É indubitável que a dinâmica
que transmite a força anímica para o surgimento de quaisquer páginas de um
periódico, seja na sua vertente em papel ou pela via online, tem que depender
de um ser humano, e, esse, é obviamente uma pessoa, mas uma pessoa que tem que
ter alma. Essa pessoa é vista, obviamente, no seu plural.
O meu “batismo” a escrever num
jornal reporta-se ao ano de 1964, ou seja, há 54 anos.
Já em 1972, após ter terminado
o serviço militar obrigatório, um meu artigo num órgão da comunicação social
regional levou ao sussurro em algumas instituições públicas, o que, nos tempos
da outra senhora, era de certo modo arriscado. Mas o jornal deixou passar. E
dos meus documentos extraídos da Torre do Tombo tão só consta o carimbo da
P.I.D.E. com a indicação “Nos registos desta Polícia nada consta em seu
desabono”.
Se é necessário objetar sobre
o poder político, nomeadamente o autárquico, há os órgãos próprios para o
fazer, que não este. Já o fiz quando oportuno, não só aquando das agitações dos
ventos predominantes da última década, como também em 1978.
Mas na vertente militar, mais
próxima deste periódico, a minha intervenção foi escrever no “Fronteiros da
Beira – Firme como Rochas”, órgão cultural e recreativo do Regimento de
Infantaria 12, da Guarda, em 1971. E, da já numerosa participação em mais de uma
dezena de periódicos, também a alusão, com fotos, em agosto de 1993, com uma
referência que me fizeram no jornal espanhol “El Adelanto”, sobre uma obra publicada.
É com base neste preâmbulo,
afastando dele qualquer intenção egocentrista, que me leva a ter aquela vontade
indómita na colaboração d’O Combatente da
Estrela, porquanto, ao longo do seu percurso, sempre teve colaboradores com
alma.
Não sendo fácil, há sempre
estórias da história de vida de cada um, testemunhos verdadeiramente sentidos
de muitos na sua passagem pelos tempos tenebrosos das Guerra nas Colónias, denominadas
pelo antigo regime de Ultramar Português.
E não só, depois, também numa
outra vertente cultural de outros temas apropriados, dando conta das atividades
desenvolvidas, duma instituição em movimento, dum núcleo com alma.
Tendo estado presente no Fórum
do Associativismo da Covilhã, no dia 17 de março, pode-se afirmar que entre as
248 agremiações que possui o Concelho, o Núcleo da Covilhã da Liga dos
Combatentes é um dos que inquestionavelmente merece o devido apoio financeiro
face à sua obra.
Pena é que na Assembleia Geral
dos Sócios realizada no dia 24 de março não tivesse havido possibilidade de ser
encontrada uma lista para que os Corpos Sociais a eleger pudessem dar
continuidade aos destinos desta prestigiosa Instituição, para o próximo biénio,
esperando-se que essa situação possa ser encontrada já no próximo dia 14 de
abril.
Foram as Contas e o Relatório
do Conselho Fiscal aprovados, assim como também o Plano de Atividades previstas
pela atual Direção para o ano 2018, embora este sujeito a alterações.
O Núcleo da Covilhã da Liga
dos Combatentes possui atualmente 820 sócios, entre Combatentes (732),
Efetivos, Extraordinários e Apoiantes, registando 3 Beneméritos.
No ano transato participou em
vários eventos evocativos dos Antigos Combatentes em várias localidades da
região e teve ainda a sua participação, com cinco elementos e guião, no
Aniversário da Liga dos Combatentes –
Aniversário do Armistício/Centenário da Grande Guerra na Evocação do fim
da Guerra do Ultramar.
Por cá, ou seja, na Covilhã
onde se encontra a sede do Núcleo, realizaram várias cerimónias, destacando-se:
a Evocativa do Dia do Combatente, Dia de Finados, com a habitual Romagem ao
Talhão da Covilhã (e também ao do Fundão), com toques gravados e deposição de
coroa de flores.
Na solidariedade, para com os
seus Camaradas antigos Combatentes, sócios carenciados, tem o Núcleo da Covilhã
estado atento e prestado, dentro das suas possibilidades e no âmbito das
caraterísticas de cada necessidade, ainda que revestidos alguns casos de
excecionalidade, o seu incondicional apoio.
