22 de setembro de 2011

A FACTURA

Segundo a religião católica, todo o nascituro quando vem à luz do mundo surge impregnado do pecado original.

Desta feita, em Portugal, nascerá com dois pecados, sendo que o segundo é o de ser devedor ao Estado duns milhares de euros.

Que culpa tem o recém-nascido destas vicissitudes da vida, logo na sua génese?

Antes deste documento existir – a factura – surgiram as dificuldades da escrita e as formas de comércio, muito antes de Cristo.

E, a sua origem – a escrita –, data de alguns milhares de anos antes de Cristo, sendo que, por força do destino, dois países que se encontram na génese da mesma – Egipto e Grécia – ainda hoje atravessam grandes dificuldades, sobejamente conhecidas.

Os estados de insuficiência, revelados por sensações desagradáveis de faltas – as necessidades básicas – surgem às resmas, mesmo em pessoas que jamais pensariam que um dia isto lhes acontecesse.

Com estes problemas de falta de recursos, pouco interessa que estejamos num país à beira-mar plantado; que a história nos tenha trazido grandes exemplos de um povo de afirmada valentia; que tenhamos muitos homens de génio; se, contra ventos e marés, não formos capazes de conseguir reduzir o número dos que, numa passividade do “deixa-andar”, se vão enfileirando nos grupos crescentes dos indígenas detestáveis, responsáveis pela irresponsabilidade.

Pelo andar da moeda, voltamos à altura de antes da Idade dos Metais, com as trocas directas, de produtos por produtos. E, então, no salve-se quem puder!...

Nunca tanto se falou de factura, deste documento que toda a gente sabe o que é.

“Já recebi a factura” – é, por vezes, de um grande calafrio, quando se alteram os meios para se conseguir a sua regularização, ou quando, inesperadamente, surgem adicionais à mesma, para além das alcavalas legais, e, então, olhamos para o País e desabafamos: “Isto é o preço da factura!”; “Lá vamos ter que pagar a factura!”

Depois, é preciso não irmos no engodo da simpatia e conferirmos as facturazinhas, já que nem sempre se consegue uma factura pró-forma, com exigência da resposta para serviços não prestados mas debitados, mormente quando é objecto de reembolso por entidades oficiais.

De muitos exemplos, cito os casamentos e os funerais. Dos primeiros, quando chega a altura do pagamento, lá surge o pedido de não facturar na totalidade…que isto não está a dar…

Dos segundos, dá para tudo. Na factura, lá surgem ramos de flores, sem terem sido pedidos; a missa do 7.º dia (que por vezes não é paga à igreja), e, até uma vez se descobriu “o toque do sino”, sem o haver…

Mas voltemo-nos para as facturas mensais dos serviços públicos essenciais que entram nas nossas casas e nos nossos escritórios e estabelecimentos comerciais.

Nestas facturas fazem o que lhes dá na real gana, e o Zé pagante não consegue reclamar porque é na generalidade.

ADC – Águas da Covilhã, EM: para além do que o consumidor gasta exclusivamente em água ainda tem que se pagar taxas para saneamento, resíduos, Taxa R.H. (Min. Ambiente), Taxa C.Q.A. (Min. Ambiente), Taxa RSU (Min. Ambiente), sem sequer informarem o que significam aquelas siglas. Só o conjunto das taxas adicionais são superiores ao consumo da água!

Vamos para a EDP – luxuosamente se incluiu uma contribuição áudio-visual!

Presenteou-nos recentemente a Galp Energia com uma carta a informar que a factura passaria a incluir a Taxa Municipal de Ocupação de Subsolo!

A Cabovisão tem a Taxa Municipal de Direitos de Passagem (TMDP) mas surge a custo zero…

A PT é um desastre com os contratos celebrados, com a oferta de condições, que, depois, se traduzem numa confusão de incumprimentos, levando os clientes a desistirem de reclamar!

Enfim, nesta confusão toda com os serviços indispensáveis, só nos resta o receio que surjam por aí mais algumas taxas: pelos espaços onde caminhamos, pelo ar que respiramos, pela arborização dos jardins, pela iluminação pública, e sei lá que mais, pelo que somos forçados ao grito de BASTA!!!


