25 de maio de 2013

A GÉNESE DA“APAE CAMPOS MELO” E OS SEUS FUNDADORES

A Covilhã integra o concelho com o maior número de agentes culturais do distrito de Castelo Branco e um dos maiores do País, neste âmbito.
Vou falar duma associação cultural e recreativa, sedeada na Covilhã, no coração da cidade, que foi a primeira, do género, a ser criada em Portugal, segundo as palavras do então Ministro da Educação, Augusto Seabra, já falecido. Isto porque integra não só antigos professores e alunos, como também empregados, ou sejam, todo o universo de obreiros desta catedral da cultura; por muitos considerada a primeira universidade da Covilhã.
Refiro-me obviamente à Associação de Antigos Professores, Alunos e Empregados da Escola Campos Melo da Covilhã (antiga Escola Industrial e Comercial Campos Melo), mais conhecida pela sigla “APAE Campos Melo”.
Fundada oficialmente em 15 de Junho de 1984 por um grupo de antigos alunos e professores, fruto da saudade dos tempos da Escola Industrial e Comercial Campos Melo da Covilhã, que depois passou a denominar-se Escola Técnica Campos Melo e, actualmente, Escola Secundária Campos Melo, surgiu assim esta associação.
Em 1995, data em que tive o orgulho de ser o segundo Presidente da Direcção, registava já setecentos associados.
Para quem quiser ficar com a noção fidedigna de quem foram, efectivamente, os verdadeiros fundadores, aqui deixo o registo deste facto.
Assim, antes da sua formação e após o primeiro Jantar-Convívio, sob o tema “Recordar é Viver”, realizado em 26 de Março de 1983, na cantina da Escola Campos Melo, já lá vão quase três décadas, começaram a fervilhar as ideias da formação oficial duma associação de “antigos”, abrangendo “todos” aqueles que ao longo das várias gerações passaram pela Escola Industrial.
Já aquando da festa de homenagem ao antigo director, Eng.º Ernesto de Campos Mello e Castro, pela sua despedida, em 1966, surgiu a primeira ideia de constituição de uma associação de antigos alunos, tendo, inclusive, sido alvitrado o seu início com a nomeação espontânea do sócio n.º 1, Afonso da Cruz e Silva, já falecido, que não se haveria de concretizar, e, este mesmo antigo aluno, viria a integrar-se no grupo dos sócios fundadores da APAE.
Ao mesmo tempo, haviam que se preparar de imediato as comemorações do primeiro centenário da Escola, a surgir no ano seguinte – 1984.
Se bem que foram os antigos alunos, professores e alguns empregados que aderiram, num ápice, à formação duma associação, com palavras emolduradas de grande fervor associativo; e de amizades impregnadas de memórias dos tempos de estudantes; foram mais tarde considerados 184 sócios fundadores, ou seja, aqueles que vieram a aderir até à realização da respectiva escritura. Mas, na verdade, os reais fundadores foram quantos, desde a primeira hora, tomaram a iniciativa, e participaram nas várias reuniões de trabalho. Foram frequentes sessões, na biblioteca e sala do Conselho Directivo da Escola Campos Melo, labutando duma forma afincada como Comissão Pró-Associação, na preparação das Comemorações do Centenário da Escola, e na constituição da novel associação.
São eles: Francisco Fazendeiro Geraldes (principal impulsionador, sócio n.º 1 e primeiro Presidente da Direcção da APAE); Dr.ª Maria Ascensão Simões (Presidente do Conselho Directivo da Escola, da altura, e sócia n.º 2 e que viria a ser a primeira Presidente da Assembleia Geral da APAE); Maria Noémia Gomes Lopes, responsável na Comissão Pró-Associação e dirigente da APAE desde a sua fundação, tendo sido o 3.º Presidente da Direcção, sócia n.º 3); Maria Luísa Fonseca Freire Pires, já falecida (integrando o elenco da APAE desde a sua fundação, antiga tesoureira da Comissão Pró-Associação e da 1.ª Direcção, sócia n.º 4); Manuel Vaz Correia, Mário Monteiro Carriço, João de Jesus Nunes, João José Silva Coelho, Alfredo Monteiro Pires (falecido), Carlos Alberto Ruivo (falecido), Maria Luísa Pedro, Carlos Alberto Rodrigues, António Manuel Silva Coelho, Maria José Fino e Maria Astrigilda Gonçalves. Destas duas últimas colegas partiu a conversa, em Lisboa, para uma reunião de convívio, das décadas de cinquenta e sessenta, através de um almoço, com antigos colegas, para memorizarem bons velhos tempos de estudantes, e não só. Estendendo-se o pedido da dinamização desta ideia a outros antigos colegas, logo se transformou em entusiasmos retumbantes.
E partiu-se para uma associação, de “antigos”, oficial, depois daquele Jantar-Convívio de 26.03.1983. Assim, começou a germinar, com a aderência de mais e mais antigos alunos, antigos professores e de alguns antigos funcionários. Nos trabalhos de constituição surgem ainda como reais fundadores, Isabel Fernandes Raposo, Carma Maria Batista Cardona, José Vicente Milhano (que viria a doar as instalações onde se situa a Sede da APAE, falecido em Junho de 1994); Professor Ricarte de Matos, Eng.º Luís Filipe Mesquita Nunes, já falecido (que seria o 1.º Presidente do Conselho Fiscal da APAE); Manuel Macedo Campos Costa, Eng. Francisco Duarte Gabriel, Georgina Leitão Duarte Calheiros, João José Cristóvão, Dr.ª Maria Celeste de Moura, já falecida; Maria Orlanda Bicho Mineiro Correia, Maria Teresa Fazendeiro Rodrigues, Vitor Manuel Alves Rodrigues e Padre Acácio Marques Santos, já falecido.
