21 de julho de 2011

FUTEBOL – ENTRE UM SAUDÁVEL ENTRETENIMENTO E A LOUCURA

É, de facto, o desporto-rei que galvaniza o entusiasmo de gentes absorvidas nas preocupações do dia-a-dia; produz um certo bálsamo para algumas “dores de cabeça” laborais ou de outra índole; gera uma avidez pelos encontros entre grupos vizinhos; ou entre um norte-sul.

Numa situação mais lata, pelas cores incutidas no sangue pelos seus progenitores, ou no sentimento absorvido por várias situações que se traduzem numa paixão.

O entusiasmo que movimenta o amor pelo nome de uma Terra, de uma zona, avoluma-se por vezes até ao cúmulo de guerras entre terras vizinhas, numa rivalidade exacerbada.

Movimentam-se “milhões”, e os “feet” (singular, “foot”), donde deriva o próprio futebol, integram os membros inferiores do corpo, de ouro, e mesmo de diamante para um crescente de craques

Estamos na pré-época, altura das sensações pelos nomes sonantes dos homens que à partida prometem os grandes sucessos, de que a redondinha vai entrar muitas vezes nas balizas do adversário,

E, atrás destas esperanças, movimentam-se resmas do metal a reluzir para números astronómicos, com “cláusulas de rescisão” cada vez maiores, numa loucura sem precedentes.

De facto, o mundo do futebol leva atrás de si as possibilidades de também se conhecer melhor uma região, de dinamizar o seu comércio e turismo, mas não se pode conceber que no mundo da bola haja uma discrepância tão grande, um fosso enorme entre esta loucura dos números, que já atinge treinadores e seus ajudantes, e o pão ou o arroz que falta a milhões de seres humanos que nem força têm nos seus pés.

Para quando um tecto máximo salarial para os craques da bola? Em vez do salário equivalente ao do custo de um Boeing ou de um submarino, como alguns auferem, porque não só o equivalente a uma viatura de gama alta, que já é mais que suficiente?

Passemos à nossa Região, também fortemente afectada pelas graves crises que grassam pelo nosso País, e toda a Europa e Mundo.

Apesar de tudo, também existe um entusiasmo pelos clubes das Terras, não só os mais representativos. Ganharam-se títulos e, alguns, feitas as contas e as análises, não se quiseram meter em loucuras e não se inscrevem nas provas que, entretanto, com toda a justiça venceram.

Na Covilhã, o Sporting Clube da Covilhã (SCC) e a Associação Desportiva da Estação (ADE) movimentaram entusiasmos, frenesim, apreensões e, nalguns casos, alívios in-extremis, o que é bem sintomático duma cidade que, apesar de tudo, está em movimento.

Se atentarmos à forma como a ADE proporcionou um entusiasmo pelo seu futebol jovem que, em três dias, proporcionou a presença de mais de 400 jovens e mais de 3.000 visitantes, é obra assinalável para os anais da sua história, com a promessa de responsáveis nacionais de que vai ser um dos grandes na formação.

Também o SCC teve o seu futebol jovem com um torneio de futsal onde estiveram presentes 18 equipas, cujo entusiasmo não se dissipou.

Temos assim a Covilhã com dois dos seus mais honrosos representantes, sendo o SCC um dos históricos portugueses.

As páginas da sua verdadeira história, sempre na necessidade de uma actualização, estão expressas em quatro obras diferentes, publicadas pelo mesmo autor, o que significa que é o clube português que se situa, a para do Belenenses, em 4.º lugar no País, com obras escritas, registando as várias estórias da sua história.

Lamentavelmente, tem havido, de quando em vez, uma tentadora forma de apresentar alguns textos plagiados, como recentemente o autor verificou na Internet, e que o prevaricador se viu forçado a eliminar do seu blogue, para evitar males maiores.

Depois, o mesmo autor, curva-se sobre a memória do grande “Homem-enciclopédia”, falecido em Dezembro passado, que muito contribuiu para enriquecer as páginas das referidas obras do SCC, com a sua colaboração com dado inéditos – o antigo jornalista e escritor desportivo Henrique Rodrigues Parreirão, que residia na Costa da Caparica, tendo deixado a sua importantíssima biblioteca ao jornal donde era oriundo – Record.

