24 de junho de 2018

O DOCUMENTO ANTIGO: UMA OUTRA FORMA DE VER OS SEGUROS



O meu livro acima titulado vai ser apresentado no dia 8 de setembro no Salão Nobre da Câmara Municipal da Covilhã, pelas 15 horas.

Trata-se de um trabalho de 888 páginas, romanceado, que conta as origens e toda a História do Seguro deste a Antiguidade até finais do Século XVII, na sua I Parte; e desde os Primórdios do Seguro em Portugal até aos dias de hoje, na II Parte.

É frequentemente intervalado com partes romanceadas em ficcionadas tertúlias de lugares comuns, reais, e que integram personagens reais geralmente covilhanenses e de ficção, desde Valbom, Gondomar, Porto, Leiria, Algarve, Covilhã, Castelo Branco e Lisboa, falando também, no seu contexto, de figuras e eventos da região.

O prefácio é do Dr. José António de Sousa e o livro será apresentado pelo atual CEO e Administrador da Liberty Seguros em Portugal, Dr. Rogério Bicho.





João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

13 de junho de 2018

NO EMARANHAR DE IDEIAS


São os telejornais, são as notícias em papel, são as inúmeras online que nos fustigam diariamente a cabeça. 

A prudência revela agora falta de ponderação. Foi assim substituída pela ousada exteriorização da ingenuidade, qual pacovice.

Assistimos constantemente às polémicas no seio dos senhores do futebol, com as suas espertezas arrivistas. E não há quem os tire de lá para fora porque os interesses instalados subsistem. Corroem o que de bom existia:  a salutar distração, a amizade clubística, o encontro de ideias, a vigorosa disputa no campo dentro do espírito Mens sana in corpore sano, lema agora substituído por “muitos milhões para as gestões de aldrabões”.

Ditadores e destruidores por um lado, com cenas de terror nos locais de trabalho; outros envoltos em acusações de vouchers, Operação Lex, E-Toupeira, é indubitável que assim cada vez mais se contribui para a apatia ao desporto e a ausência dos campos de futebol.

Nesta pandemia do futebol, parece que tudo serve de pretexto para encher televisões e as redes sociais.

As escassas notícias para além do futebol que ainda conseguem fazer-se ouvir são quase dissipadas. A fronteira que desapareceu entre canais noticiosos e desportivos tornou-se uma autêntica competição para ver quem mais fala da bola.

Recorde-se o que sucedeu com a conferência de imprensa de Bruno de Carvalho, com todos os canais noticiosos, durante largo tempo, à mesma hora, em direto, a ouvir “Sua Excelência”, que mais parecia o Papa ou Marcelo Rebelo de Sousa.

É por isso que José Pacheco Pereira, in Público de 9 de junho, diz que “o futebol é a coisa mais parecida com a máfia que existe em Portugal – ou melhor, é a nossa máfia lusitana”.

Para além-fronteiras temos Emmanuel Macron com a sua preocupação contra as fake news, a colocar os jornalistas em xeque. Arrancou assim em França o debate sobre as propostas de lei do Presidente para travar a propagação de informação manipulada, com a oposição a dizer que a liberdade de imprensa pode estar em risco. Terá servido de exemplo o seu homólogo americano Donald Trump.

Já na Irlanda do Norte tem a Amnistia Internacional a apoiar a campanha para mudar a lei do aborto que a considera “incompatível” com os direitos humanos. E por cá, neste País de brandos costumes, mas de modernos padrões de humanismo, não há interesse em transpor na mesma ideia, a anulação dessa lei? Certamente por isso a preocupação pela redução da natalidade não é assim tão evidente como os governantes apregoam.

Valha-nos ao menos não ter sido aprovada a lei a favor da eutanásia, com grande estranheza do voto contra do Partido Comunista.

Já agora que falei de “brandos costumes”, este mito criado pelo Estado Novo, e mais tarde reforçado pelo ex-primeiro-ministro almirante Pinheiro de Azevedo, no “Verão Quente” de 1975, quando, durante o discurso que proferiu na manifestação do Terreiro do Paço de apoio ao seu Governo, um petardo rebentou no meio dos manifestantes, e, no meio de gritos, correria, fumo por cima da multidão e algumas chamas, o almirante sem medo clamava: “É só fumaça”, “O povo é sereno”, a História e o próprio jornalismo têm desfeito este mito mostrando que desde os tempos longínquos que os portugueses praticaram atos e crimes horrendos, da Monarquia à República.

Só não se compreende por que é que sendo a corrupção o principal problema do país, os dados oficiais mostram que o número de processos sobre este flagelo é diminuto quando comparado com a perceção da corrupção obtida através dos media.

Deve haver milhões de barris a abarrotar de euros para os funcionários públicos, para os professores e polícias, que detêm, estes dois últimos, mais de duas dezenas de sindicatos, cada classe.

