11 de fevereiro de 2015

NESTE TEMPO DE INVERNO

UF! Tem estado um frio de rachar! Nuns dias de chuva e vento, foi um autêntico barbeiro. Guarda-chuvas deixados pelas ruas fora. Passos apressados para casa, neste frio para burro.
E assim vamos indo com as notícias que nos chegam no dia-a-dia: já pouco surpreendentes, chatas, repetitivas, pouco consoladoras. Umas, do Syriza e o seu “cavalo de Tróia”; outras, socráticas eborenses; ou ainda da russofilia ou da barbárie jihadista, sejam lá do Estado Islâmico, Al-Qaeda ou Boko Haram, tudo metido no mesmo saco, podendo dar origem a uma islamofobia.
E, no preenchimento do espaço de comunicação social, quantas vezes a mesma notícia, com o José Rodrigues dos Santos dando-lhe ênfase como se fosse produzida no momento, já transmitida na véspera, à mesma hora.
Que, cá nisto de cultura, basta falar na Prova de Avaliação de Conhecimento e Capacidades dos professores, onde os “erros ortográficos ou de sintaxe são dificilmente aceitáveis num professor”, segundo admite Paulo Guinote. Ou então a falta de controlo do ensino em colégios privados com a atribuição de notas, aos alunos, indevidamente altas. Isto faz lembrar as célebres “Novas Oportunidades” com casos de atribuição de diplomas do 9º e 12º ano a alunos sem saberem patavina, num ápice, conseguindo as novas “aptidões” em menos de seis meses. E esta, heim!…
Recordaram-se algumas efemérides, como não podia deixar de ser, entre outras, os 50 anos da morte de Churchill, e os 70 anos da libertação de Auschwitz, nome que é um símbolo do maior crime cometido contra a humanidade, isto já em janeiro.
E, quanto a desporto, o nosso maior Ronaldo merece, de facto, grande destaque no seu reinado futebolístico.
Sou entretanto do contra no que concerne ao Figo na liderança da FIFA. Estou de acordo com a opinião do jornalista João Miguel Tavares, do Público, quando “Nós não podemos continuar a viver num país onde as pessoas são apanhadas em manobras de ética altamente duvidosa e fingimos que nada aconteceu”. O facto de ter sido um futebolista admirável, cheio de talento, e também rei do futebol, antes de Ronaldo, esteve longe de ser acompanhado por uma postura fora do campo acima de quaisquer suspeitas. Os problemas começaram logo no início da carreira ao assinar contratos, em simultâneo, com o Parma e a Juventus, punidos pela UEFA; foi muito mal explicado o seu envolvimento no caso Taguspark, num acordo milionário; depois, o apoio à candidatura de José Sócrates, mal explicada e não convincente. Por isso, não pode Figo criticar a atuação dos dirigentes atuais da FIFA.
E, em tempo de inverno, as notícias quentes vieram primeiro do desmemoriado Aníbal, o qual já nos habituou às suas petas. Então, Senhor Presidente, eu fui um dos que ouviu vossemecê dizer, nos canais de televisão, que no Banco Espírito Santo tudo corria no melhor dos mundos, e vem depois botar palavra, enervado, negando aquilo que está gravado, por mor de enganar o Zé? Toma!
E, com tal força o Zé fez o seu manguito, que, na Assembleia da República, Paulo Macedo se viu na obrigação de lhe fornecer o medicamento inovador, e a todos os doentes com hepatite C, deixando assim de estar na fila para morrer.
E, se algum bálsamo pudesse vir agora do Palácio de São Bento, reflexo dos acontecimentos na Grécia, para amenizar as dificuldades do bom povo português, pelo sofrimento com os ventos cortantes nos salários, pensões e aumento do custo de vida, vem, Passos Coelho, o filósofo moral, com o seu “Conto de Crianças”, referindo o faltar aos compromissos dos gregos, quando, afinal, o faltar a compromissos é do que o Primeiro-Ministro português menos pode falar. Mas não ficamos por aqui, e, depois de chutarem para a estranja os jovens cérebros desta portugalidade, surgem, num balde de água fria, as palavras do Ministro Marques Guedes, recorrendo à fábula: “A diferença entre a Grécia e Portugal lembra a história da cigarra e da formiga”.
Enfim, como se fossem o primeiro-ministro dos resultados fantásticos e o ministro Pires de Lima do sucesso económico.   

Isto faz lembrar o fado cantado por Amália, da formiguinha, letra de Alexandre O’Neill: “Minuciosa formiga não tem que se lhe diga: leva a sua palhinha asinha, asinha. Assim deveria eu ser e não esta cigarra que se põe a cantar e me deita a perder. Assim deveria eu ser: de patinhas no chão, formiguinha ao trabalho e ao tostão. Assim deveria eu ser se não fora não querer”.

(In "Notícias da Covilhã", de 12-02-2015)

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