15 de setembro de 2005

DOIS HISTÓRICOS DO FUTEBOL PORTUGUÊS

O Sporting da Covilhã (SCC) e o Sporting Olhanense (SCO) vão encontrar-se no complexo desportivo, no próximo Domingo, 11 de Setembro, para a disputa de um jogo oficial de futebol da Liga de Honra, onde militam as duas prestigiosas colectividades.
Espera-se que este encontro seja oportunidade para a vivência de um ambiente de amizade entre as duas cores e suas gentes, numa saudável disputa desportiva.
O SCO, fundado em 17 de Abril de 1912; e o SCC, fundado em 2 de Junho de 1923; tornaram-se as 4.ª e 8.ª filiais do Sporting Clube de Portugal, respectivamente.
A história entre os dois clubes, ambos salpicados de êxitos e crises, é também possuidora de gentes de garra que conseguiram ultrapassar as vicissitudes no seio dos seus emblemas. Mais uma página de estória, no próximo domingo, vai acontecer para a história das duas colectividades.
Foi há precisamente 43 anos que o SCC e o SCO se encontraram, pela última vez, para um Campeonato Nacional (I Divisão), no “Santos Pinto”, no ano de 1962, tendo os serranos vencido os algarvios por 2-0. Recordamos as equipas:
Sporting da Covilhã: Alves Pereira; Patiño, Cavém e Lourenço; Lanzinha e Carlos Alberto; Manteigueiro, Adriano, Adventino, Chacho e Amílcar. Olhanense: António Paulo; Rui, Luciano e Nunes; Madeira e Reina; Matias, Campos, Cardoso, Mateus e Armando.
O árbitro foi o conhecido internacional, Dr. Décio de Freitas, de Lisboa.
O SCC viu-se forçado a alinhar com alguns suplentes, caso do guarda-redes, em substituição de Rita, face aos castigos impostos a alguns atletas devido ao triste caso, celebrizado nos jornais, do Leixões-SCC. A corrupção na arbitragem já existia nesses tempos, tendo sido protagonista, em prejudicar os serranos, um juiz aveirense interessado na protecção do Beira-Mar.
Muito haveria a escrever sobre estas duas colectividades, pela importância das suas histórias, ou na simples memorização dos encontros disputados, no pormenor de coincidências nas suas atitudes, feitos, factos, gentes emblemáticas, mas o espaço de um jornal tem de ser respeitado, pelo que, possuindo os dois clubes as suas vidas e obras escritas em livro, aí poderão procurar interessantes fontes de informação.
Os jogos disputados entre o SCC e o SCO, no Campeonato Nacional da Primeira Divisão (1948/49; 1949/50; 1950/51 e 1961/62) redundaram num pendor para o Olhanense.
Para a Taça de Portugal (1960/61; 1974/75 e 1995/96) também o SCO lidera, com a eliminação de duas vezes o seu rival, contra uma. O SCC, na época de 1974/75, então a militar na 3ª. Divisão, eliminou o SCO, que se encontrava na 1ª. Divisão, onde actuava o antigo guarda-redes serrano, Arnaldo. Já antes, no final da época 1963/1964, o SCC vencera o SCO para os 3.º e 4.º lugares da Taça Ribeiro dos Reis.
O Sporting Olhanense foi Campeão de Portugal em 1923-1924; e, mais tarde, também da 2.ª Liga, 2.ª e 3.ª Divisões, Finalista da Taça de Portugal e 14 vezes Campeão do Algarve.
O Sporting da Covilhã teve também o seu palmarés invejável, sobejamente conhecido: mais de uma vez campeão da 2ª. Divisão, Finalista da Taça de Portugal, honrosos lugares na I Divisão (5.º e vários 6.ºs), vencedor da Taça “O Século”.
Se o SCO teve no avançado centro “Tamanqueiro”, no seu sucessor Grazina, ou no Mestre Cassiano, ou mesmo Abraão, as suas glórias das décadas de 20 e 30; o SCC não pode esquecer todos quantos já não são da memória dos mais novos: Pedro Costa, Mestre Zé, Cesário, Reynolds; para, na década de 40, Szabo, Craveiro, Franklim, José Pedro, entre outros, já fora do mundo dos vivos, serem pedras basilares das equipas serranas.
Depois, nas décadas seguintes, foi a passagem indelével de tantos como Simonyi, Suarez, Martin, Lanzinha, Manteigueiro, como baluartes da fortaleza serrana.
Mas entre ambas as colectividades houve atletas de craveira que representaram as duas turmas: Eminêncio, Fernando Cabrita, Francisco Palmeiro, José Rita, Robério, Victor Santos, Adventino, Arnaldo, Paulino.
Foi precisamente o internacional Fernando Cabrita, aquele cuja excelência das suas qualidades de atleta e treinador mais marcaram as duas colectividades. Continua a ser cartaz noticioso, sempre que a oportunidade o permite, nas páginas do órgão oficial do SCO – o quinzenário “O Olhanense”. É superiormente dirigido por Herculano Valente, sócio de mérito da colectividade olhanense, cujo órgão completou 42 anos em 15 de Maio passado, um ano depois do Olhanense se ter deslocado à Covilhã para um Campeonato Nacional, conforme já referimos.


(In “Notícias da Covilhã” e “Jornal do Fundão”, de 9/9/2005; “Diário XXI”, de 8/9/2005; e “O Olhanense”, de 15/09/2005)

Sem comentários: