“O mundo pula e avança”, como Manuel Freire tão bem canta na Pedra
Filosofal. Ao longo dos tempos, o mundo vai-se transformando, numa evolução,
nem sempre ao ritmo de adaptação de todas as gerações. Obriga ao dinamismo, empenho,
conhecimento. A força física do homem ou da mulher no trabalho tornou-se mais
moderada, tendo em conta um “inimigo” da mão-de obra intensiva – a máquina.
Menos cansaço físico mas, por vezes, alterações do ritmo cardíaco. Essa máquina
também se transforma, e surge o equipamento eletrónico. Destas evoluções
resultam redução de obreiros. Como resolver o problema? Consciencialização,
responsabilidade, adaptação. O tempo corre e não quer contemplações. Mas… o
direito ao trabalho vê-se confrontado com as más governações, dos oportunismos
pessoais, usurpações, corrupções, injustiçando dessa forma o que quer ter como
bandeira a honestidade.
No nosso muito adorado País,
é, desta forma arreliadora, na exemplaridade dos nossos políticos, que, muitos
deles, não são o espelho da verdade, que os jovens cérebros se vêm
constrangidos a trazerem à memória a canção de José Mário Branco: “Eu vim de longe; de muito longe. O que eu
andei pra aqui chegar. Eu vou pra longe, pra muito longe, onde nos vamos
encontrar, com o que temos pra nos dar”. E têm que emigrar.
A série de mudanças nas
atividades produtivas, a que se dá o nome de Revolução Industrial, foi iniciada
por volta de 1760 na Inglaterra. Na sequência de invenções o ponto central foi
a utilização do vapor como força motriz. Nestas transformações profundas a
evolução técnica foi o centro da Revolução Industrial. Mas, principalmente,
esta foi marcada pelas modificações económicas e sociais. Surgiu assim a Primeira Revolução Industrial, com todas
estas mudanças tecnológicas, económicas e sociais, entre 1760 e 1860. Foi o uso
das máquinas a vapor, feitas de ferro e tendo como combustível o carvão
mineral. O ramo caraterístico foi o têxtil de algodão. Apareceu também a
siderurgia. A tecnologia caraterística foi a máquina de fiar, o tear mecânico.
A Segunda Revolução Industrial bate à porta em 1870, substituindo o
que atrás foi referido por eletricidade, petróleo e aço. Foi um fenómeno mais
dos Estados Unidos. Está por trás de todo o desenvolvimento técnico, científico
e de trabalho que surge nos anos das duas Grandes Guerras. Esta segunda
revolução industrial tem as suas bases nos ramos metalúrgico e químico,
assumindo a indústria automobilística grande importância. A tecnologia
caraterística desse período é o aço, a metalurgia, a eletricidade, a
eletromecânica, o petróleo, o motor a explosão e a petroquímica.
Chegada que foi a Terceira Revolução Industrial, já nos
nossos tempos, na década de 1970, teve por base a alta tecnologia, a tecnologia
de ponta, tornando-se as atividades mais criativas, e exigindo qualificação
elevada de mão-de-obra. É uma revolução técnico-científica. A tecnologia
caraterística desse período técnico (com início no Japão) é a microeletrónica,
a informática, o robô. O computador é a máquina da terceira revolução
industrial.
Surge assim o Fórum Económico Mundial, organização sem
fins lucrativos, sediado em Genebra, Suíça, mas mais conhecido pelas suas
reuniões anuais em Davos, Suíça, realizadas no final de janeiro. Aqui se reúnem
os principais líderes empresariais e políticos, bem como intelectuais e
jornalistas. Discutem-se as questões mais urgentes que têm que se enfrentar
mundialmente, sem esquecer o meio-ambiente e a saúde. Este Fórum Económico
Mundial foi fundado em 1971 por Klaus M. Schwab, professor de administração na
Suíça.
Vai já na 64ª edição que este
ano se realizou de 20 a 23 de janeiro. Dominar a Quarta Revolução Industrial foi o tema desta edição. Participaram
mais de 2.500 líderes de empresas, governos, organizações internacionais e
sociedade civil. Segundo as notícias, as conferências, debates e encontros de
alto nível, chegaram a ser mais de 200 por dia a nível oficial. O fundador e
Presidente Executivo do Fórum, Klaus Schwab, referiu que “devemos ter uma compreensão abrangente e global partilhada sobre o
modo como a tecnologia está a mudar as nossas vidas e das gerações futuras,
transformando os contextos económicos, sociais, ecológicos e culturais em que
vivemos”.
Também a crise dos refugiados,
as mudanças climatéricas e o aumento dos juros internacionais foram entre os
grandes temas debatidos no evento deste ano. Verificou-se ainda que 1 por cento
da população global detém a mesma riqueza dos 99 por cento restantes!
A preocupação com a
desaceleração chinesa se intensificou quando os dados do PIB chinês registaram
o menor avanço em 25 anos. Outro tema de destaque na reunião foi a mudança
estrutural que está em andamento na economia mundial, o início da Quarta Revolução Industrial, cuja maior
caraterística é o aprofundamento da informática e da robótica. Foi referido que
a revolução trará benefício aos países mais desenvolvidos enquanto minará
empregos nos países emergentes mais intensivos de mão-de-obra. Segundo cálculos
do Fórum, mais de 7 milhões de empregos podem ser eliminados por inovações
tecnológicas até 2020.
Pois é, com esta da robótica,
vamos ficar mais ruborizados.
(In "Notícias da Covilhã", de 11.02.2016)