Neste nosso lindo e querido País, mas de assimetrias abissais, vamos assistindo, cada dia que passa, a um vendaval de notícias – quais pétalas do malmequer – que passam de ledas a tristes, com menor escala no vice-versa, não causando já espanto ao comum dos cidadãos.
Há uns tempos atrás escrevemos uma crónica intitulada “O Polvo”, mas pensámos que nos dias que iam passando, com homens na governação que se propuseram, com coragem, baralhar bem as cartas, de forma que os trunfos fossem bem distribuídos, depressa começamos a ver debaixo da mesa a mão batoteira de alguns parceiros.
E, neste contexto, não encontramos mestre-de-cerimónias a quem recorrer. Quando a vontade indómita de algumas pessoas, conjugada com o querer de outras, se juntam num esforço para um contributo da causa nacional, no mundo do trabalho, e vemos a nossa justiça a não conseguir apagar a incredibilidade em que se envolveu, onde vamos parar?
Começa já a haver algum histerismo em vozes que se levantam. É necessário ter em conta as mesmas, não fazendo delas ouvidos surdos. É que continua vivo o polvo, cujas habilidades tentaculares brincam com a justiça, não obstante as mudanças na liderança das pessoas. A responsabilidade pelos que deixaram passar o tempo de instrução dos processos ou os levaram a ter que ser arquivados, por irregularidades, para alegria dos arguidos, deve a justiça, nesta injustiça, levar os causadores por essas irregularidades à sua incapacidade para a profissão, e, como tal, a serem algemados, em definitivo, pelos tentáculos do polvo.
Nem só nos estádios há o êxtase dos grandes eventos desportivos. Temos visto, recentemente, em parangonas nos jornais e nos noticiários televisivos, o badalar dos sete mil euros por dia que passará a ganhar Cristiano Ronaldo (dez milhões de euros por ano!), e, por cá, o mau exemplo salarial duns senhores da Banca portuguesa, quer nacional quer privada.
Dez milhões de euros de indemnização e trinta e cinco mil euros por mês, em 14 meses por ano, de reforma vitalícia, do Sr. Paulo Teixeira Pinto, é um grito de Ipiranga, na revolta de quem sofre e vê ainda distante a data para a sua magra reforma.
São estas diferenças colossais que sugam a seiva a este País.
Mas ainda há valores da vida. E exemplos de pessoas de grande espírito de ajuda. E outras que são a exemplaridade duma dinâmica de trabalho em equipa, proporcionadoras do progresso implícito na excelência da sua liderança, com o coração do tamanho do mundo.
Damos alguns exemplos, na espontaneidade da sucessão dos acontecimentos, e na convicção de que, afinal, não é preciso ganhar milhões para se aproveitarem os valores da vida
O contraste entre os funerais daquela cesteira, pobre mulher que faleceu cedo de doença oncológica, já lá vão uns anos, sempre acarinhada na sua pobreza e que gente anónima a socorria, e se condoía com o sacrifício da mulher, viúva e moura de trabalho para angariar meios de subsistência para si, filha e neta, mas que reconhecia quem lhe fazia bem, teve a Capela do Rodrigo repleta de assistência na cerimónia fúnebre. Pelo contrário, o funeral de um industrial desta praça, também há vários anos, conhecido pela sua avareza, endinheirado, teve no cemitério amigos e familiares a contarem-se pelos dedos.
E se por vezes também é preciso ter coragem ainda que enfrentando uma multidão de gentes, recordamos a atitude do autor destas linhas, há cinco anos, num conhecido hotel de Lisboa, na apresentação do novo CEO duma multinacional, que vinha duma grande experiência internacional, interpelando-o sobre as nossas preocupações, de como iria olhar para o interior, onde estamos inseridos. De imediato aceitou tal atrevimento e considerou-o um facto histórico, passando a vir confraternizar connosco, em ambiente familiar, todos os anos na Covilhã, em dia de Santo António.
A sua dinâmica foi de tal ordem que, em pouco tempo, conseguiu a notoriedade da empresa multinacional, recente em Portugal, e a conquista, em dois anos consecutivos, da Volta a Portugal em bicicleta.
No suplemento “Primeiro Emprego”, do “Correio da Manhã” de 8 de Fevereiro, duas páginas contam a excelência do seu currículo profissional, quase todo feito no estrangeiro, na liderança de multinacionais.
Por último, num almoço profissional, no Verão transacto, em Castelo Branco, encontrando-se ao nosso lado, falámos de empreendorismo. Logo uma ideia se formou – um concurso de ideias, geradoras duma empresa – para ajudar a Covilhã na criação de emprego. E com via pela universidade, e pernas para andar, com a dinâmica do CEO do Parkurbis e o excelente acolhimento do Presidente da edilidade, haverá condições para se passar das hipóteses à realidade, com divulgação na oportunidade.
E, sensíveis à solidariedade, lá estivemos na “Covilhã Solidária”, com um contributo para esta causa.
(In Notícias da Covilhã e Kaminhos de 21/02/2008)
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