Ao longo do ano são várias as instituições que unem os seus
membros, num sentido solidário, procurando minimizar as depauperadas algibeiras
de muitos que se vêm constrangidos, nos tempos que correm, nos caminhos da
míngua do que mais é indispensável para a sua sobrevivência e de seus
familiares. E, então, é hábito os peditórios junto das grandes superfícies, por
essas instituições: Banco Alimentar Contra a Fome, Cruz Vermelha, Santa Casa da
Misericórdia, como exemplo. De âmbito nacional conhecem-se as recolhas do Banco
Alimentar, numa ação altamente profícua, cujos géneros alimentares recolhidos
são depois distribuídos por várias instituições parceiras, onde se inserem as
Conferências de S. Vicente de Paulo, e alguns Centros e Lares da Região, que é
vasta.
As Conferências de S. Vicente de Paulo, que geralmente não
as vemos nesse âmbito de recolha de alimentos, pelas grandes superfícies, têm a
seu cargo uma enormidade de carentes, a quem procura satisfazer, dentro das
possibilidades de cada organização, nos vários aspetos das necessidades
daqueles, que vão, para além dos géneros alimentares para colmatar algumas
lacunas dos bens mais necessários, também na parte da saúde, através de ajuda
nos medicamentos ou viagens para os locais de tratamento fora da cidade, a luz,
água, gás, renda da casa, e sei lá que mais. Mas, dentro do espírito que
envolve a Caridade, o mais importante é, tantas e tantas vezes, aquela palavra
de conforto que se leva aos semblantes carregados, daquela gente ávida de
enormes desabafos, no seio da sua solidão.
Nesta envolvência de ajuda conscienciosa ao próximo,
procuram os membros das Conferências analisar cada caso para que se evitem
abusos, através das normais fontes de informação, a solicitar aos necessitados,
e sempre sob anonimato.
Isto não invalida que muitas vezes são as Conferências
confrontadas com condutas impróprias de quem necessita, ocultando rendimentos
ou ajudas que entretanto já recebem de outras instituições, que nem sempre é
possível em cruzamento de dados.
Foi assim sugerido, em determinada altura, que as mesmas
instituições que regularmente distribuem géneros alimentares, fornecessem as
listas de quem ajudam, a fim de que não houvesse as mesmas pessoas a receberam
de várias instituições ao mesmo tempo, em detrimento de outras a quem tem que
se reduzir, ou não entregar, a dose de géneros que iriam melhorar a sua
escassez de recursos.
É que, uma coisa é ter necessidade, outra coisa é dar jeito…
Vem isto a propósito de alguns reparos que ouvimos por esta
cidade. Também estranhamos porque é que há tanta relutância em prestar
informações que viriam a evitar os já referidos abusos.
No dia 5 de julho realizou-se o Convívio Vicentino, no
Seminário do Tortosendo, desta vez a cargo da Conferência de S. José, do
Canhoso, onde estiveram presentes, para além dos representantes do Conselho de
Zona da Covilhã, o Rev.º Padre Henrique Rios, cerca de quatro dezenas de
vicentinos das várias Conferências da Cidade da Covilhã e Tortosendo, e também
o Presidente do Conselho Superior, Correia Saraiva, que é a entidade máxima das
Conferências em Portugal. Esta Conferência do Canhoso comemorou também o seu
10º aniversário.
A Sociedade de S. Vicente de Paulo foi fundada pelo francês
António Frederico Ozanam, e seus companheiros, em 1833, em Paris, com o nome de
Conferência da Caridade. Em 4 de fevereiro de 1834 passou a dedignar-se
Sociedade de São Vicente de Paulo.
Numa altura difícil, da vida em França, com guerras
existentes, e, depois, pelo mundo fora, a Sociedade de S. Vicente de Paulo tem
uma história rica, em toda a sua forma de ajudar os que mais necessitam e
dentro do espírito da Caridade.
Muito do que gostaria de escrever não cabe neste espaço, mas
dentro dos muitos países por onde se irradiou, gerando milhares de Conferências
Vicentinas, chegou também a Portugal, embora tardiamente, no ano 1859, tendo,
curiosamente, entrado na Grécia e na Alemanha, em 1846; em Espanha, em 1850; em
Inglaterra e Irlanda em 1844; e em Itália, em 1842.
Na Diocese da Guarda viria a ser fundada a 1.ª Conferência
Vicentina – Conferência de S. Luís Gonzaga – em 01/12/1891, mas só agregada em
1909. Mas seria a Covilhã, e continua a ser, o grande baluarte das Conferências
Vicentinas da Diocese da Guarda, quatro delas já centenárias: Santa Maria Maior
(inicialmente com a denominação de Nossa Senhora de Lourdes), fundada em 12/11/1899
(agregada em 18/12/1899); Nossa Senhora da Conceição, fundada em 19/03/1903
(agregada em 20/02/1905); S. Pedro, fundada em 29/06/1905 (agregada em 19/03/1906);
S. Martinho, fundada em 19/02/1911 (agregada em 22/05/1911).
Depois, no âmbito do Conselho de Zona da Covilhã (antiga
designação de Conselho Particular), fundado em 03/12/1910, existem ainda as
seguintes Conferências: Tortosendo, fundada em 04/05/1924 (agregada em
29/09/1924); Alpedrinha, fundada em 26/11/1925 (agregada em 11/04/1927); S.
José – Bairro dos Penedos Altos, fundada em 08/04/1951 (agregada em
27/05/1957); Imaculada Conceição de Maria – Fundão, fundada em 04/07/1949
(agregada em 14/05/1964).
Muitas outras Conferências existiram na Covilhã, diversas
freguesias do seu Concelho e na região beirã, que, entretanto, estão
desativadas.
De recordar que as Conferências da Cidade Covilhanense para
além de prestarem vários auxílios, ao longo dos tempos, também estiveram
envolvidas na criação de instituições de grande mérito.
A Conferência de Santa Maria Maior apoiava o Albergue dos
Pobres (hoje Lar de S. José), fundado em 1900. Foi nesse ano que se conseguiu a
vinda das Irmãzinhas dos pobres para cuidar do Albergue, as quais chegaram em
10 de junho de 1902 à Covilhã. Depois foi a criação da Cozinha Económica, mais
tarde entregue à Santa Casa da Misericórdia da Covilhã. Estiveram também
presentes na construção das casas do Património dos Pobres.
Enfim, uma riqueza da história das Conferências de São
Vicente de Paulo na cidade covilhanense.
(In "Notícias da Covilhã" de 09-07-2015)
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