Não é possível fazer parar o
tempo. Ele avança, devagar, devagarinho, ou tão acelerado que nem damos por
ele. Este paradoxo temporal é uma das vertentes da nossa vida. Para umas
coisas, o tempo deveria ser preguiçoso, mas, para outras, desejaríamos vê-lo
como num corridinho algarvio.
E até, por vezes, surgem as
nortadas, e, vai daí, fazem andar o tempo para trás, tal como deveria andar
para a frente – mais vagaroso ou mais ligeiro no seu passinho de criança ou nas
pegadas de atleta adulto.
Só que, no meio destas formas
de vermos e sentirmos, muita coisa se desfila pela nossa frente, entre ventos e
marés deste peregrinar na terra, para os crentes, ou o destino, para outros; e,
então, temos que preencher o tempo das nossas vidas: como devemos; como
gostamos; como podemos; como nos deixam.
Mas, por vezes, uma só pessoa
não consegue transportar às costas toda a montanha; e, por outro lado, há que
dar colorido a todas as formas de expressão, de pensamento, de amor às causas
citadinas ou de âmbito mais lato.
É assim aquilo a que se chama
um trabalho em equipa. Mas, para tanto, há que aceitar as boas vontades, os que
sentem por via da pena (hoje mais propriamente nas teclas dum computador), um
sorriso para a escrita, e, no âmbito do meio onde se inserem, e, até, numa
projeção extra muros, que vejam o reconhecimento dos seus textos numa apetência
pela sua leitura.
No jornalismo, podemos ver um
veículo ao serviço não só da informação como também do conhecimento, da
cultura, da recreação do espírito.
Não é fácil dirigir um jornal.
Quantas vezes um periódico, não obstante a boa vontade dos seus obreiros, se vê
na contingência de cerrar portas, face aos problemas do tempo – lá está o tempo
outra vez – em vários domínios, desde o financeiro à utilidade daquelas páginas
que nos passam pela frente dos olhos, para uma só leitura rápida dos títulos,
ou na apetência pelos artigos de determinado autor.
Ora, um jornal sem diversidade,
e no exclusivo duma vertente desportiva ou religiosa, torna-se direcionado somente
para um determinado tipo de aderente, excluindo os restantes não interessados
nestas duas causas.
Sucede, porém, que o
quinzenário “O Olhanense" é um periódico enraizado numa vertente de muitos
colaboradores – é obra! – dispersos por opiniões variadas, onde impera uma veia
pela história, não exclusivamente a desportiva, mas a da nossa História de
Portugal, e não só, e na expressão colorida no entusiasmo de muitos outros
temas, onde a poesia também tem assento.
Gosto de ver as curiosidades
históricas de várias figuras e eventos do País e do globo.
Enfim, pode o diretor do jornal
e presidente do centenário clube que lhe proporcionou a sua génese, orgulhar-se
de a cidade de Olhão, a Região e o País terem um periódico agradável de leitura
que honra a instituição Olhanense e a Cidade.
Mas, quem está por detrás da
renovação das suas páginas e dum trabalho que não é fácil, não pode deixar de
se reconhecer na coordenação muito profícua do seu chefe de redação, Mário
Leonardo Proença, sucessor e forte braço direito, que foi, do saudoso diretor
Herculano Valente.
É, pois, no momento em que
surge o 50º ano da sua publicação, que vai todo o meu apreço e estima por
quantos conseguem manter este órgão da Comunicação Social, sem perder a
qualidade, e conseguindo um leque de mais de uma dúzia de colaboradores
regulares.
Parabéns pois a todos quantos
conseguem manter, nesta “teimosia”, há cinquenta anos, o jornal “O Olhanense”.