A estes 29 nomes ainda se deviam adicionar mais três que, há muito, por motivos desconhecidos, e que só aos mesmos disse respeito, se haviam de retirar do seio da Associação. Dois deles já faleceram.
Numa altura em que a cultura citadina não era nem de perto nem de longe como nos dias de hoje, embora sempre houvesse figuras de relevo na Covilhã, no âmbito das letras e do saber, a APAE Campos Melo, numa expressão dum sócio da altura – “Primavera Cultural” – conseguiu, numa vontade indómita das direcções constituídas, promover vários eventos culturais, entre os quais várias exposições, fora e dentro da sua sede, como na sua antiga sala que se intitulou Galeria de Arte da APAE, em pleno coração da cidade, nomeadamente:
08.01.1984 – Exposição de fotografias, desenhos e documentos das duas primeiras décadas da Escola (no átrio da Escola Campos Melo).
27.01.1984 – Aproveitando a reportagem fotográfica das comemorações do 1.º Centenário da Escola Campos Melo, e o que os jornais disseram, também de desenhos de antigos alunos (no átrio da Câmara Municipal).
26.01.1985 – Trabalhos de antigos e actuais alunos da Escola Campos Melo, no encerramento das comemorações do centenário, sob a designação “Trabalhos de ontem e de hoje” (no átrio da Câmara Municipal).
03.06.1989 – Retrospectiva das actividades da APAE, desde a sua fundação e uma exposição de esculturas de madeira, em miniatura, de um sócio e covilhanense, João Manuel Proença Marques (na Sede da APAE).
20.10.1989 – Exposição sobre a Covilhã antiga (sede da APAE).
23.12.1989 – Exposição de um presépio artesanal, com figuras de madeira em movimento, e, de novo, retrospectiva das actividades da APAE (sede da APAE).
08.03.1990 – Exposição sobre algumas figuras notáveis da Covilhã, no séc. XVI (sede da APAE).
13.04.1990 – Exposição de pintura “Do Neoclássico do Curvilinismo”, do prof. Rodolfo Passaporte, falecido em 4.11.2012, com 85 anos (sede da APAE).
24.04.1990 – Exposição “A Crítica Política no Tempo da Monarquia”, por Rafael e Gustavo Robalo Pinheiro (sede da APAE).
02.06.1990 – Exposição de lavores das antigas alunas da Escola Campos Melo (Sede da APAE).
15.06.1990 – Exposição de pintura, de Gina Calheiros (sede da APAE).
Julho de 1990 – Exposição de todas as actividades conseguidas pela APAE (na Covifeira).
20.10.1990 – Exposição histórico-documental sobre o fundador da Escola, José Maria Veiga da Silva Campos Melo (sede da APAE).
25.05.1991 – Exposição histórico-documental sobre João Alves da Silva, membro da 1.ª Comissão Administrativa e presidente da comissão executiva da Covilhã na 1.ª República (sede da APAE).
28.09.1991 – Exposição histórico-documental sobre o Sporting Clube da Covilhã e objectos desportivos de clubes e federações de todo o mundo, de João de Jesus Nunes (sede da APAE).
30.05.1992 – Exposição de “Arte e Design” dos actuais e antigos professores e alunos da Escola Campos Melo, da responsabilidade do grupo de artes visuais (sede da APAE).
05.02.1993 – Exposição de pintura de dois pintores covilhanenses: Sousa Amaral e João Manuel Salcedas (sede da APAE).
28.05.1993 – Exposição de trabalhos de expressão plástica, realizada pelas crianças das Escolas do Concelho da Covilhã (sede da APAE).
04.06.1994 – Exposição de arte sacra (sede da APAE).
17.06.1995 – Exposição de quadros e peças sobre a arte e cultura de Timor (sede da APAE).
16.12.1995 – Exposição de presépios executados por crianças de algumas escolas do Concelho.
E, muitas outras se seguiram ao longo dos anos seguintes.
Esta associação cultural foi também palco de palestras e visitas em actos solenes, por eminentes homens da cultura, da música e da arte, nomeadamente os covilhanenses Dr. António Alçada Batista, Eng.º Melo e Castro, Prof. Augusto Seabra, Geninha Melo e Castro, entre outros.
Daqui surgiu também a edição de dois livros, confrontando-se as tipografias da região, pela primeira vez, com um volume e páginas a cores, a que não estavam habituados, obviamente para aquela altura.
Surgiu também a criação de uma revista – “Ecos da APAE” – que é distribuída aos sócios, anualmente, nas comemorações da Associação.
Deu-se lugar à vinda de grupos musicais e de dança de outras zonas do País e de Espanha, como a Academia de Baile Flamenco, de Badajoz; “Pão-de-Ló”, de Ovar; de um grupo da região de Póvoa de Varzim; e, também, na vertente desportiva e cultural, homenagearam-se as “Velhas Glórias” do Sporting Clube da Covilhã, com um grande número de participantes e algum alvoroço pela comunicação social do País, sendo a primeira vez que alguma instituição, incluindo a própria colectividade serrana, participasse com um evento tão empolgante.
Hoje, com um edifício-sede totalmente reconstruído pela edilidade covilhanense, em pleno coração da cidade, pode continuar a ser azo para a promoção cultural da cidade onde se insere.
Algumas facetas do entusiasmo e da história preambular desta associação, e a sua envolvente de entusiasmo, podem ser consultada no livro “9 Anos de Actividades Culturais e Recreativas ao Serviço da Cidade e do Concelho – 1963 – 1992”.