(In Notícias da Covilhã, de 21.07.2011)

13 de julho de 2011

QUE SE LIXE O LIXO

Acabaram ainda há pouco tempo as festas dos santos populares, com a participação de muitos covilhanenses nos vários eventos pela cidade distribuídos.

Num desses dias, como noutros mais, no jardim público, num aprazível ambiente em que até os “santos dançam”, na expressão do dinâmico professor Eduardo Cavaco – uma alma das festas populares da Covilhã –, batiam as badaladas anunciando as 23 horas, no sino da igreja de S. Francisco, quando o professor, depois de tangos e de valsas, sorteava o loto. E, entre sardinhas, bifanas, cervejas e tintol, nem se pensava na lixeira que por aí nos vinham trazer à porta.

Entre farturas de falhadas esperanças, adocicadas numa fritura já desesperante, e depois de alguns momentos de expectativa numa outra forma de conduzir o autocarro político nacional, surge o “murro no estômago” do novo primeiro-ministro português.

E, neste lixar dos portugueses, vem a agência de rating – Moody’s – anunciar a revisão em baixa da notação de risco atribuída aos títulos emitidos pela República Portuguesa, para o nada edificante nível de lixo.

Chega-se à conclusão que as agências de rating americanas dizem o que interessa aos americanos, se atentarmos que o nascimento da crise actual teve como consequência o facto da falência do senhor Madoff, imediatamente seguida da falência do enormíssimo banco americano Lehman & Brothers.

E é a fragilidade de vários países europeus que origina um frenesi nas agências de rating.   

Se não é o interesse americano, onde é que está a credibilidade da Moody,s, ao direccionar-nos para o lixanço, quando atribuiu uma nota de excelência ao citado banco, que, passado pouco tempo, entrou em falência; assim como idêntica atribuição à Islândia, que, paradoxalmente, entrou na bancarrota?

E, nesta lixadela, (que isto de lixa não usamos para polir o País) vale mais mandá-los às malvas, ou, mais propriamente, para o rating que os parta!

Ou há moralidade, ou comem todos, como soe dizer-se.

Lixo?!

Os europeus não são parvos. Mas é preciso que sejam mais atentos e atrevidos, formando as suas agências de rating, para competir e/ou enfrentar as americanas.

E foram os europeus que, fartos de calor, criaram o bikini há 65 anos, tendo a bailarina Micheline Bernardini vestido o primeiro bikini da história, numa apresentação, em Paris, que deu brado, no dia 4 de Julho de 1946, pouco mais de três mesas após me terem cortado o cordão umbilical.

Esta novidade bombástica, inspirada no Atol de Bikini, uma ilha do Pacífico onde foram feitos testes nucleares, veio deitar para o verdadeiro lixo muitos dos anteriores fatos de banho femininos.

E é também em plena época estival que, volvidos 65 anos deste evento, vem uma agência de rating do Pacífico, e também do Atlântico, deixar-nos lixados com a sua “oferta” de nível de lixo, pelo que apetece dizer: “Que se lixem!”, ou mesmo, “Ide-vos lixar!”.

E, assim sendo, termino como comecei.

Foi interessante ver, pela primeira vez, o excelente aproveitamento das Escadas do Raimundo e do Largo de Infantaria XXI, para uma noite de fados, com comes e bebes… Estão de parabéns os organizadores e compete à Câmara Municipal agarrar esta excelente ideia para os próximos anos, se não nos mandarem para o lixo.

E o meu amigo professor Eduardo Cavaco, também para terminar, vi-o neste último sábado, 9 de Julho, no programa da RTP, “Prove Portugal”, com a apresentação de Carlos Alberto Moniz e a bonita e simpática Ana Galvão (mesmo sem bikini…), verdadeiramente entusiasmado a defender a gastronomia covilhanense e da Beira Baixa, representando a Confraria da Pastinaca (Cherovia) e Pastel de Molho.


(In Notícias da Covilhã, de 13.07.2011)