Depois de olharmos para o
outro lado do planeta, lá para as bandas de três oceanos, o assombro estonteou
o mundo porque uma parte desta Terra não conseguiu cortar o nó górdio, e vimos
a indesejável eleição de Donald Trump. Já mais próximos das águas geladas da
pesca do bacalhau, um dos males saídos da Caixa de Pandora, para a (des)União
Europeia, foi o Brexit.
Conseguimos, entretanto,
safar-nos dum dos outros males libertados do grande jarro dado por Zeus a
Pandora, aquela mulher que tinha um único defeito, a curiosidade. Ela foi
criada por Hefeso e Atena, a pedido de Zeus, com o fim de agradar aos homens,
segundo o mito grego. Mas, de todos os males libertados, entre os quais a
Frente Nacional de Marine Le Pen, ficou de facto, lá dentro, a esperança. E foi
neste otimismo que os franceses, elegendo Macron, também conseguiram cortar o
tal nó górdio, aliviando um pouco a Europa.
Voltemo-nos agora para este
nosso Portugal à beira-mar plantado, um País de heróis, de sábios e de santos,
aventureiros e descobridores de novos mundos, como aprendemos na Primária dos
nossos tempos já duma certa longevidade. Se bem que da sua caixa de Pandora
também saíram alguns maldosos, egoístas e chico-espertos.
Chega assim, mais uma vez, um
tempo de eleições, e aquelas que mais estão próximas das pessoas – as
autárquicas.
Cada dia que passa mais se
aproxima o 1 de outubro, e, vai daí, tudo se prepara para os embates, os
despiques, as desforras, os esclarecimentos, a tentativa de convencer, na
euforia mais dos apaniguados; na esperança de podermos confiar neste ou naquele
que possa mudar o rumo do que não gostámos, e fazer aquilo que mais carece.
Pela nossa região também já
começam a desfraldar sinais ajuizadores, muitos deles saídos do prematuro, num
palpite de agitação de muitas bandeiras, latente no espírito de almas que sonham
transformar a dormição de um concelho, no deleite das suas energias
arrebatadoras de uma ação sem tréguas, a favor do acordar.
O concelho da Covilhã conhece
já cinco candidatos, e, para a sua população, podemos dizer, como se exprimia a
minha avó: “Bonda!”
Não tenhamos ilusões, face ao
contexto em que as candidaturas se movimentam, com muita dispersão de votos,
retirando-os uns aos outros, não vai haver qualquer maioria absoluta, nem na
esperança nada contida do candidato julgado profeta. Recordemos a dívida que
deixou e que embaraçou a gestão camarária atual. Depois, o seu modo comportamental
no período do seu interregno, maldizente de pessoas e instituições de quem
agora espera o voto. Dos seis objetivos que apontou muito haveria que dizer que
não cabe neste espaço.
O candidato que se encontra na
atual liderança municipal tem que se dotar de total transparência no
acolhimento que teve com a mão cheia de colaboradores, mormente no que diz
respeito aos seus salários. E, depois, a informação do motivo por que não se
realizaram promessas havidas.
Como vão os sociais-democratas
fazer frente ao candidato independente? Conseguirão reunir o exército que se
destroçara com a anterior eleição do candidato do MAC, então submisso ao atual
candidato independente? E como reconciliar a sua quota-parte de
responsabilidade com o anterior Presidente, então desta força partidária, e
atual independente, nas ações que permitiram chegar a um caos de dívida?
Pensamos que os comunistas
terão que se empenhar muito fortemente para poderem conseguir um vereador.
Resta o candidato que já não é
surpresa, covilhanense, do seio de uma família ilustre de antigos industriais,
movido pelo impulso de transformar a Covilhã de novo no mapa de Portugal, como
ele refere, duma forma cuidadosa, ele que fora anteriormente também um dos
homens do Governo de Portugal.
Há assim uma gama de figuras
que querem governar o Concelho da Covilhã. Para que possamos ajuizar melhor
quem vai defender os genuínos interesses deste Concelho, temos que acreditar no
que nos vão transmitir, depois de conhecermos as suas equipas, mas para isso há
que refletir conscientemente sobre o que fizeram, o que deixaram de fazer, as
omissões, as inverdades, as capacidades individuais dos que vão formar as
equipas, e exigir transparência, mas que assumam mesmo tais atitudes e não só
nas palavras de circunstância e arrebatadoras na altura das campanhas
eleitorais, plenas de sorrisos e abraços. E, acima de tudo, não esquecer o que
durante estes quatro anos fizeram os de dentro e os de fora.
Por último, que os candidatos
confirmem nas suas campanhas se, perdendo, assumem o lugar na vereação, pois
ainda nos recordamos quando Carlos Pinto perdeu as eleições a favor de Jorge
Pombo, quando nem ele nem a sua equipa aceitaram a sua qualidade de vereadores,
tendo que aparecer uma segunda equipa. Recordam-se?
Ter amor à Covilhã e trabalhar
em prol da mesma, gloriar-se com as vitórias, mas também assumir as derrotas,
aceitando a democracia, é o que esperamos de todos os candidatos.
(In "Notícias da Covilhã", de 11-05-2017)
Sem comentários:
Enviar um comentário