João de Jesus Nunes
Sócio Fundador

(In Revista "ECOS DA APAE" de Maio de 2013)

DEVIDO A LAPSO NA PUBLICAÇÃO DO TEXTO, REPETE-SE O MESMO, MANTENDO-SE AS FOTOS NO ANTERIOR




A GÉNESE DA“APAE CAMPOS MELO” E OS SEUS FUNDADORES

A Covilhã integra o concelho com o maior número de agentes culturais do distrito de Castelo Branco e um dos maiores do País, neste âmbito.
Vou falar duma associação cultural e recreativa, sedeada na Covilhã, no coração da cidade, que foi a primeira, do género, a ser criada em Portugal, segundo as palavras do então Ministro da Educação, Augusto Seabra, já falecido. Isto porque integra não só antigos professores e alunos, como também empregados, ou sejam, todo o universo de obreiros desta catedral da cultura; por muitos considerada a primeira universidade da Covilhã.
Refiro-me obviamente à Associação de Antigos Professores, Alunos e Empregados da Escola Campos Melo da Covilhã (antiga Escola Industrial e Comercial Campos Melo), mais conhecida pela sigla “APAE Campos Melo”.
Fundada oficialmente em 15 de Junho de 1984 por um grupo de antigos alunos e professores, fruto da saudade dos tempos da Escola Industrial e Comercial Campos Melo da Covilhã, que depois passou a denominar-se Escola Técnica Campos Melo e, actualmente, Escola Secundária Campos Melo, surgiu assim esta associação.
Em 1995, data em que tive o orgulho de ser o segundo Presidente da Direcção, registava já setecentos associados.
Para quem quiser ficar com a noção fidedigna de quem foram, efectivamente, os verdadeiros fundadores, aqui deixo o registo deste facto.
Assim, antes da sua formação e após o primeiro Jantar-Convívio, sob o tema “Recordar é Viver”, realizado em 26 de Março de 1983, na cantina da Escola Campos Melo, já lá vão quase três décadas, começaram a fervilhar as ideias da formação oficial duma associação de “antigos”, abrangendo “todos” aqueles que ao longo das várias gerações passaram pela Escola Industrial.
Já aquando da festa de homenagem ao antigo director, Eng.º Ernesto de Campos Mello e Castro, pela sua despedida, em 1966, surgiu a primeira ideia de constituição de uma associação de antigos alunos, tendo, inclusive, sido alvitrado o seu início com a nomeação espontânea do sócio n.º 1, Afonso da Cruz e Silva, já falecido, que não se haveria de concretizar, e, este mesmo antigo aluno, viria a integrar-se no grupo dos sócios fundadores da APAE.
Ao mesmo tempo, haviam que se preparar de imediato as comemorações do primeiro centenário da Escola, a surgir no ano seguinte – 1984.
Se bem que foram os antigos alunos, professores e alguns empregados que aderiram, num ápice, à formação duma associação, com palavras emolduradas de grande fervor associativo; e de amizades impregnadas de memórias dos tempos de estudantes; foram mais tarde considerados 184 sócios fundadores, ou seja, aqueles que vieram a aderir até à realização da respectiva escritura. Mas, na verdade, os reais fundadores foram quantos, desde a primeira hora, tomaram a iniciativa, e participaram nas várias reuniões de trabalho. Foram frequentes sessões, na biblioteca e sala do Conselho Directivo da Escola Campos Melo, labutando duma forma afincada como Comissão Pró-Associação, na preparação das Comemorações do Centenário da Escola, e na constituição da novel associação.
