Ao longo da existência do ser
humano no planeta sempre houve guerras, atentados e quaisquer outras formas de
eliminar o homem. Isto já vem dos templos bíblicos, começando pelos filhos de
Adão e Eva, em que Caim matou seu irmão Abel. Segundo um estudo publicado na
revista Plos One, o primeiro
assassínio confirmado da história foi há 430 mil anos em Espanha, mais propiamente
em Atapuerca, na província de Burgos.
Vejamos o Exílio (anos 587-538
a.C.) que foi um momento duro para o povo israelita, com Nabucodonosor, rei da
Babilónia, a destruir Jerusalém e a levar deportados os habitantes da Cidade
Santa para a capital do seu Império. Foi um tempo de provação, a conseguir
sobreviver naquela situação desesperada.
E o fim trágico de homens e
mulheres da História estende-se por um mar de nomes: Seneca, fugindo da
crueldade de Nero; Sócrates (o grego…), Viriato, Sertório, Júlio César,
Arquimides, Aníbal, o herói cartaginês; Catão, Joana D’Arc, Robispierre, o
general Gomes Freire de Andrade, Galileu, Aristofeles, Fernão de Magalhães,
Alexandre Magno, o Duque de Orleans, Cícero, Rosseau, Lavoisier, Lincoln,
Henrique IV, Plínio, Inês de Castro, Martin Moniz, Maria Stuart, Marco António,
que morreu atravessando o peito com uma espada, indo soltar o último alento no
seio da volúvel Cleópatra; D. Francisco de Almeida, Eduardo VIII, de
Inglaterra, entre muitos outros, portugueses e de outras nacionalidades.
A estas figuras podemos ainda
juntar o atentado que vitimou o nosso rei D. Carlos e o Príncipe Herdeiro, Luís
Filipe, em 1 de fevereiro de 1908. Numa visita à Torre do Tombo encontrei estas
palavras manuscritas pelo punho do rei D. Manuel II, último rei português, cujo
relato poderá ser inserido em futuras crónicas: “As minhas memórias desde 1 de fevereiro de 1908, D. Manuel Rei (Torre
do Tombo). 21 de maio de 1908 (notas absolutamente íntimas). Há já uns poucos
dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas internas, desde o dia 1
de fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi barbaramente
assassinados o meu querido Pai e o meu tão querido Irmão. Isto que aqui escrevo
é ao correr da pena, mas vou dizer pouco e claramente e também sem estilo tudo
o que se passou. Talvez isto seja curioso para mim num dia se Deus me der vida
e saúde. Isto é uma declaração que eu faço a mim mesmo. Como isto é uma
história íntima do meu reinado vou iniciá-lo pelo horroroso e cruel atentado
(…)”.
Já no tempo do Estado Novo,
Salazar escapou ao único atentado de que foi alvo, no dia 4 de julho de 1937.
No dia 5 de junho de 2017 comemoraram-se
50 anos da Guerra dos Seis Dias, que ocorreu às 7h45 do dia 5 de junho de 1967,
aquela que mudou Israel e o Médio Oriente. Foi um ponto de viragem na História.
Tal como a I Guerra Mundial, foi uma guerra que ninguém previa nem queria. O
culpado foi o Presidente egípcio, coronel Nasser, querendo a liderança política
do mundo árabe, vinha a propagandear a intenção de destruir Israel. Os
israelitas levaram a sério este desafio. No entanto, Israel com três milhões de
judeus, era como o “David israelita”, e os árabes, com 300 milhões de almas,
eram como o “Golias árabe”. Os generais opunham-se a uma guerra em três
frentes: Egipto, Jordânia e Síria. Com a população em pânico, surge o ministro
da Defesa, general Moshe Dayan (o que não tinha um olho) e, em seis dias, vence
esta guerra em três frentes. Recordo-me perfeitamente desta guerra, que fazia
ocupar os noticiários da RTP, e várias páginas dos jornais, de grande formato,
como o Diário de Notícias, o Século e o Diário Popular, para já não falar dos
jornais nortenhos. A televisão portuguesa ainda tinha um único canal a preto e
branco, com o jornalista Gomes Ferreira a dar ênfase aos noticiários. Ainda não
possuía televisão em casa porque os aparelhos eram caros e os salários do
funcionalismo público e dos operários de lanifícios, uma miséria (a televisão
que só surgiu no nosso País uma década antes), mas recordo-me de ver os
noticiários nos cafés da Cidade: no Central, no Leitão ou no Danúbio, do
Caninhas, já desaparecidos; ou então na Pastelaria Triunfo, do Sr. Tomé; ou ainda
no Café Montanha, do ourondense Laranjo. No ano seguinte ingressava no serviço
militar obrigatório. Na primeira viagem que fiz a Israel, em 2007, o guia contou-nos
que esteve como combatente judeu na Guerra dos Seis Dias.
A nossa História de Portugal
se contempla feitos gloriosos como as batalhas ganhas, com evidência para a de
Aljubarrota, assim como as grandes descobertas, como o caminho marítimo para a
Índia e o Brasil, também teve enormes desgraças como a Batalha de Alcácer
Quibir, a participação na I Grande Guerra e, mais recentemente, a Guerra do
Ultramar, em que ainda hoje há muitos jovens de então, hoje já septuagenários,
a sofrer de deficiências físicas e morais, num autêntico stress pós traumático,
geralmente envolvidos nos vários núcleos da Liga dos Combatentes espalhados
pelo País.
O Papa Francisco tem vindo a
condenar veementemente a indiferença do mundo face ao martírio de cristãos e
não só.
Entretanto, Portugal é um dos
países mais pacíficos do mundo e acaba de subir ao pódio neste ranking.
Efetivamente, Portugal vive tempos dourados. A somar a todas as conquistas
(políticas, desportivas e culturais), Portugal goza de um nível de paz
certamente invejado por esse mundo fora. Os dados da Global Peace Index (GPI) de 2017 comprovam não só que Portugal é um
país pacífico como é dos mais pacíficos do mundo. Esta análise é feita a 163 países.
Portugal comete a proeza de passar do quinto lugar (ocupado o ano passado)
diretamente para o pódio, para o terceiro lugar. À frente de Portugal está a
Islândia (o país mais pacífico do mundo desde 2008) e a Nova Zelândia, ocupando
o segundo lugar. No extremo oposto, obviamente sem surpresas, está a Síria,
classificada como sendo o país menos pacífico pelo quinto ano consecutivo. O
Afeganistão, o Iraque, o Sudão do Sul e o Iémen completam os últimos cinco.
(In "Notícias da Covilhã", de 15-06-2017)