Notícias, Sexta, Ripanarapaqueca.
Nesta Região já desapareceu o gratuito “Diário XXI” e mantém-se o “Já Agora”.
Ainda existe romantismo na figura do vendedor de jornais mas será que os distribuidores dos gratuitos são uma espécie de “novos ardinas”?



(In “Notícias da Covilhã “ e “Notícias de Gouveia” de 21/01/2010)

15 de janeiro de 2010



João Nunes com o maior goleador da Selecção Portuguesa de Futebol, de todos os tempos – PAULETA – no jantar anual de mediadores de seguros da Liberty Seguros, num restaurante da Expo, no dia 15 de Janeiro de 2010.

7 de janeiro de 2010

O SPORTING DA COVILHÃ E O IMBRÓGLIO DA SUA SEDE

É do conhecimento público o comunicado da Direcção do Clube leonino, de 9/12/2009, através do qual se fazem algumas considerações sobre a atitude comportamental, não só do proprietário do imóvel da ex-Sede daquela instituição desportiva, como também, e mormente do seu ex-inquilino, ali estabelecido no serviço de restauração.
É assaz estranha a forma como a maior Colectividade, não só do Concelho como de toda a Região desta Beira, tem sido tratada por algumas gentes responsáveis, em vários sectores da sociedade, sem o encontro de um ponto de união de boas vontades, para que o Sporting Clube da Covilhã possa manter o seu emblema a reluzir no meio citadino, e não só, como já foi referido.
Os êxitos destes nossos principais representantes do desporto, a nível nacional, redundam também no reflexo de benefícios para as gentes da Região, quer no âmbito comercial quer no turístico, sobejamente conhecidos de longa data, ainda que por vezes mal aproveitados.
As vicissitudes por que o Clube passa também poderão repercutir-se em menos proveitos para a Região.
O que me trás a este assunto mirabolante, independentemente de eventuais desavenças negociais, ou interesses mesquinhos, é a abissal diferença de números apresentados, denotando-se uma aversão ao Clube serrano por gentes desta Terra, ou aqui radicadas.
Desde a década de cinquenta do século passado que o edifício da Rua do Ginásio, de bonita traça e bem implantado na Cidade, mas com forte degradação, foi Sede do SCC, onde se conheceram muitos êxitos, surgiram grandes alegrias para a Cidade e Região; houve discursos inflamados e eloquentes por gente grada da Covilhã, permitindo-me salientar o Dr. Carlos Coelho, Dr. Ranito Baltazar, Dr. José Calheiros, Conde da Covilhã, os industriais Ernesto Cruz e os Mesquitas Nunes, entre muitos outros. Também algumas vezes os corações dos associados e dirigentes surgiram tristes e apreensivos, mas, no fundo, as paredes daquele imóvel, se falassem, podiam testemunhar as vozes hilariantes e por vezes vociferantes de muitos amigos do SCC, sobre a vida da Colectividade e dos seus obreiros, ao mesmo tempo que ostentavam quadros de Velhas Glórias serranas que o tempo perdurou, muitas delas já fora do mundo dos vivos.
Elementos da família do proprietário do imóvel também integraram com grande dignidade os órgãos dirigentes do Clube de antanho.
Não se compreende, aos olhos de muitos covilhanenses – mas já habituados ao que se passa neste País de muita devassidão – que surja o pedido de venda do imóvel, ao SCC, pelo valor de 625 mil euros; e, posteriormente, vem a ser adquirido pelo arrendatário do restaurante por menos de metade do preço.
Onde está a moralidade do acto? Ou aqui há gato…
Pois bem, negócio feito, compreensível ou incompreensivelmente assumido, chega agora a vez do ex-inquilino e dono do restaurante vir a exigir uma indemnização ao SCC, em tribunal, superior a 200 mil euros!!!
Alguém percebe isto? O Clube emitiu no seu comunicado que se abstém de comentar estas atitudes.
Com franqueza, isto é mesmo razoável, ou é para deitar o Clube abaixo? Esta agremiação desportiva histórica da Cidade, de longa data, já lá teve outros restaurantes, como o do Zé Brazul, donde surgiu a figura popular do empregado “Feijão”.
Vamos dar as mãos, numa brandura de intenções e não brinquem com coisas sérias, tá?


(In Notícias da Covilhã e Jornal do Fundão, de 7/1/2010, e no site do Sporting Clube da Covilhã)