(In “Notícias da Covilhã” e “Jornal do Fundão” de 22.09.2011)

8 de setembro de 2011

A RUA DIREITA E O ESTACIONAMENTO INDEVIDO

Na intencionalidade de se encontrar uma solução financeira para os problemas comerciais que afectam e degradam a vida dos comerciantes da zona, cujo comércio tradicional foi fortemente abalado com o emergir das grandes superfícies, que, penso, se encontram em exagero nesta cidade, e em outras mais, decidiu a Câmara Municipal da Covilhã deixar que as viaturas estacionem na parte destinada aos peões, embora por um tempo determinado, na chamada Rua Direita, desta cidade.

Acontece porém que, se poucos cumprem o tempo previsível permitido pela edilidade covilhanense para ali se estacionar, a fim de se tratarem assuntos nos vários estabelecimentos comerciais ou de serviços, bem como acompanharem os familiares doentes aos consultórios médicos (penso que quinze minutos), outros usam e abusam do espaço destinado aos peões, no tempo e na sua ocupação, em horários de abertura dos mesmos estabelecimentos.

Os silos-auto, ali tão perto, com muitos espaços disponíveis, ainda são um receio ou confusão para uns quantos, apesar de alguns comerciantes possuírem bilhetes de oferta aos seus clientes, para algumas horas, naqueles silos, pelo que não se compreende que a Rua Comendador Campos Melo, vulgo Rua Direita, se veja forçada a ter que mudar de nome e passar a ser conhecida por “Rua da Bandalheira”.

E, se isto passa à situação de vir a “pagar o justo pelo pecador”, em certos casos, é inconcebível que as viaturas estacionem nos dois lados da rua, embora de um só sentido, a torto e a direito, por tempo indeterminado, obrigando os transeuntes a substituírem-se às viaturas, no local destinado à circulação das mesmas, com os perigos que dai possam advir.

Muitas vezes, na zona mais estreita, em frente ao Banco, alguns condutores estacionam ou param ali as suas viaturas para irem tratar de assuntos, embora perto, penso, sendo confrangedor que uma pessoa que caminhe por aquele sítio, e, encontrando o mesmo impedido, por vezes tenha que aguardar que passem os carros na rua para a mesma depois se ver forçada a ter que também passar a utilizar o mesmo indevido espaço.

A PSP lá vai passando, mas, como infelizmente tem fragilizada a sua autoridade pelos poderes públicos, o que é de lamentar, não pode actuar como devia, ou seja, impondo a sua autoridade numa missão de servir os cidadãos e punir ou admoestar os infractores.

Já lá vai o tempo da “outra senhora” em que a Polícia era vista com outros olhares, e  havia os ”famigerados 23 e 35”, de triste memória, e, já depois do 25 de Abril, uns quantos que abusavam da farda que nunca deveriam ter vestido, pois actualmente a Polícia está diferente, evoluída e com trato mais humano e compreensível.

Deveria, sim, ser investida de mais autoridade, a fim de, pelos seus próprios meios, poder meter na ordem quem transgride duma forma tão notória quão de falta de civismo para com os seus semelhantes.

Para documentar o que atrás me reporto, atentem bem na foto obtida do meu telemóvel, tendo sido forçado a ligar para a PSP da Covilhã, no passado dia 1 de Setembro, eram 17,50, para poder sair do meu escritório. Muitas pessoas e vizinhos presenciaram o espectáculo.

Um condutor, sem consciência alguma, e numa total falta de respeito por quem trabalha, marimbando-se, estacionou o seu automóvel, do lado esquerdo da rua, mesmo juntinho à porta do escritório, de tal forma que nem ele conseguiu sair pelo lado do condutor, nem permitiu que quem estava no escritório pudesse sair sem que tivesse que forçar a mesma, quase tendo que passar por cima do capot.


A PSP, chamada ao local, informou, e lamentou, que não podia fazer mais que autuar o infractor, não podendo rebocar a viatura.

Isto brada aos céus! Se tivesse necessidade de sair com algum volume, ainda que fosse uma pasta ou computador, não podia, por causa duma pessoa sem escrúpulos.

A Câmara Municipal da Covilhã, que tanto faz para que esta Cidade seja de cinco estrelas, não terá uma palavra a dizer, para disciplinar o estacionamento dos veículos nesta rua, e que sejam evitáveis situações como esta, cujo caso não é único, e, ao mesmo tempo, diligenciar para que a nossa PSP tenha também autoridade de cinco estrelas?

(In Notícias da Covilhã, do dia 8/09/2011)