Este
substantivo teve sempre incidência na vida dos humano s,
nas várias vertentes desta palavra.
Vou
reportar-me só ao que está em voga, ou seja, a prova que teve por objetivo
testar conhecimentos ou apt idões e,
neste contexto, ao frenesi com que os putos de hoje se viram envolvidos no s exames do 4º. Ano ,
a antiga 4.ª classe.
Não
defendendo aqui a posição, quer dos pais quer dos professores, que veio a lume
na comunicação social, tão-só me parece estranha a não preparação da disposição
das crianças para um ato na vida de cada uma, não existindo motivos aparentes
para as mesmas se enervarem, chorarem ou ficarem com indisposições estomacais,
conforme foi contado.
Tratou-se
duma prova de aferição, com a designação de exame, valendo apenas uma
percentagem da no ta final, em
Português e em Matemática.
Na
década de cinquenta do século passado, da minha era, os exames, esses começavam
logo na 3.ª classe, hoje 3.º ano , e,
ou se ficava aprovado, ou reprovado. E, que me recorde, não havia os
burburinhos que se ouviram este ano ,
no retomar dos exames de outrora,
então numa altura de mais dificuldades genéricas que no s
dias de hoje. Os apoios estatais contavam-se pelos dedos. No ano seguinte era o exame da 4.ª classe, hoje 4.º ano , e, no
óbvio, a existência de algum nervosismo passageiro, como também a ansiedade,
estados que se iam dissipando com o decorrer dos exames.
Eram
feitos na principal escola da sede do Concelho, que, ao tempo, na Covilhã, era
a já desaparecida “Escola Central”, onde se encontrava a Direção Escolar.
Era
um mundo de pequenada, quase todos de fato no vo,
ou muito bem arranjados, como se fossem para uma festa. E, para a escrita, uma
caneta de tinta permanente e não uma qualquer esferográfica.
Sorrisos
entre os colegas, na maioria acompanhados pelos pais e professores, vindo
muitos das freguesias rurais, algumas bastante distantes da sede concelho, como
Cebola (hoje São Jorge da Beira) e Sobral de Casegas (hoje Sobral de S. Miguel) , para, mais perto se situarem Unhais
da Serra, Paul e Tortosendo, pela zona sul; ou Verdelhos, Sarzedo ou Vale
Formoso, e, mais perto, Orjais, Teixoso, pela zona no rte.
Duravam
vários dias, já que eram centenas de aluno s
de todo o concelho. Havia a prova escrita, baseada em toda a matéria dada ao
longo do ano e não só de português e
de matemática (aritmética e geometria como se designava), incluindo desenho à
vista (geralmente era o de uma bilha de barro), ciências, redação, e um ditado,
cujos erros podiam fazer reprovar; e, depois, num outro dia a designar, a prova
oral, sobre português, história, geografia e ciências, como também aritmética e
geometria.
Os
exames de admissão para acesso ao ensino
liceal ou técnico (para quem desejasse prosseguir), eram efetuados no Liceu ou na Escola Técnica, pelos professores do
secundário onde, por vezes, porque mais evoluídos que do ensino primário, hoje designado básico, viriam a surgir
perguntas e provas que dificultavam eno rmemente
os aluno s. Aqui, sim, era o
fervilhar de emoções, entre o passar no
exame ou “apanhar uma raposa”. Eram, ao tempo, tema obrigatório de conversa por
todo o lado, e índice revelador de mobilização da opinião pública com os
jornais diários a dedicarem-lhe a publicação dos textos dos pontos escritos e
das respetivas soluções.
Depois,
no final do Ciclo Preparatório, no vamente outro exame e, se seguida, até conclusão
dos cursos, conforme os mesmos, eram os exames (de prova escrita e oral), a
cada uma das muitas disciplinas, com grande importância o Português, Francês e
Inglês. Terminava com o Exame de Apt idão
Profissional para os Cursos Comerciais.
Nessa altura ainda não tinham
nascido as calculadoras pelo que a tabuada tinha que estar muito bem sabida.
Também ainda não tinha
surgido o choque tecno lógico da
televisão, que iniciou para quase todo o País, a preto e branco, em março de
1957. Os aparelhos eram caros e nem todos tinham possibilidades de os adquirir.
E a Internet estava a léguas de distância no
tempo, nem sequer se sabia o que era. Não havia a agitação extra na altura dos
exames com greves anunciadas. E os tempos não eram de fartura mas de míngua.
Não havia Tratados de Bolonha, mas “tratados” os estudos como devia ser.
Com tanta falta de meios tecno lógicos, meios esses que hoje existem e são do
acesso a todos os jovens, aprendia-se, e o saber não era uma miragem. Hoje, que
havemos de dizer com o que se deteta no
no sso País, com provas, exames e
licenciaturas a concluírem-se aos domingos, e num só ano ,
para uns quantos, bafejo de amigos, escumalha de chico-espertos? A resposta é
tão simples como aquele ato indecoroso que se chama vergonha.
(In "Notícias da Covilhã", de 12.06.2013)
1 comentário:
Mais uma vez,os meus parabens pelo artigo inserido no seu blog e,que traduz a nossa vivência escolar,de então e,sem resmunguices,como agora se presencia.Som um apêndice:os cursos industriais como o meu "Curso de Formação Tecnico de Tecelagem",tambem tinham exame de aptidão profissional,feito um ano depois do término das aulas e,depois de um estagio pratico numa qualquer Empresa Textil.Abraço.Jorge.
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