É este o título que dei ao meu
próximo livro, romanceado, a entregar ao editor até ao próximo mês de maio,
fruto do convite feito, proveniente de uma forte amizade, pelo CEO e
Administrador da Liberty Seguros, naquele célebre 13 de junho de 2014. Depois
de muitas pesquisas e contactos, geradores do interesse não só dos
profissionais da atividade, a qual deixei em 1 de setembro de 2012, mas também no
emergir de novas amizades, vai surgir no âmbito do ineditismo que sempre votei
às obras publicadas.
Consciente da aventura em que
aceitei tal convite, uma vez que já existem variadíssimas obras congéneres, por
autores consagrados, não deixou de me envolver naquele risco por que foi a
minha atividade durante quatro décadas.
Entre a narrativa ficcional e
a veracidade, remete para a realidade dos seguros deste a Antiguidade até ao
final do Século XVII, numa primeira parte; e depois dos anos 70 até aos nossos
dias, para a segunda parte.
O romance começa algures no
Norte, para os lados de Valbom-Gondomar, dará continuidade na Covilhã e Fundão,
Castelo Branco, Lisboa e Algarve.
E, agora fora do contexto da
obra a publicar, porque amigos que vou encontrando se me dirigem desejosos de
recordar facetas e acontecimentos do passado, não só da vivência dos lugares
como de factos ocorridos e que já poucos recordam, vou tentar aqui trazer
algumas reminiscências, sujeito a repetições de outras crónicas anteriores,
quer neste periódico quer noutros onde as tivesse publicado.
O gosto pela história e demais
eventos marcantes da sociedade portuguesa e do mundo, advém-me do tempo em que
meu Pai nos dava conhecimento, ainda em criança, de algumas notícias dos
jornais, geralmente da parte da manhã, de alguns acontecimentos vindos no Diário de Notícias ou n’ O Século, para já não falar nos extintos
Novidades, A Voz ou Diário da Manhã,
na Pousadinha, onde residíamos. Ainda ali não havia energia elétrica e,
consequentemente, a inexistência de uma telefonia. Também a televisão só viria
a nascer em Portugal em março de 1957, a preto e branco, de um só canal. Quem
não tinha televisor em casa (que era impossível na Pousadinha), e eram muitos,
ia para os cafés e outros locais públicos ver os programas da sua preferência.
A leitura dos jornais, atrás referida, teria sempre de acontecer antes da
entrada para a Biblioteca Municipal, na Covilhã, para onde ainda teria de
palmilhar uns quilómetros, seu local de trabalho. O transporte nas então
designadas camionetas da carreira, de José Nunes Correia & Filhos, Lda, não
podia ser quotidianamente utilizado, por razões dos fracos recursos económicos,
daqueles tempos salazaristas, mesmo pelos operários da indústria de lanifícios.
Era daqueles tempos em que esses autocarros tinham umas grades em cima do teto
para colocar os volumes maiores e, atrás, descia a grade de acesso, originando
que a garotada se agarrasse às mesmas quando o autocarro partia, aproveitando
uma breve boleia, breve porquanto o motorista logo que se apercebesse fazia
sair o cobrador para afugentar a rapaziada atrevida.
Teria eu os meus seis anos, o
segundo mais velho de um quinteto, todos nascidos na casa da Pousadinha, com o
apoio da improvisada parteira, senhora Lucinda, que sempre que necessário a iam
buscar à Fonte das Galinhas, na Covilhã. Mais tarde viríamos a formar um sexteto,
sem música para além de alguma berraria ou choro.
Durante parte da manhã ainda o
senhor professor Martins, como era conhecido por aquelas bandas, na nossa casa
da Pousadinha ensinava muitos dos alunos – rapazes e raparigas – já em altura
de terem que frequentar os Cursos da Campanha Nacional de Adultos.
Por ali residiam alguns
vizinhos, os mais conhecidos, Mário Eufrásio e a mulher, cujas filhas mais
velhas também assistiam às aulas do professor Martins.
Em 18 de abril de 1951 faleceu
o então Presidente da República marechal António Óscar de Fragoso Carmona – o
primeiro que eu conheci em fotos e retratos nas escolas, e nos jornais, com o
meu Pai a mostrar-me as imagens do funeral do presidente. Já a Rainha Isabel II
da Inglaterra, com o marido e os filhos, ainda pequenos – a Ana e o Carlos – recordo a sua vinda a Portugal, já não residia
na Pousadinha. A rainha Isabel II visitou Portugal cinco anos depois de ter
sido coroada. A RTP, recém-nascida, como atrás faço referência, realizou a sua
primeira grande cobertura noticiosa durante esse acontecimento, cuja visita
aconteceu entre 18 e 23 de fevereiro de 1957 e concentrou as atenções do país e
também do estrangeiro. Nessa altura era então Presidente da República o General
Francisco Higino Craveiro Lopes e Presidente do Conselho, António de Oliveira
Salazar. Gostava de ver na revista Flama e
nas capas dos jornais as fotos da vinda da rainha e família a Lisboa.
O Hino Nacional, que o
professor Martins (antes exercera esta atividade) também ensinava na escola aos
alunos tinha três estrofes, portanto, muito mais comprido. Só mais tarde, pelo
Diário do Governo de 4 de setembro de 1957 duas foram eliminadas, ficando então
o hino como o atual. Tenho em meu poder uma bandeira nacional desse tempo,
quando o Hino Nacional ainda tinha as estrofes seguintes:
Desfralda a invicta
Bandeira, Saudai o Sol que
desponta
À luz viva do teu céu!
Sobre um ridente porvir;
Brade a Europa à Terra
inteira:
Seja o eco de uma afronta
Portugal não pereceu
O sinal do ressurgir.
Beija o solo teu jucundo
Raios dessa aurora forte
O Oceano, a rugir d’amor,
São como beijos de mãe,
E o teu braço vencedor
Que nos guardam, nos sustêm,
Deu mundos novos ao
Mundo! Contra as injúrias da sorte.