São eles: Francisco Fazendeiro Geraldes (principal impulsionador, sócio n.º 1 e primeiro Presidente da Direcção da APAE); Dr.ª Maria Ascensão Simões (Presidente do Conselho Directivo da Escola, da altura, e sócia n.º 2 e que viria a ser a primeira Presidente da Assembleia Geral da APAE); Maria Noémia Gomes Lopes, responsável na Comissão Pró-Associação e dirigente da APAE desde a sua fundação, tendo sido o 3.º Presidente da Direcção, sócia n.º 3); Maria Luísa Fonseca Freire Pires, já falecida (integrando o elenco da APAE desde a sua fundação, antiga tesoureira da Comissão Pró-Associação e da 1.ª Direcção, sócia n.º 4); Manuel Vaz Correia, Mário Monteiro Carriço, João de Jesus Nunes, João José Silva Coelho, Alfredo Monteiro Pires (falecido), Carlos Alberto Ruivo (falecido), Maria Luísa Pedro, Carlos Alberto Rodrigues, António Manuel Silva Coelho, Maria José Fino e Maria Astrigilda Gonçalves. Destas duas últimas colegas partiu a conversa, em Lisboa, para uma reunião de convívio, das décadas de cinquenta e sessenta, através de um almoço, com antigos colegas, para memorizarem bons velhos tempos de estudantes, e não só. Estendendo-se o pedido da dinamização desta ideia a outros antigos colegas, logo se transformou em entusiasmos retumbantes.
E partiu-se para uma associação, de “antigos”, oficial, depois daquele Jantar-Convívio de 26.03.1983. Assim, começou a germinar, com a aderência de mais e mais antigos alunos, antigos professores e de alguns antigos funcionários. Nos trabalhos de constituição surgem ainda como reais fundadores, Isabel Fernandes Raposo, Carma Maria Batista Cardona, José Vicente Milhano (que viria a doar as instalações onde se situa a Sede da APAE, falecido em Junho de 1994); Professor Ricarte de Matos, Eng.º Luís Filipe Mesquita Nunes, já falecido (que seria o 1.º Presidente do Conselho Fiscal da APAE); Manuel Macedo Campos Costa, Eng. Francisco Duarte Gabriel, Georgina Leitão Duarte Calheiros, João José Cristóvão, Dr.ª Maria Celeste de Moura, já falecida; Maria Orlanda Bicho Mineiro Correia, Maria Teresa Fazendeiro Rodrigues, Vitor Manuel Alves Rodrigues e Padre Acácio Marques Santos, já falecido.
A estes 29 nomes ainda se deviam adicionar mais três que, há muito, por motivos desconhecidos, e que só aos mesmos disse respeito, se haviam de retirar do seio da Associação. Dois deles já faleceram.
Numa altura em que a cultura citadina não era nem de perto nem de longe como nos dias de hoje, embora sempre houvesse figuras de relevo na Covilhã, no âmbito das letras e do saber, a APAE Campos Melo, numa expressão dum sócio da altura – “Primavera Cultural” – conseguiu, numa vontade indómita das direcções constituídas, promover vários eventos culturais, entre os quais várias exposições, fora e dentro da sua sede, como na sua antiga sala que se intitulou Galeria de Arte da APAE, em pleno coração da cidade, nomeadamente:
08.01.1984 Exposição de fotografias, desenhos e documentos das duas primeiras décadas da Escola (no átrio da Escola Campos Melo).
27.01.1984 – Aproveitando a reportagem fotográfica das comemorações do 1.º Centenário da Escola Campos Melo, e o que os jornais disseram, também de desenhos de antigos alunos (no átrio da Câmara Municipal).
26.01.1985 – Trabalhos de antigos e actuais alunos da Escola Campos Melo, no encerramento das comemorações do centenário, sob a designação “Trabalhos de ontem e de hoje” (no átrio da Câmara Municipal).
03.06.1989 Retrospectiva das actividades da APAE, desde a sua fundação e uma exposição de esculturas de madeira, em miniatura, de um sócio e covilhanense, João Manuel Proença Marques (na Sede da APAE).
20.10.1989 – Exposição sobre a Covilhã antiga (sede da APAE).
