20 de março de 2008
PALESTRA AOS CANINOS DA COVILHÃ
Várias vezes denunciei publicamente a imundice que vai pela cidade com a defecação de cães, onde vários passeios e escadarias, destinados aos transeuntes, são infestados de porcaria.
Cada vez há mais pessoas a passear os cãezinhos, com todo o direito que lhes assiste, mas nem a todos vemos as preocupações de andarem munidos de sacos e luvas para apanharem as fezes dos seus cães.
Destes animais, a vadiar pela cidade, tenho visto poucos, mas também nenhuma vigilância vejo de parte de quem de direito, que já deveria ter criado condições para uma cidade totalmente limpa, aplicando legislação coerciva direccionada aos infractores.
Nalgumas cidades do País as edilidades já tomaram posição no sentido de disciplinarem o passeio dos cães na via pública.
Precisamos duma instituição fiscalizadora – tipo ASAE – para constatar, e actuar, a favor da saúde pública.
É preciso ir mais longe? Subam as escadas de acesso à Escola do Rodrigo e logo verão o que por ali grassa, com tantas crianças a ter que se desviarem do serviço deixado pelos canídeos.
Há dias, junto à Igreja de S. Francisco, com um sol radioso, passou um grupo de cães – não sei se iam para algum plenário canino... – saquei do telemóvel e tirei-lhes esta fotografia. Pareceu-me que gostaram, e, vai desta, em tempo de comemorações do IV centenário do nascimento do Padre António Vieira, lembrei-me do seu Sermão de Santo António aos Peixes.
Inspirei-me então: e porque não dirigir uma palestra aos cães desta cidade? Assim aconteceu, e, sentando-se os ditos cujos na escadaria da fonte, aceitaram a deliberação ali tomada, por unanimidade: “se nada for feito por nós, canídeos e amigos do homem, para não acontecer como aquele que ficou com um espinho espetado no rabo, ao subir os muros para junto dumas silvas da Avenida 25 de Abril, a fim de não defecar no passeio, os nossos colegas de raça e todos os disponíveis, no dia 14 de Junho, data em que acontece o cinquentenário da inauguração dos Paços do Concelho da Covilhã – por sinal também a um sábado como no dia da inauguração – iremos fazer uma régia cagadela nas arcadas e escadarias da Câmara Municipal”.
Esta régia decisão foi inspirada nas comemorações do Regicídio e nos 200 anos da chegada dos fugitivos régios ao Brasil.
Com uma republicana tomada de posição, a Câmara Municipal poderá deliberar a favor da saúde pública, comemorar o cinquentenário, e evitar um régio trabalho de limpeza extraordinária nas suas proximidades, penso eu de que...
(In Notícias da Covilhã, Jornal do Fundão e O Interior de 20/03/2008)