1 de junho de 2005

OS 82 ANOS DO SPORTING DA COVILHÃ

Tudo se encaminha para que o clube do coração da maioria dos covilhanenses comemore o seu aniversário com a subida à II Liga, lugar onde minimamente se deve situar.
É o clube mais representativo da região desde que, há mais de oito décadas, algumas figuras da colectividade de maior poder económico, ligadas ao meio industrial – o Estrela Futebol Clube – aceitou o convite de dirigentes do SCP, que vivia uma euforia de criação de filiais, para se fundir com a denominação de Sporting Clube da Covilhã.
Havia outras colectividades, mais de cariz operário, como o Montes Hermínios e o Clube de Futebol “Os Covilhanenses” que optaram pelas cores do Belenenses.
A partir de 1935, as Direcções de então resolveram deixar as formas rudimentares como se jogava a bola, abrir os cordões à bolsa e contratar o primeiro treinador (Pedro Costa), que acumulava como jogador.
O clube serrano, sempre campeão da Província da Beira Baixa, entra na II Divisão Nacional, e, na época de 1937/38, dá o primeiro sinal de que queria outros voos – a então I Divisão Nacional – o que só não conseguiu, por um triz, na final com o Carcavelinhos Futebol Clube, em Santarém.
Viria a concretizar-se a sua entrada na divisão maior do futebol português, na época de 1947/48, com o delírio das gentes covilhanenses e de toda a região beirã.
De seguida, a conquista da Taça “O Século”, e a final da Taça de Portugal, em 2 de Junho de 1957, em data de aniversário; época em que descia de divisão, quando, na época anterior, havia atingido a maior classificação de sempre – 5.º lugar.
Depois, nova subida de divisão, por quatro épocas, para, de seguida, um longo interregno entre as II e III divisões; e só na década de 80 do século passado teve duas efémeras passagens pela I Divisão.
Com estes eventos, e na longevidade de um clube histórico do futebol português, é pena que não esteja tão presente a vertente cultural, pois há muitas formas de a inserir; para que os sócios e as gentes covilhanenses usufruam também de um pouco mais que os jogos, compreendendo-se perfeitamente que as preocupações prementes vão, quase sempre, para a resolução das dívidas e dos problemas do dia a dia.
Os sócios são a pedra basilar da catedral leonina, e parece que vão receber diplomas de 25 e 50 anos, o que se apraz registar.
Mas também é preciso não esquecer figuras dirigentes de outros tempos, longos anos no dirigismo leonino, longos anos a sacrificar a sua família em prol do clube, muitos já afastados do mundo do futebol, face às contingências da vida.
Há que esquecer conflitos e algumas divergências; dar as mãos em prol do clube de todos nós.
No futebol, os que hoje são ovacionados e levados em ombros, amanhã podem ser vexados e acusados de isto ou daquilo; mas é necessário ter presente que, muito ou pouco, todos tiveram quota-parte no engrandecimento do maior clube da região.
Muitos clubes, felizmente, têm as suas bandeiras e os seus símbolos – aquelas figuras marcantes na vida desportiva da colectividade.
Temos visto no nosso Clube de sempre, o reconhecimento em duas figuras símbolo dos Leões da Serra – João Lanzinha e Francisco Manteigueiro.
No entanto, penso, que outros símbolos que vivem na Covilhã, há muitos anos, foram votados ao ostracismo, e eles foram marcantes nas épocas florescentes do SCC, como na melhor classificação de sempre, em 1955/56, e na final da Taça de Portugal, em 1957, entre outras. Refiro-me ao Jorge Nicolau e Fernando Pires; e mesmo Fernando Cabrita.
Dos participantes na final da Taça de Portugal, já faleceram: Rita, Martin e Carlos Ferreira.
Nas festividades, interessante seria, e justo, o reconhecimento, em forma de alternância (por haver muitas figuras a merecerem o destaque), de antigos atletas e dirigentes.
No entanto, muitos dos que deram o seu melhor, muitos anos, ao seu único clube de sempre, e que, se tivessem seguido para outros clubes, certamente teriam sucesso, como se evidenciaram na Covilhã; não me recordo de terem sido objecto de homenagem.
Menciono apenas um nome, entre outros – António José Fernandes FAZENDA.
O Sporting da Covilhã estará em festa e todos os obreiros que contribuíram para a mesma merecem lhes sejam endereçados os parabéns.

(In “Notícias da Covilhã”, de 20/05/2005; e “Gazeta do Interior”, de 01/06/2005)

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