23.12.1989 – Exposição de um presépio artesanal, com figuras de madeira em movimento, e, de novo, retrospectiva das actividades da APAE (sede da APAE).
08.03.1990 – Exposição sobre algumas figuras notáveis da Covilhã, no séc. XVI (sede da APAE).
13.04.1990 – Exposição de pintura “Do Neoclássico do Curvilinismo”, do prof. Rodolfo Passaporte, falecido em 4.11.2012, com 85 anos (sede da APAE).
24.04.1990 – Exposição “A Crítica Política no Tempo da Monarquia”, por Rafael e Gustavo Robalo Pinheiro (sede da APAE).
02.06.1990 – Exposição de lavores das antigas alunas da Escola Campos Melo (Sede da APAE).
15.06.1990 – Exposição de pintura, de Gina Calheiros (sede da APAE).
Julho de 1990 – Exposição de todas as actividades conseguidas pela APAE (na Covifeira).
20.10.1990 – Exposição histórico-documental sobre o fundador da Escola, José Maria Veiga da Silva Campos Melo (sede da APAE).
25.05.1991 – Exposição histórico-documental sobre João Alves da Silva, membro da 1.ª Comissão Administrativa e presidente da comissão executiva da Covilhã na 1.ª República (sede da APAE).
28.09.1991 – Exposição histórico-documental sobre o Sporting Clube da Covilhã e objectos desportivos de clubes e federações de todo o mundo, de João de Jesus Nunes (sede da APAE).
30.05.1992 – Exposição de “Arte e Design” dos actuais e antigos professores e alunos da Escola Campos Melo, da responsabilidade do grupo de artes visuais (sede da APAE).
05.02.1993 – Exposição de pintura de dois pintores covilhanenses: Sousa Amaral e João Manuel Salcedas (sede da APAE).
28.05.1993 – Exposição de trabalhos de expressão plástica, realizada pelas crianças das Escolas do Concelho da Covilhã (sede da APAE).
04.06.1994 – Exposição de arte sacra (sede da APAE).
17.06.1995 – Exposição de quadros e peças sobre a arte e cultura de Timor (sede da APAE).
16.12.1995 – Exposição de presépios executados por crianças de algumas escolas do Concelho.
E, muitas outras se seguiram ao longo dos anos seguintes.
Esta associação cultural foi também palco de palestras e visitas em actos solenes, por eminentes homens da cultura, da música e da arte, nomeadamente os covilhanenses Dr. António Alçada Batista, Eng.º Melo e Castro, Prof. Augusto Seabra, Geninha Melo e Castro, entre outros.
Daqui surgiu também a edição de dois livros, confrontando-se as tipografias da região, pela primeira vez, com um volume e páginas a cores, a que não estavam habituados, obviamente para aquela altura.
Surgiu também a criação de uma revista – “Ecos da APAE” – que é distribuída aos sócios, anualmente, nas comemorações da Associação.
Deu-se lugar à vinda de grupos musicais e de dança de outras zonas do País e de Espanha, como a Academia de Baile Flamenco, de Badajoz; “Pão-de-Ló”, de Ovar; de um grupo da região de Póvoa de Varzim; e, também, na vertente desportiva e cultural, homenagearam-se as “Velhas Glórias” do Sporting Clube da Covilhã, com um grande número de participantes e algum alvoroço pela comunicação social do País, sendo a primeira vez que alguma instituição, incluindo a própria colectividade serrana, participasse com um evento tão empolgante.
Hoje, com um edifício-sede totalmente reconstruído pela edilidade covilhanense, em pleno coração da cidade, pode continuar a ser azo para a promoção cultural da cidade onde se insere.
Algumas facetas do entusiasmo e da história preambular desta associação, e a sua envolvente de entusiasmo, podem ser consultada no livro “9 Anos de Actividades Culturais e Recreativas ao Serviço da Cidade e do Concelho – 1963 – 1992”.

