1.Já não morremos de medo
neste Portugal profundo de crises e oportunismos. Também já não rebentamos de
tanto rir porquanto o presidente que cessou deixa de surgir no horizonte das
nossas memórias. Estamos fartos de a todos nos quererem medir pela mesma
bitola, naquele enfado, de que o que eles fazem é que não é geringonça, sem
nunca se enganarem e raras vezes terem dúvidas, conforme reflexos do finado
chefe, considerando os outros quais bichos-careta, talvez num saudosismo do
pensamento único. Aquele que foi o presidente de todos os portugueses de
Boliqueime.
Esperemos que Marcelo,
terminados que foram os seus comentários políticos como protagonista do
programa televisivo “As Escolhas de Marcelo” não se venha a retratar em “Conversas
em Família”, do outro seu homónimo, de outros tempos. Que a sua isenção não
seja como naqueles tempos de não ficar com os cabelos em pé quando se
pronunciava contra as suas cores, no seu programa televisivo, de grandes audiências,
mas que, de imediato, se juntava aos seus pares, de braço dado, aquando das
campanhas laranjas. No entanto, a forma como se pronunciou eloquentemente no
seu discurso de tomada de posse, a sua simpatia e diálogo com todos, e a
participação ativa nos primeiros atos que a muitos sensibilizaram, leva a crer
que poderemos ter um Presidente à altura da ansiedade dos portugueses, como que
um lenitivo para as suas sofridas vidas. A forma conducente de querer ajudar os
obreiros do País e de lhes dar uma alma diferente, assim o esperam todos os
Portugueses.
2.O jornalismo atravessa uma
grave crise, o que não é de estranhar. Não é só o problema de falta de
leitores, da sua redução na versão papel, não deixando assim que venha a servir
para embrulhar um par de sapatos quando já lido, de afastarem o apalpar das
suas páginas e o cheiro do papel, passando-o a virtual, onde a leitura online ainda não é desiderato de todos.
O problema passa ainda por uma seleção de interesses. Não se deve vender
sensacionalismo, com muitas notícias exacerbadas e com contornos de provocação,
quer na imagem quer no texto. São merecedoras de repulsa. No entanto, o diário
sobejamente conhecido e mais lido em Portugal, versado neste tipo de jornalismo,
bem como o seu canal televisivo, é aquele que primeiro está in loco e dá conta (notícia) de tudo.
Porquê algumas notícias são encobertas, ou omitidas, por outros órgãos da
comunicação social?
Vejamos alguns dos regionais,
onde não choram rios de lágrimas, tantas vezes no esquecimento de factos e de
figuras, duma forma confrangedora; fora dos acontecimentos em tempo, omitindo
ou subtraindo conteúdo informativo, não vá desagradar a quem os protege
financeiramente.
“Um pobre que morre não é
notícia, mas se as bolsas baixam há um escândalo” são palavras do Papa
Francisco, improvisadas para alertar contra a indiferença e a “cultura do
descartável”.
Segundo o “Público”, de 1 de
março, “há uma componente financeira e económica poderosíssima que está a
condicionar a comunicação social em vários países”. Em Portugal desapareceu uma
boa fatia da imprensa local, regional, e até nacional, assim como das rádios
locais. E as televisões estão com grandes dificuldades. Segundo o mesmo diário,
“O papel da comunicação social é essencial para a democracia. Todos os dias se
cria democracia através da comunicação social: acertando, errando, cultivando a
liberdade de expressão, resistindo aos condicionalismos económicos e
financeiros”.
O historiador Pacheco Pereira
e o presidente da ERC, Carlos Magno, pintaram um cenário quase dantesco sobre o
jornalismo que hoje se pratica em Portugal, criticando o “pensamento único” e a
“enorme e cada vez maior sensibilidade da comunicação social face ao discurso
do poder”.
3. Os “Costas” de Portugal. Não
é, ou não foi, um frente-a-frente, mas sim uma luta de costas. António Costa, o
primeiro-ministro, contra Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal. Terá
razão o primeiro-ministro Costa pedir a demissão do governador Costa? Será que
o primeiro tenta governar e o segundo faz de conta que governa? Penso que
Costa, o governador do BP, já teve mais do que tempo para mostrar a sua
competência, a qual não é o seu forte.
É desolador verificar o que se
passou na banca nos últimos anos, com um trabalho de incompetência do Banco de
Portugal. Quem paga as favas são os portugueses, principalmente os de menores recursos,
pagando todo o faval dos casos BPN, BPP, BCP, Finantia, BES e Banif. Não será
muita fruta para tão pouca competência, a que não será alheio o anterior
governador, Vitor Constâncio, que se pavoneia como vice-governador do Banco
Central Europeu (BCE) com a remuneração-base de 330 744 euros? Palavras
para quê? São dois “artistas” portugueses e não se sabe se usam a tal pasta
medicinal.
(In "Notícias da Covilhã", de 17-03-2016)
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