Razão tem João Miguel Tavares, in Público de 7 e 9 de junho, de contestar as progressões automáticas das carreiras dos professores, mantendo privilégios que “têm aos poucos vindo a roubar à profissão o prestígio, a autoridade e a simpatia que ela deveria ter junto da comunidade que é suposto servir”, tendo em conta que a progressão está estruturada em torno do tempo de serviço, daí o conflito entre o Governo e sindicatos. Isto tão só neste contexto de os professores aceitarem que bons e maus tenham progressões semelhantes. É certo que no meio disto há injustiças, com uns “escandalosamente mal pagos; outros escandalosamente bem pagos”.

Entretanto, o resultado da avaliação dos alunos foi desastroso, de que alguns professores são co-responsáveis. Em Matemática, o insucesso é generalizado: só 10% dos alunos conseguiram calcular a área de um polígono que envolvia a área de dois triângulos e dois retângulos. Setenta e dois por cento dos estudantes do 5.º ano não conseguira identificar o rio Mondego, e outras coisas mais.

Isto é a generalidade do nosso país, mas, como toda a regra tem exceção, aí vemos a Universidade da Beira Interior orgulhosamente a manter-se dentro das melhores 150 universidades do mundo, com menos de 50 primaveras, contra ventos e marés da injustiça que o Governo à mesma teima em manter o “subfinanciamento crónico”.
(In "Notícias da Covilhã", de 14-06-2018)



12 de junho de 2018

OS “MORTOS” QUE AINDA VIVEM


Não me estou a referir, como crente, à vida além-túmulo. Não estou a fazer referência à memória dos que partiram e que estão vivos na perenidade das nossas mentes, enquanto viventes deste planeta.

Não tenho a pretensão de fazer reviver a lenda de D. Sebastião, naquela que fora a falta de certezas sobre a sua real morte, o que na altura redundou desesperadamente na esperança de que o rei pudesse retornar ao trono de Portugal, numa manhã de nevoeiro. Aceito, contudo, que o covilhanense Aires Teles de Meneses, Alcaide-mor da Covilhã que serviu na Índia e acompanhou posteriormente D. Sebastião, na Batalha de Alcácer Quibir, onde ficou prisioneiro, tivesse sido resgatado e regressado à Covilhã, encontrando-se sepultado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Mas também não posso deixar de manifestar a minha repulsa pelo facto de na altura em que escrevo esta crónica, tivesse sido objeto de um ato provocado por um vivo mas morto de espírito, aquando duma ação solidária de transporte de bens alimentícios do Banco Alimentar para uma instituição de Caridade, conjuntamente com mais dois colegas, ao ser abordado rispidamente e fora da habitual educação dos seus camaradas, polícias, com ar de excessiva autoridade para se fazer notar publicamente, quando terminávamos em correria o nosso trabalho voluntário, com a anuência e compreensão de dois ou três condutores à nossa retaguarda, que aguardavam com compreensão o términus do nosso trabalho. É que aquele vivo, mas morto de imaginação, certamente estaria com o estômago bem satisfeito enquanto nós, voluntariamente, procurávamos ir ao encontro de estômagos vazios. Ao invés desta sua conduta, já outros seus colegas, em situações similares, procuraram ajudar-nos na solução do trânsito.

No Público de 3 de junho, era dada a notícia de que o piloto russo desaparecido há 30 anos no Afeganistão, dado como morto, encontra-se ainda vivo e pretende regressar a casa. A aeronave havia sido derrubada durante a intervenção das tropas da ex-URSS no país, em 1987. É um facto que, por enquanto, não se sabe exatamente por que é que não deu sinais de vida durante estes anos. É, indubitavelmente, estranho!

Sobre os mortos da Primeira Grande Guerra e, depois da década de sessenta, no que diz respeito aos antigos Combatentes do Ultramar, houve casos insólitos de indivíduos dados como mortos e que, mais tarde, surgiram vivos. Recordo numa reportagem dum dos canais televisivos, um antigo combatente, numa das terras deste Portugal, a reclamar que ele estava ali vivo, era ele mesmo e não o que constava com o seu nome e datas de nascimento e falecimento,  na tabuleta duma sepultura que indicava. Erros da história. E os problemas com a rejeição das suas famílias, algumas já tendo reconstituído as mesmas com outros parceiros?!

Tenho um amigo que integra o nosso grupo de casais que se reúne frequentemente. Conforme contei em tempos, é um outro dos que fora dado como morto, mas que depois se verificou estar vivo. Aquando dum acidente de viação conjuntamente com outros colegas que se faziam transportar na mesma viatura, durante uma deslocação no tempo do serviço militar obrigatório, um grave acidente era noticiado nos jornais sobre a situação de três feridos graves e um morto, que era este nosso amigo. Já se encontrava na morgue para ser autopsiado quando o funcionário da mesma que ia recolher o considerado “cadáver” lhe vê cair o braço da mesa de pedra onde se encontrava depositado, dando sinal de vida. Afinal, descuidadamente, não havia um morto. O suposto morto estava vivo e é hoje um grande companheiro na nossa amizade.

Há tempos também nos foi dada indicação de uma pessoa que havia falecido. Todas as indicações recaiam nesse indivíduo. Qual o meu espanto quando consultava a necrologia num dos locais habituais, já próximo da noite, e, olhando para o lado, vejo essa pessoa, supostamente a encontrar na necrologia, sentada numas escadas, de telemóvel na mão…

Há, de facto, situações estranhas, mas sempre é bom o grito de alegria pelos vivos que “deixaram” de estar mortos.

É pena que hoje, por este nosso país, ainda nos deparemos não com mortos que felizmente “ressuscitaram”, só tendo surgido o acontecimento por lapsos profissionais ou de outra vertente qualquer, mas sim, sem surpresa a existência de muitos mortos-vivos.

(In "fórum Covilhã", de 12-06-2018)

1 de junho de 2018

In Quinzenário "O Olhanense", de 01-06-2018


UMA HONRA COLABORAR HÁ 25 ANOS COM O JORNAL “O OLHANENSE”


Por vezes as várias ocupações em trabalhos culturais que estão em fase carente e de alguma pressão para o seu término não me permitem olhar com uma atenção mais cuidada para os periódicos onde tenho o privilégio de poder opinar, como é o caso deste excelente jornal, superiormente dirigido por dois Amigos: o seu Diretor José Isidoro Silva Sousa e o Diretor Adjunto Mário Proença.

Por isso só hoje endereço os meus parabéns, não só ao Sporting Clube Olhanense pelas suas bonitas 106 primaveras, como também ao Jornal O Olhanense pelos seus 55 anos de vida plena de conteúdos que fazem inveja a muitas outras publicações análogas.

Como é que este serrano, nascido há 72 anos numa aldeia do concelho da Covilhã teve contacto e se inseriu, como “colaborador permanente” no Jornal O Olhanense?

Esse facto devo-o a um Amigo, que  não cheguei a conhecer pessoalmente e que já partiu para o outro lado da vida, Augusto Ramos Teixeira, quando, em 1993, me contactou telefonicamente a propósito dum pedido que coloquei nos jornais desportivos nacionais para a tentativa de localizar Velhas Glória do Sporting Clube da Covilhã, o que deu origem ao meu segundo livro sobre a história do clube serrano, donde viriam a surgir mais duas obras sobre o mesmo, e a prefaciar e apresentar a quinta de um autor Amigo, no pretérito ano.

Daí que, tendo conhecimento da existência deste quinzenário, o Amigo Augusto Teixeira me enviou um exemplar e o contacto com o falecido Diretor Honorário a Título Póstumo, Herculano Valente (ainda não era diretor) onde passei a, esporadicamente, ver publicados alguns dos textos enviados, e algumas referências à minha pessoa, na bondade daquele Homem.

Posteriormente, quando tive conhecimento do seu insólito falecimento, e que pensaria vir a terminar aqui as minhas linhas opinativas e informativas, fui agarrado pela mão incentivadora de Mário Proença para a continuidade, o que faço, com muita alegria, até aos dias de hoje, tanto mais que, a partir do momento em que este grande Senhor tomou aos ombros a responsabilidade do quinzenário, o que é certo e verdade é que o Jornal O Olhanense subiu muitos degraus na sua melhoria, o que dá gosto colaborar com o mesmo, principalmente para quem conhece os meandros de manter um periódico a circular regularmente.

Depois, o seu Diretor e meu prezado Amigo, José Isidoro Sousa, é o único que conheci pessoalmente num jantar de aniversário do meu clube serrano, que, casualmente, ficou com a esposa na minha mesa. Mais tarde conheci o Senhor Júlio Favinha.

Como desde os meus 17 anos tive contacto de escrever nos jornais, inclusive num boletim militar enquanto estive no serviço militar obrigatório, e, depois, mais assiduamente desde que me aposentei da minha atividade profissional, com regularidade em dois semanários e, trimestralmente, no órgão do Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, de que fui subdiretor, geraram-se ainda mais raízes ligadas à escrita.

Em 2014 foi-me solicitado por um especial Amigo, CEO e Administrador da empresa que representei durante 40 anos, para escrever a história da atividade que então exercia, que é ancestral, levando a minha aventura de aceitar tal tarefa a vê-la agora já na mão do editor, romanceada, tendo passado algures pelo Algarve, pelo que também tem um bocadinho da colaboração do Amigo Mário Proença, a quem pedi algumas informações.

E é nesta veia de pensamento que mantenho acesa a chama da continuidade de transpor para o papel, a expressão do que sinto, do que penso, do que me rodeia, norteado sempre pela minha linha de pensamento, mas também na aceitação da opinião democrática dos outros.

E é neste contexto, que se consegue viajar pelo Portugal de todos nós, e pelo Mundo, através dos órgãos de comunicação social.

(In "O Olhanense", de 01-06-2018)