João de Jesus Nunes
Sócio Fundador


 (In Revista "Ecos da APAE", de Maio de 2013)




8 de maio de 2013

O JORNAL E O DIREITO DE OPINAR


A simples razão de já se estar retirado da atividade profissional nos proporciona uma maior liberdade de pensamento e de tempo para a leitura, algum estudo e uma certa dose de mais reflexão.
Neste ócio – o tempo da liberdade e da criação –, outros optam pela comodidade, na salutar caminhada diária, no arranjo do quintalzinho, no ir buscar, de sorriso nos lábios, os netinhos à escola; ou mesmo, no cavaquear na esplanada ou no sofá da coletividade, numa passagem pelos jornais existentes até ao fechar das “persianas” dos olhos.
Não consigo estar parado e, por isso, sou um consumidor acérrimo de informação. Todos os dias abro o site dos “Jornais do Dia” naquela rede que os americanos criaram em 29 de outubro de 1969 – Internet. E, para além disso, dou prazer à escrita não deixando descansar as teclas do computador. E já agora a fotografia.
Nos dias que correm, há muito, não há notícias positivas para os portugueses. E os dias de lazer, para os que trabalham, esse tempo que resta depois do tempo de trabalho, também designado por “tempo livre” passa, muitas vezes, por ver revistas e suplementos culturais e literários transformados em magazines, que quase só promovem o entretenimento, no consumismo de outra classe de leitores.
Há seis anos escrevi que é uma honra e um risco escrever no jornal, e, como alguém afirmou, quase nada é óbvio.
Para um grande número de pessoas, a primeira angústia por “escrever no jornal” fala de uma eventual falta de assunto, e onde encontrar a inspiração. A segunda ansiedade relaciona-se à exposição pública de ideias, onde ainda é corrente o tirar vantagem de tudo e o ficar em cima do muro.
Uma das tribulações está ligada ao risco do engano, da ignorância e do mero erro humano, para já não falar nas gafes ou mesmo nas gralhas jornalísticas, pois se algo surge no jornal deverá ter um mínimo de veracidade, exigindo mesmo reflexão e investigação.
O que se fala pode ser imediatamente levado pelo vento, mas o escrito tem mais facilidade de ser ampliado na memória.
Tomei contacto com a escrita nos jornais, em 14.11.1964, aos 18 anos, então no jornal mais antigo da minha Terra e da Beira Interior – o “NOTÍCIAS DA COVILHÔ – que, este ano comemora 100 anos, e do qual tenho a honra de ser um dos seus colaboradores.
Depois da minha escrita se alongar por outros órgãos jornalísticos da região e do país, incluindo revistas, desde há uns anos a esta parte que, emergindo duma amizade que despontou na região algarvia, é também orgulhosamente que vejo a minha rubrica “Ecos da Beira Serra”, quinzenalmente, no jornal “O OLHANENSE”, que no próximo dia 15 de maio completa 50 anos.
Se a amizade é uma festa, posso sentir-me feliz por ter tido nos órgãos da comunicação social onde produzo as minhas crónicas, e textos de opinião, pessoas como o Dr. José Almeida Geraldes, do Notícias da Covilhã, e Herculano Valente, do Olhanense, ambos antigos diretores, que já passaram para além da cortina que nos separa deste mundo. Mas, na atualidade, aquela força anímica inspiradora da continuidade da escrita, é dada pela amizade com o Cónego Fernando Brito dos Santos, João Alves e Ana Ribeiro Rodrigues, respetivamente diretor, e jornalistas (o segundo coordenador) do “Notícias da Covilhã”; assim como, no “O Olhanense”, a amizade com a grande alma, qual “faz-tudo”, do chefe de redação Mário Proença, e do seu diretor interino, José Isidoro Sousa.
Surgiram os jornais gratuitos que, a pouco e pouco vão desaparecendo, e pensa-se que o jornal em papel irá extinguir-se, face à grave crise e ao surgimento dos jornais digitais, mas não acredito que tal venha acontecer, pois, com a sua envolvente, desde o “sentir o seu cheiro”, ao folheá-lo e levá-lo para onde quiser, é diferente do digital, não obstante a grande revolução planetária da Internet, a tradição jamais terá os dias contados.
Foi esta a minha tese apresentada no Fórum sobre Jornalismo, coordenado por Adelino Gomes, na Universidade da Beira Interior, em 15 de março de 2012, sob o tema “Jornalismo e Cidadania”, para a elaboração duma Carta de Princípios do Jornalismo em Portugal.
Muito embora as recentes notícias tenham dado nota da caída em 10% dos jornais generalistas de âmbito nacional, há que ter fé e manter vivo o interesse pelas notícias regionais, na defesa dos interesses locais, para que a sobrevivência dos media locais e regionais não seja ameaçada, como alguns afirmam.
E é nesta afirmação pelo interesse regional, que as bandeiras jornalísticas poderão continuar a flutuar contra ventos e marés.
Resta-me, do fundo do coração, desejar longa vida para os órgãos da comunicação social nomeados, e nas pessoas dos seus obreiros, da Covilhã e Olhão, este ano aniversariantes de grande mérito, para que continuem credores da confiança que as suas gentes – assinantes e leitores – lhes depositam.

