Vamos falar nos obreiros do futebol serrano de outros tempos.
Todavia quero fazer uma rectificação de datas relativamente ao artigo que assinei no início de Fevereiro do ano em curso, sob o título “O Sobretudo de Eusébio”, a propósito da sua vinda à Covilhã, onde rapou frio, tendo sido socorrido pelo seu companheiro e amigo, Mário Coluna. Referi então que foi no seu primeiro e único jogo que efectuou na Covilhã, realizado no dia 18/02/1962, encontro que os serranos viriam a ganhar.
Face à leitura de muitos leitores e, por observação atenta do covilhanense amigo João José Gomes Campos, a quem agradeço, radicado na Figueira da Foz, a situação surgida na Covilhã com o Eusébio foi no ano anterior, ou seja, mais exactamente na época 1960/61, em que ele, para fugir ao assédio do SCP, acompanhou o jogo que o seu novel clube – SLB – veio disputar à Covilhã, mas das bancadas do velho Estádio Santos Pinto, então pelado.
Mas Mário Coluna, que viria a ser um grande internacional e capitão das selecções portuguesas, e ao serviço do Benfica, por incrível que pareça nos dias de hoje, esteve nas possibilidades de negociação para integrar o emblema do SCC.
Esta pesquisa, e outras que a seguir vou registar, são dum trabalho do entusiasta investigador dos atletas dos Leões da Serra e coordenador do blogue “Equipas da História do SCC”, Miguel Saraiva, com o qual fico muito satisfeito por dar continuidade à história do clube serrano. Com ele me desloquei a contactar velhas glórias, nomeadamente o Couceiro, em Gouveia, conversamos frequentemente sobre várias delas, e trazemos a lume outras que, muita vez, se encontram no esquecimento.
O ex-atleta do SCC, da antiga primeira divisão – Jorge Nicolau – certo dia já me havia falado de que contactara a direcção do SCC, a fim de que Mário Coluna, moçambicano como ele, pudesse ser uma das hipóteses de também poder vestir a camisola dos Leões da Serra, só que sempre pensei que estivesse equivocado. No entanto, na acta da Direcção do SCC, de 09/12/1962, em que estiveram presentes os directores José Silvestre Ribeiro, José Lopes dos Santos Pinto, Manuel Rogério Mesquita Nunes, Alexandrino Fernandes Nogueira e Ernesto Cruz, tendo faltado alguns elementos da mesma, nomeadamente o presidente, Dr. António Gomes de Oliveira, encontra-se o seguinte registo: “(…) Seguidamente, foi posta em questão a vinda de um novo jogador de Lourenço Marques, de nome Coluna, que havia sido indicado pelo atleta Jorge Nicolau, tendo-se resolvido que se lhe pedissem as condições a fim de serem devidamente estudadas(…)”.
No entanto, três anos antes, outro atleta e velha glória do Sporting da Covilhã, o covilhanense Francisco Pinto Manteigueiro, actualmente radicado em Elvas, era objecto duma proposta do Sporting Clube de Portugal, conforme consta da acta da Direcção de 18 de Agosto de 1959, sob a presidência de Ernesto Cruz e presença dos directores José Silvestre Ribeiro, Óscar Monteiro, José Vicente, Eng.º Manuel Teles Monteiro, Silvestre Aires Bouhon Neves e José Lopes dos Santos Pinto, a saber: “(…) Presente uma proposta do Sporting Clube de Portugal sobre a transferência do Manteigueiro, oferecendo em troca deste jogador, dois dos cinco jogadores que se indicam – Costa – Tomé II – Figueiredo – Graça – Raimundo, e mais 30.000$00 (trinta mil escudos). Não foi considerada esta proposta”.
Caído agora o Clube na II Divisão (correspondente à Divisão de Honra actual), encontrávamo-nos na época 1963/64, e a Direcção, reunida em 3 de Abril de 1964, ratificou o contrato verbal com o treinador Oscar Telecheia o qual passou a orientar a equipa serrana.
“ (…) Foi também deliberado desobrigar o atleta júnior, Vítor Manuel Gomes Campos, a partir do termo da época 1963/64, ficando no entanto este clube com o direito de opção quanto a proposta de contrato que, no futuro, aquele atleta vier a ter de qualquer outro clube”.
E, por último, a Direcção do SCC, reunida em 15/04/1964, diligenciava no sentido “da massa associativa do clube se deslocar no maior número possível a Braga (último jogo do campeonato) onde se decidirá o título de campeão da Zona Norte”. Infelizmente, o SCC sairia vencido de Braga e os objectivos não eram cumpridos. Recordo que era guarda-redes o Arnaldo, que substituíra o Rita, que fora contratado pelo Benfica. Naquele jogo, em Braga, Arnaldo sairia lesionado, tendo sido substituído pelo suplente Rodrigues.
Quanto ao Rita, acabaria por terminar a sua carreira, partindo para o Brasil, onde viria a falecer no dia 22 de Outubro de 2001, então com 69 anos. Também o seu companheiro das lides futebolísticas na turma serrana, Aníbal Tacanho Saraiva, que esteve como suplente na final da Taça de Portugal, no Jamor, entre o SCC e o Benfica, em 2 de Junho de 1957, faleceu há poucos dias, ficando cada vez mais reduzido o número dos vivos dos grandes feitos d’outrora.
Sem comentários:
Enviar um comentário