19 de agosto de 2010

COVILHÃ NA MÚSICA, NAS TRADIÇÕES E NA POESIA

Jamais se poderá afastar a realidade de uma Covilhã cultural, em vários domínios. Uma quase permuta imposta pela sociedade, quando ainda não se falava de globalização, surgida entre as fábricas laneiras de então, e, hoje, a grande fábrica do ensino – a Universidade da Beira Interior.

E, se desta cidade serrana brotam afluentes para engrossar o caudal do Zêzere, como as Ribeiras da Goldra e da Carpinteira, que integram a história da excelente panorâmica citadina, indo dar uma ajuda ao Tejo, também muitos jovens oriundos das várias escolas secundárias da Cidade, como a centenária Campos Melo, e, também, a Frei Heitor Pinto e das Palmeiras, foram grandes obreiros na sua passagem pela UBI, concluindo os seus cursos.

Alguns, emergiram como pirilampos, e hoje vingam no meio empresarial da região e nacional.

Dentre várias actividades, quer de âmbito municipal, quer de programa próprio das instituições, quero destacar, sem sombra de dúvida, a Banda Sinfónica da Covilhã, com uma centena de jovens músicos, vindos de vários pontos do País, e em grande parte naturais da região, que no dia 29 de Julho deram vida ao Pelourinho, sob a direcção do maestro convidado, Reinaldo Guerreiro. Mas a alma desta instituição é indubitavelmente o Prof. da UBI, Eduardo Cavaco, presidente e director artístico da Banda da Covilhã, com o apoio do Município Covilhanense.

Em plena noite de verão, foi um show que me fez recordar um concerto sinfónico a que assisti, também à noite, em frente ao Município de Viena de Áustria.

Outro espectacular evento, surgido no Parque da Boidobra, na noite de 31 de Julho, foi o FestiBoidobra – Tradições do Mundo, onde a freguesia e a cidade da Covilhã puderam assistir a um autêntico festival de cores e sons, com folclore internacional, e a presença, entre outros, dos Ranchos da Geórgia (excelente) e do México, os quais permaneceram por cá uma semana, período das festas promovidas pelo Rancho Folclórico da Boidobra, sobejamente conhecido pela sua alta qualidade, para a qual contribui o grande esforço e carinho da sua Direcção, liderada por Paulo Alexandre Machado Jerónimo.

A Covilhã é também uma Terra de poetas. Uns, covilhanenses de raiz, outros pelo coração.

Entre outros, José Corceiro Mendes, natural de Fóios, Sabugal, exerceu professorado na Covilhã e tirou o curso de debuxador na Escola Campos Melo, tendo fundado na Covilhã a Livraria CCC, que viria a ser extinta. Em 1971 emigrou para a Alemanha e, actualmente, acometido de doença grave, encontra-se num Lar em Setúbal.

Publicou três livros. Em 2009, o terceiro de poesia – “Farpas Neutrais”.

Maria Alice Mangana Monteiro é uma poetisa covilhanense. Apesar da sua idade avançada e doença do marido, encontra-se sempre de semblante sorridente e, de imediato, se lhe soltam uns espontâneos versos, bem ao jeito de quem sabe o que quer.

Publicou vários livros de poesia, e à mesma se dedicou desde jovem. Desde os cinco anos que declama poesia. Há cerca de 15 anos, por sugestão duma amiga, professora na Universidade de Coimbra, aproveitou alguns poemas que, introduzidos numas pastinhas, eram vendidos pelos estudantes, por altura da Queima de Fitas, a favor duma casa de infância.

Sempre que passa pelo meu escritório, vai um sorriso e uma poesia.

Maria Ivone de Jesus Pinto Manteigueiro Vairinho, já várias vezes referida nos meus textos, é uma poetisa nata covilhanense, radicada em Lisboa. É irmã do antigo atleta do SCC, Francisco Manteigueiro.

Tem um vasto currículo, que pode ser visto na Internet, tendo já publicado vários livros de prosa e poesia. Desde os 15 anos começou a escrever contos, peças de teatro, autos de Natal e poemas que foram publicados em diversos jornais e revistas, tendo ganho vários prémios.

Dá aulas na Universidade Sénior, de “Ler…e Dizer – Nove Séculos de Literatura Portuguesa/Poesia”.

Desde 2002 que é Presidente da Direcção da Associação Portuguesas de Poetas e Directora do Boletim.

Esteve recentemente no meu escritório, com o marido, Victor Vairinho. Por falta de espaço não posso desenvolver mais sobre a vida desta poetisa covilhanense.



(In Jornal Olhanense, de 15 de Agosto, Jornal do Fundão de 19 de Agosto e no próximo Notícias da Covilhã, de 2 de Setembro.)