(In "Notícias da Covilhã", de 09.05.2013 e "O Olhanense", de 15.05.2013)


2 de maio de 2013

UM COVILHANENSE QUE MARCOU A SOCIEDADE PORTUGUESA


A sua vida não foi muito longa. Como também não foi extensa a sua vivência na terra que o viu nascer.
Exatamente dois meses antes de começar a Primeira Guerra Mundial, a Covilhã via aumentada a população, na freguesia da Conceição, com mais um dos seus ilustres filhos. Em 28 de maio de 1914 vinha à luz do dia o cidadão José Guilherme de Melo e Castro, filho do Comendador Guilhermino de Melo e Castro.
Com uma grande dinâmica, capacidade de trabalho, espírito de justiça e impregnado pela generosidade, este covilhanense desassombrado, que fez os seus estudos secundários em Espanha, acabaria por se licenciar em direito na Universidade de Coimbra.
Presidiu à Associação Académica, enquanto estudante, e logo organizou a primeira viagem de estudantes de Coimbra, a Angola e Moçambique, no ano 1938, assim como várias deslocações ao estrangeiro, do orfeão e outros agrupamentos conimbricenses.
Foi ainda na sua presidência (1937-1939) que, ao terminar o curso de Direito em Coimbra, Melo e Castro vê a Associação Académica de Coimbra conquistou a Taça de Portugal, em futebol, substituindo o então designado Campeonato de Portugal.
Estava-se no dia 25 de junho de 1939, no Campo das Salésias, em Lisboa, e o opositor era o Benfica que viria a ser vencido por 4-3. Já, para chegar à final, a Académica, liderada na presidência pelo estudante covilhanense, eliminaria o Sporting da Covilhã, com os resultados, em Coimbra de 5-1 (14.05.39) e, no Santos Pinto, de 2-3, na 2.ª mão (21.5.39).
No campo das letras, foi fundador, com o Professor Miller Guerra, do jornal “Via Latina”. E também redator da revista “Estudos”.
Veio a fixar-se em Lisboa onde passou a exercer advocacia. Mas de 1944 a 1947 foi Governador Civil de Setúbal e, a partir de 1949, deputado á Assembleia Nacional por este distrito. Na Assembleia Nacional, assim como na imprensa, dedica os seus temas à política social. Durante três legislaturas foi Presidente da Comissão Parlamentar de Política e Administração Geral e Social.
Em maio de 1954 é nomeado Subsecretário de Estado da Assistência Social. Foi bem marcada esta sua passagem pelos serviços sociais, dando impulso decisivo à luta contra a tuberculose, tendo também desenvolvido a prevenção da mortalidade infantil.
Em dezembro de 1957 foi nomeado Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cargo que ocupou até 11.10.1963. Logo a sua atividade se orientou predominantemente para o incremento e criação de novas receitas para a assistência. Esta sua passagem pela Misericórdia ocorreu num tempo próprio, carente em vários domínios: político, económico e social. Mas, Melo e Castro era, na sua essência, um homem de grande atividade, com uma febre de transformação e mudança. E foi isso que fez este Homem, ao longo de mais de seis anos na Misericórdia de Lisboa, e não só.
Com o intuito de servir os outros – o seu próximo – sublinha-se, sem falácias, teve grande atenção e o carinho especiais a merecerem-lhe os domínios da ação social e da saúde.
Criou o Centro de Reabilitação do Alcoitão, para reabilitação de diminuídos motores e centro de preparação do pessoal especializado para todo o país, e, ele mesmo, garantiu o financiamento, inventando, em 1961, o Totobola, tendo também sido ele que assim batizou as apostas mútuas desportivas, mandando, inclusive, pessoal para ser formado em Inglaterra.
Mas, apesar da sua vida, fértil de iniciativas e de grande dinâmica, se passar mais fora da sua Terra Natal, mesmo assim, viria a ocupar cargos em instituições de solidariedade social, na sociedade covilhanense, como aconteceu, de 1962 a 1966, no cargo de Presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários da Covilhã, numa altura de muitos problemas no seio desta instituição, sucedendo a seu pai, detentor do maior tempo neste cargo.
Agraciado no estrangeiro; em Portugal foi nomeado Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas.
Em 1969, com as eleições legislativas, e como Presidente da Comissão Executiva da União Nacional, desde 1968, querendo refrescar as listas, convidou, entre outros, o Dr. Sá Carneiro para se integrar e negociar livremente nas listas a apresentar, constituindo-se assim a Ala Liberal, da qual Melo e Castro foi o seu mentor.
Muito haveria a dizer desta figura que revolucionou o Estado Novo e, não tivesse morrido aos 58 anos, possivelmente tentaria chamar à razão Marcelo Caetano para a “democracia real” em que se estava empenhando, em vez de lhe ter partido a corda e o ter deixado cair.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa prestou-lhe uma grande homenagem, a título póstumo, na Covilhã, em 27 de janeiro de 1985, tendo-se deslocado a esta cidade mais duma centena de pessoas, vindas da capital.

