Numa roda-viva, vamos assistindo
na nossa Cidade, e para além da mesma, ao anunciar dos “convidados” para a
grande festa, depois de levantada a cortina caída sob o palanque do evento.
Mas ainda haverá outros
“convidados”, mais atrasados, no vestir das túnicas; um ou outro já pensa ter
direito à barretina.
E, vai daí, que na assembleia dos
mordomos, alto lá, “quem manda aqui sou eu!” Qual Catão, na sua expressão
“Delenda est Carthago”…
Nós, não correligionários, vamos,
no entanto, ver a festa, nem que seja para apanhar as canas dos foguetes, e,
com elas, fazermos umas “caravelas” para o vento serrano fazer girar.
Já neste ano de 2013, depois de
Cristo, ouvimos algumas estórias para a nossa história política covilhanense,
abocanhadas por uns, apoiadas por outros.
Ficámos, assim, numa certa
perplexidade sobre a festa, e, talvez acometidos duma amnésia, quase que
perdemos o significado de duas palavras paradoxais, tema desenvolvido na mesma:
Democracia e Ditadura.
Amparados na bengala dos nossos
amigos dicionários, lá fomos descobrir: “Democracia” é um sistema político em
que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de
igualdade e liberdade; governo em que o povo exerce a soberania, direta ou
indiretamente. E, “democrata” a pessoa que perfilha os ideais da democracia, da
igualdade de direitos dos cidadãos e da liberdade individual. Por outro lado,
“ditadura”, a concentração de poderes do Estado numa só pessoa, num partido
único, num grupo ou numa classe que o exerce com autoridade absoluta; sendo que
“ditador”, entre outras, surge a definição de pessoa muito autoritária, que
atua com prepotência, como se tivesse poder absoluto sobre as pessoas ou as
coisas.
E, como em tudo, não é preciso
parecer, torna-se necessário ser, ficámos perturbados pelo facto de, numa
dessas assembleias de mordomos, da grande festa, com o caldo entornado, fossem
lançadas pedras uns aos outros quando, na realidade, podiam ter aproveitado as
bolas de neve que há pouco tempo caiu no norte da cidade. Sempre refrescavam um
pouco o acalorado de alguns mordomos.
Abaixo dos mordomos, uma outra
classe, a que já ouvimos chamar de “lacaios”, emergiu nas oportunidades de
ocasião. Não era estranho quando os víamos na evidência, e na exuberância de
palavras bonitas, não inspiradas, antecipando-se em vivas ao “Papa” cá da
terra.
Numa página inteira dum semanário
da Cidade e da região (terá custado muito dinheiro ao armazém dos mordomos), o
mordomo-mor denuncia a atitude dos revoltosos, e “chora” a impossibilidade de
não o deixarem aprovar deliberações urgentes.
Na nossa imaginação, ficamos a
pensar se a mea culpa seria pertença da parte ditatorial ou da
democrata, ou se estaríamos já numa tal república das bananas.
Uma pedrada foi atingir um
mordomo por ser repetente na insistência a mordomo-mor, na convicção que
continuará a ser sempre repetente… Pois é, Lula da Silva também foi repetente,
repetente, e depois acabou por ser um grande Presidente!
Bom, fiquemos por aqui, e que os
Covilhanenses se lembrem que em março se completam quarenta anos em que a
radionovela “Simplesmente Maria” começou a ser transmitida na Rádio Renascença,
de segunda a sexta, entre as 13,30 e as 14,30, tendo “mexido” de facto com a
sociedade nessa altura. Aquele folhetim era uma história bonita e ninguém
previa que tivesse uma explosão de audiências que teve, tendo, inclusive,
atravessar a Revolução dos Cravos, até novembro de 1974.
Esperemos que a atual telenovela covilhanense se
transforme num folhetim como o “Simplesmente Maria”, transbordante de
entusiasmo por alguém que se transforme no verdadeiro ator, que saiba o melhor
a fazer para o futuro desta Terra que se chama Covilhã, respeitado e
respeitador, e que saiba o significado das palavras que o senhor dicionário nos
veio esclarecer.
(In "Notícias da Covilhã", de 20.02.2013)
Sem comentários:
Enviar um comentário