Mas não é tudo, porquanto no
Programa de Cuidados de Saúde, o Núcleo da Covilhã é apoiado pelo CAMPS-BI, que
tem um espaço na sede do próprio Núcleo. Para além de 39 sessões realizadas têm
sido atendidos, de forma individual, de caráter psicológico perto de uma
centena de indivíduos, e duas dezenas de caráter social. Para além de outras
ações do CAMPS-BI, no seio do Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, foram
efetuadas sessões de grupo muito perto de centena e meia.
Depois também existe a parte
lúdica e essencialmente cultural, destacando-se as visitas a Sevilha e Córdoba;
ao Palácio de Belém e Revista no Casino Estoril; ao Porto ao Air Race Bull; ao
Alto Minho – Braga – Castro Laboreiro – Arcos de Valdevez; Malafaia e Porto.
Também uma edição anual que vem sendo continuada é a Feira de Trocas e
Colecionismo da Covilhã.
Tal como de início falei, as
páginas de um jornal dependem de humanos, que, impregnados daquela força anímica,
terão que ter alma, para que possam brotar ideias que se convertam na atenção
dos leitores, e não numa passagem transversal, ou num simples olhar para a capa
e dum folhear desinteressado.
Assim também o Núcleo da
Covilhã, na vertente da religiosidade, não tem esquecido todos quantos partiram
para o outro lado da vida, para os crentes, naquele espírito de ter ainda
presentes os camaradas eternamente ausentes, como as já referidas Romagens ao
Cemitério.
E, para os que ainda se mantêm
no número dos vivos, as Peregrinações a Fátima, quer de âmbito Nacional pela
Liga (realizou duas), mas mormente através da inerente a este Núcleo que vai a
caminho da XII Peregrinação.
Neste ano de 2018 já se
realizou uma visita no concelho de Penacova para degustação da lampreia; ao
museu de Vila Viçosa; e aos golfinhos, em Setúbal.
Também foi celebrado o 92.º
Aniversário deste Núcleo, no dia 11 de março, com a presença do Secretário-Geral
Nacional da Liga, Coronel Lucas Hilário. Foi aqui admitida a hipótese de se
concretizar o almejado Centro de Apoio, sonho antigo, cujo Núcleo dispõe de
projeto e de terreno atribuído pela Câmara já lá vão 19 anos. Pode-se prever a
construção do Lar para 72 utentes e Centro de Dia (250), além de valências nas
áreas de saúde e social, incluindo a nova sede do Núcleo da Covilhã da Liga dos
Combatentes.
Este Núcleo, como já foi
referido, em movimento, com alma, vai integrar também as comemorações do 100º
Aniversário da participação da Covilhã, através do extinto Regimento de
Infantaria 21, na Primeira Grande Guerra (1914-1918).
É também previsível que se
concretize, ainda neste ano em curso, por parte da Câmara Municipal, a
alteração ao Monumento dos Combatentes, conhecido como “Soldado Desconhecido”,
pretendendo o Núcleo da Covilhã dar todo o apoio à edilidade covilhanense para
as comemorações a levar a efeito durante o ano evocando o centenário do Armistício.
E ainda, no dia 23 de
fevereiro foi a apresentação, na Biblioteca Municipal, do livro “Danos
Colaterais”, do prof. José Eduardo Tendeiro, antigo combatente dos primeiros
anos da Guerra do Ultramar, onde ressaltam facetas importantes romanceadas da
sua vivência em teatro de guerra. A participação neste evento cultural foi de
grande interesse para os participantes, para além de amigos do autor, também
muitos antigos combatentes. O prof. Tendeiro é também um dos colaboradores, com
alma, d’O Combatente da Estrela e d’O Combatente, da Liga dos Combatentes.
E nesta envolvente de espaços
preenchidos, em várias vertentes em prol dos antigos combatentes, associados, e
servindo a própria cidade covilhanense e seu concelho, e, porque não, a Liga
dos Combatentes nacional, o Núcleo da Covilhã pode aplicar bem a frase,
exortando, do poeta espanhol António Machado – “O caminho faz-se caminhando”.
E, daí, as edições deste jornal continuarem a ser eco da alma dos seus Colaboradores.
(In "O Combatente da Estrela", n.º 110, de abril/2018)