(In "Notícias da Covilhã", de 02.05.2013)

AO REDOR DE UMA VIAGEM DE SALAZAR


Corria o ano da graça de 1934. A Primeira Grande Guerra havia terminado há dezasseis anos.
O Presidente da República era o General Óscar Carmona. E D. Manuel II, o último rei de Portugal, exilado, havia falecido há quase dois anos. Após a entrada em vigor da Constituição de 1933, realizaram-se eleições para os 90 deputados da nova Assembleia Nacional, em 16 de dezembro de 1934, às quais só concorreu a União Nacional, rejeitando participar a oposição. O slogan destas eleições foram na base de “quem votar, vota pela Nação; quem não votar, vota contra a Nação”.
Longe estaria de se pensar que, na corrida do tempo, escondido na voragem da decisão dos dirigentes mundiais, se ia reduzindo o tempo de sobra (cinco anos), para uma Segunda Grande Guerra, que haveria de ser o conflito mais letal da história da humanidade, eliminando barbaramente a vida de milhões de seres deste planeta Terra.
António de Oliveira Salazar, natural do Vimieiro, Santa Comba Dão, estando prestes a fazer 45 anos, desloca-se à Serra da Estrela, plena de neve, naquele abril frio de uma terça-feira, dia 3, a faltarem 25 dias para o seu aniversário natalício.
Salazar, Presidente do Ministério e, depois, do Conselho de Ministros, estava nestas funções há dois anos. E havia dito na sua tomada de posse, “Sei muito bem o que quero e para onde vou”, nos seus princípios conservadores e autoritários da trilogia “Deus, Pátria e Família”. Hoje, com menos acerto e longe da ironia, também o Presidente da República, Cavaco Silva, surgiu com a cantilena do “Nunca tenho dúvidas e raramente me engano”.
Salazar, o homem que conduziu os destinos de Portugal durante 36 anos, embora vivendo grande parte da sua vida em Lisboa, nunca se desvinculou das origens, pelo que, no Natal e nas férias grandes, se deslocava algumas vezes por terras beirãs.
Então, naquele ano de 1934, já com uma governação ditatorial, a 18 de janeiro foi o dia em que Salazar tremeu, com a greve geral insurrecional para o derrubar.
Neste mesmo ano, e conforme já referido, Salazar deslocou-se de visita à Serra da Estrela, coberta de neve, não passando das Penhas da Saúde, numa altura em que tudo faltava para o aproveitamento turístico da mesma. Viajava absolutamente incógnito quando, atravessando de automóvel a cidade da Covilhã, pelas 14 horas, com a comitiva de amigos, fôra reconhecido, no centro da cidade, do automóvel onde seguia, quando alguém perguntava qual o caminho para a Serra da Estrela.
Correndo depressa a notícia, os membros da Comissão de Turismo, sem mais delongas, João Alves da Silva e Joaquim Gonçalves de Carvalho, respetivamente, presidente e tesoureiro, logo tomarem um automóvel seguindo ao encontro do ilustre visitante, conseguindo apanhá-lo à chegada às Penhas da Saúde. Salazar saltara do automóvel, para pisar sempre neve, e foi ver o excelente panorama dos Cântaros e a cordilheira dos Piornos, duma alvura imaculada e fascinadora.
Depois desta rápida digressão, Salazar acedeu a analisar o projeto do Hotel de Turismo, a construir nas Penhas da Saúde, tendo-lhe depois sido apresentado, pelos membros da Comissão de Turismo, as necessidades mais urgentes que impediam o desenvolvimento turístico da Serra da Estrela: a estrada e o hotel. Salazar concordou com a construção da estrada que deplorou o seu estado e a considerou péssima. Para a consecução destas duas obras, ao tempo, os membros da Comissão de Turismo esperavam o auxílio do Estado, que, na altura, ainda não tinha nascido a União Europeia, nem se pensava em mudar de moeda, longe de PECs e de Troikas.
E assim foi uma das viagens de Salazar, sem dar nas vistas, que até os jornalistas citadinos não tiveram qualquer hipótese de entrevistaram o estadista, tendo-se cruzado com Salazar, já na descida das Penhas da Saúde.
Ainda conseguiram cumprimentar Salazar, num ápice, conseguindo chegar perto das Penhas da Saúde, os industriais António Rodrigues Pintassilgo, Dr. Fernando Carneiro e o médico Dr António Vaz de Macedo, fortemente ligados ao turismo da Serra da Estrela.
No regresso das Penhas da Saúde, já uma grande aglomeração de Covilhanenses esperavam a comitiva de Salazar na Praça do Município, aclamando-o.

(In "Notícias da Covilhã" de 02.05.2013 e "O Olhanense", de 01.05.2013)