Entre a depressão e a euforia,
há sempre um feliz momento em que Santo António nos exorta à esperança de
melhores dias, ele, o santo casamenteiro, o milagreiro, o santo das coisas
perdidas.
Às vezes é preciso desligar o
“complicómetro”, como referiu David Dinis, diretor do Público. É neste
pensamento que eu vou conseguindo o tempo do meu tempo de várias tarefas. E,
neste contexto, até Santo António, no seu dia 13 de junho, fez coincidir o “seu
dia” com o “meu dia” desta crónica.
Mas vejamos o que tem
acontecido neste Portugal dos últimos tempos, em que não foram só bênçãos, ou,
como na gíria futebolística, “aquela pontinha de sorte”, mas, afinal, em acreditar
naquele célebre substantivo feminino que dá pelo nome de geringonça, saído nas
páginas do Público, das crónicas de Vasco Pulido Valente, em 31.08.2014, e
amplificado no Parlamento pelo ex-líder do CDS e vice-primeiro ministro, Paulo
Portas, em 10.11.2015. Portugal cresceu, como crescem os países com saudáveis
democracias. Soube, com notáveis homens e mulheres, o que é cair no fundo e
levantar-se de novo. Uma grande lição para o mundo.
Portugal deixou assim de ser o
dos três “éfes” (Fado, Futebol e Fátima), porque o esplendor noutros feitos
veio dizer-nos que nada se faz por acaso. Salvador Sobral ganhou na canção como
nunca tinha sucedido. Já antes tínhamos ganho o Campeonato da Europa, e um
português, da Beira Baixa, eleito secretário-geral da ONU. Muitos factos, que
não cabem neste espaço, se poderiam juntar, daqueles que os políticos gostam
tanto de dar valor quando estão no Governo para se assumirem como autores do
sucesso, ou, então, paradoxalmente, desvalorizar, quando ausentes do poleiro
governativo, na tentativa de que seja extraída uma ilação, que poderia ser melhor
se fossem eles a mandar.
E como já não há mais mundo
para descobrir, as descobertas portuguesas ficam-se pela história, aliás, de
grandes estórias da nossa História. Mas o mesmo já não podemos dizer dos
santos, e, para se juntar ao Santo António de Portugal, a São Nuno Álvares
Pereira, a Santa Isabel de Portugal e a outros santos e beatos, aí temos mais
dois santos portugueses: Santa Jacinta Marto e São Francisco Marto, nomeados
pelo Papa Francisco, que se deslocou a Fátima, para esse efeito, na recente
comemoração do Centenário da Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos. De
notar que a Covilhã também tem um santo, o Beato Francisco Álvares, que foi
operário da indústria de lanifícios. Faleceu no século XVI e foi beatificado no
século XIX.
Numa altura em que já quase
cheira a férias, não pela minha parte porque já estou nas vitalícias, mas de
muita gente da nossa gente, a minha Covilhã vai-se vestindo de cores. Vêm aí os
Santos Populares, com Santo António à frente da filarmónica, tonificada pelo
cheiro das sardinhas assadas.
E, vai daí, este ano de
eleições, com as Marchas da Covilhã a animar a malta, onde já mexem há muito os
ensaios, dias não são dias, e, entre uma litrada ou uma bejeca, há sempre uma
caracolada no Primor.
Passadas as marchas, as fugas
para junto do mar, com mais copos nas esplanadas, que o sol brilha em Portugal.
E o IRS já foi e já veio o
reembolso, para a maioria. Um regalo. Há que jogar uma cartada, debaixo duma
parreira, de preferência.
Férias são férias. Este mês
não é preciso pensar em coisas sérias. As eleições são só em outubro. Os
cortejos ainda tardam a passar.
Olhando agora a minha Terra –
a mui nobre Manchester Lusitana doutros tempos, universitária dos dias de hoje
–, mirando-a de dentro para fora, e de fora para dentro, vamos deixar que os
ventos que aí vêm ouçam, como na voz de Eduardo Nascimento, porque “Ela quis
viver/E o mundo correr/Prometeu voltar/Se o vento mudar”. Mas é preciso
continuar: “E o vento mudou/E ela não voltou/Sei que ela mentiu/P’ra sempre fugiu”.
A Covilhã também é geradora da
AMIZADE, e, nas suas várias vertentes, esta palavra tão bonita transforma-se em
FESTA; como costumo dizer: A AMIZADE É UMA FESTA!
Em Dia de Santo António,
coincidente com o dia desta crónica, como atrás já referi, e no seguimento do
que vem sendo um saudável hábito, o simbolismo desta data, na espontaneidade
dum ato empresarial passado, na mente dum visionário português de rija têmpera,
que trouxe de fora para dentro do País uma dinâmica empresarial que todo o
Portugal não ignora, vai ser comemorado, na simplicidade dum almoço-convívio,
nas Penhas da Saúde.
(In "Fórum Covilhã", de 13-06-2017)
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