Estou a escrever, com muito prazer, na Liberty em Acção, na minha qualidade de ex-mediador de seguros, ocupação
que terminei para me dedicar a outras causas. Mas continuo atento à atividade
seguradora, e, qual frenesi, ainda emerge nas minhas veias o bichinho dum
ofício onde me realizei.
A mediação de seguros é um exercício profissional de grande
trabalho mas aliciante. E quem é que não gosta de ver da parte do Cliente o
reconhecimento dos bons serviços prestados pela pessoa em quem confiou os seus
contratos de seguro?
Corria o ano da graça de dois mil e quatro, a dois de julho,
a meio da manhã daquela 6.ª feira que fez acelerar um pedido do serviço de
peritagem, pelo setor de sinistros de incêndio da Liberty. Nesse dia, fora do
que era habitual, liguei um pequeno rádio para ouvir notícias, enquanto
trabalhava no computador. E as mesmas fizeram-me logo sobressaltar: “Para Caria já se deslocam os Bombeiros da
Covilhã, onde já se encontram os de Belmonte, para acudirem ao incêndio que
lavra na fábrica de confeções!”
- Fábrica de
confeções? Só lá há uma e é minha cliente! Tento entrar em contacto
telefónico com alguém responsável pela empresa, desde a administração a alguns
funcionários e, nada!
- Ninguém responde!
Para não perder tempo, redigi um fax, apressado, para a
Seguradora, dando conta aos Sinistros da Liberty o que estava a ouvir,
presumindo fosse uma empresa ali segurada. Entretanto, pedi à solícita
responsável pelos Sinistros – Dr.ª Olga Lucena –, para que diligenciasse a
urgência da deslocação duma peritagem para um incêndio industrial, urgência
agravada por se tratar dum fim-de-semana.
Enquanto se desenvolveram, num ápice, as ações para a
deslocação da peritagem, no trabalho de excelência dos Sinistros da Liberty,
peritos que se deslocaram de Lisboa, a uma 6.ª feira, em final da manhã,
começaram-me a chegar vários telefonemas, entre os quais do administrador da
empresa, para que diligenciasse as ações que então já estavam a decorrer. E o “Venha cá, rápido! Venha cá!” levou-me
a acalmar os ânimos dos donos da empresa, informando-os de que tudo se estava a
desenvolver para, nesse dia, a uma 6.ª feira, da parte da tarde, se deslocar a
ansiosa peritagem.
E foi motivado pelo trabalho de mestria da Dr.ª Olga Lucena,
ela, nesse dia, uma autêntica “Comandante
dos Bombeiros” que se proporcionou que, concluída a peritagem inicial,
pudesse o pessoal da fábrica de confeções começar a retirar os escombros
deixados pela explosão de uma caldeira que ainda ocasionou que uma trabalhadora
tivesse que ser transportada de urgência para os hospitais de Coimbra.
Desloquei-me para o local do sinistro, falei e acalmei os proprietários da
empresa, assisti à azáfama de retirada dos escombros da parte afetada para que ainda
pudessem laborar na semana seguinte.
Entretanto, fora o lamento da inesperada ocorrência, o tempo
passou.
Os semanários da região, entretanto, davam a notícia, e, num
outro local, surgia um agradecimento da empresa sinistrada, aos bombeiros, aos
senhores engenheiros de um outra unidade industrial que ali se deslocaram para
ajudar, e agradecimentos a outras pessoas e entidades.
Ao mediador de seguros, nada! Esquecimento injusto, mais
tarde reconhecido por alguns É que, se não fossem as suas diligências rápidas e
a eficiência do trabalho dos Sinistros de Incêndio da Liberty, já referido, as
tarefas, que tanto desejavam, de retirada dos escombros e poderem começar a trabalhar,
ainda que limitados, não teria acontecido, e, certamente, teriam de aguardar pela
semana seguinte.
A empresa, entretanto, já
se encontra encerrada.
(In Revista "Liberty em acção", n.º 40, de maio de 2015)
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