UF! Tem estado um frio de rachar! Nuns dias de chuva e
vento, foi um autêntico barbeiro. Guarda-chuvas deixados pelas ruas fora.
Passos apressados para casa, neste frio para burro.
E assim vamos indo com as notícias que nos chegam no dia-a-dia:
já pouco surpreendentes, chatas, repetitivas, pouco consoladoras. Umas, do
Syriza e o seu “cavalo de Tróia”; outras, socráticas eborenses; ou ainda da
russofilia ou da barbárie jihadista, sejam lá do Estado Islâmico, Al-Qaeda ou
Boko Haram, tudo metido no mesmo saco, podendo dar origem a uma islamofobia.
E, no preenchimento do espaço de comunicação social, quantas
vezes a mesma notícia, com o José Rodrigues dos Santos dando-lhe ênfase como se
fosse produzida no momento, já transmitida na véspera, à mesma hora.
Que, cá nisto de cultura, basta falar na Prova de Avaliação
de Conhecimento e Capacidades dos professores, onde os “erros ortográficos ou de sintaxe são dificilmente aceitáveis num
professor”, segundo admite Paulo Guinote. Ou então a falta de controlo do
ensino em colégios privados com a atribuição de notas, aos alunos, indevidamente
altas. Isto faz lembrar as célebres “Novas Oportunidades” com casos de
atribuição de diplomas do 9º e 12º ano a alunos sem saberem patavina, num
ápice, conseguindo as novas “aptidões” em menos de seis meses. E esta, heim!…
Recordaram-se algumas efemérides, como não podia deixar de
ser, entre outras, os 50 anos da morte de Churchill, e os 70 anos da libertação
de Auschwitz, nome que é um símbolo do maior crime cometido contra a
humanidade, isto já em janeiro.
E, quanto a desporto, o nosso maior Ronaldo merece, de
facto, grande destaque no seu reinado futebolístico.
Sou entretanto do contra no que concerne ao Figo na liderança
da FIFA. Estou de acordo com a opinião do jornalista João Miguel Tavares, do
Público, quando “Nós não podemos
continuar a viver num país onde as pessoas são apanhadas em manobras de ética
altamente duvidosa e fingimos que nada aconteceu”. O facto de ter sido um
futebolista admirável, cheio de talento, e também rei do futebol, antes de
Ronaldo, esteve longe de ser acompanhado por uma postura fora do campo acima de
quaisquer suspeitas. Os problemas começaram logo no início da carreira ao
assinar contratos, em simultâneo, com o Parma e a Juventus, punidos pela UEFA;
foi muito mal explicado o seu envolvimento no caso Taguspark, num acordo
milionário; depois, o apoio à candidatura de José Sócrates, mal explicada e não
convincente. Por isso, não pode Figo criticar a atuação dos dirigentes atuais
da FIFA.
E, em tempo de inverno, as notícias quentes vieram primeiro
do desmemoriado Aníbal, o qual já nos habituou às suas petas. Então, Senhor Presidente,
eu fui um dos que ouviu vossemecê dizer, nos canais de televisão, que no Banco
Espírito Santo tudo corria no melhor dos mundos, e vem depois botar palavra,
enervado, negando aquilo que está gravado, por mor de enganar o Zé? Toma!
E, com tal força o Zé fez o seu manguito, que, na Assembleia
da República, Paulo Macedo se viu na obrigação de lhe fornecer o medicamento
inovador, e a todos os doentes com hepatite C, deixando assim de estar na fila
para morrer.
E, se algum bálsamo pudesse vir agora do Palácio de São
Bento, reflexo dos acontecimentos na Grécia, para amenizar as dificuldades do
bom povo português, pelo sofrimento com os ventos cortantes nos salários,
pensões e aumento do custo de vida, vem, Passos Coelho, o filósofo moral, com o
seu “Conto de Crianças”, referindo o faltar aos compromissos dos gregos,
quando, afinal, o faltar a compromissos é do que o Primeiro-Ministro português
menos pode falar. Mas não ficamos por aqui, e, depois de chutarem para a
estranja os jovens cérebros desta portugalidade, surgem, num balde de água fria,
as palavras do Ministro Marques Guedes, recorrendo à fábula: “A diferença entre
a Grécia e Portugal lembra a história da cigarra e da formiga”.
Enfim, como se fossem o primeiro-ministro dos resultados
fantásticos e o ministro Pires de Lima do sucesso económico.
Isto faz lembrar o fado cantado por Amália, da formiguinha,
letra de Alexandre O’Neill: “Minuciosa formiga não tem que se lhe diga: leva a
sua palhinha asinha, asinha. Assim deveria eu ser e não esta cigarra que se põe
a cantar e me deita a perder. Assim deveria eu ser: de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho e ao tostão. Assim deveria eu ser se não fora não
querer”.
(In "Notícias da Covilhã", de 12-02-2015)