Naqueles tempos chamava-se I
Divisão, hoje é a I Liga de Futebol. Mas como tudo começou foi com o Campeonato
de Portugal, que se iniciou na época 1921/22, cujo campeão foi o F.C. Porto. No
ano seguinte seria campeão o Sporting. Seguir-se-iam, como vencedores das
respetivas finais e consequentemente Campeões de Portugal: Olhanense, que em
08-06-1924, em Lisboa, venceria o F. C. Porto, e, dentre outros, o Marítimo, e
o Carcavelinhos que em 30-06-1928, em Lisboa, ganhou na final ao Sporting.
Terminou esta primeira competição oficial, em 26-06-1938, com o triunfo do
Sporting em Lisboa, sobre o Benfica.
Uma derrota com Espanha por
nove golos sem resposta alertou os portugueses para o atraso do seu futebol,
sendo que a humilhação mereceu as mais irónicas piadas da época e acabou por
ser o reflexo da ineficácia de uma competição – Campeonato de Portugal – que
não oferecia aos clubes, e, consequentemente aos atletas, a competição
necessária para se baterem de igual para igual com outras seleções. Havia,
pois, que se concluir que o futuro do futebol português dependia da
regularidade e rigor das competições.
Encetou-se assim o processo
que viria a conduzir à criação do Campeonato da I Liga.
A Direção federativa aprovou
os regulamentos e decidiu organizar os campeonatos da Liga, deixando, no
entanto, expresso em ata: “ficou resolvido promover a título experimental os
campeonatos da Liga, I e II Divisões, sem prejuízo dos Campeonatos Distritais,
nem do Campeonato de Portugal”.
Ao Campeonato da I Liga (I
Divisão), limitou-se a entrada a oito clubes de um número reduzido de
Associações (Lisboa, Porto, Coimbra e Setúbal). O primeiro vencedor da prova
foi o F. C. Porto, seguido do Sporting, Benfica e Belenenses.
O Campeonato da II Liga
apresentou o especial atrativo de a final ser disputada entre o melhor clube do
Norte e o melhor do Sul.
Estes campeonatos da Liga
tiveram apenas quatro edições em cada Divisão (1934/35 a 1937/38) Não sendo a
prova ideal, os campeonatos das Ligas acabariam por abrir caminho ao novo
modelo que surgiu em 1938/39, com a formação de um verdadeiro Campeonato
Nacional – I e II Divisões. E, mais uma vez, seria o F. C. Porto o primeiro
campeão, na época iniciada em 1938/39.
E então vamos ao assunto que
dá ênfase ao título deste texto. Vários clubes que hoje militam por outras
divisões secundárias, como o atual Campeonato de Portugal, fruto de
contingências das suas vidas e da situação do País no âmbito desportivo e
económico, das regiões e sua interioridade, por exemplo, tiveram altos e baixos.
Uns fundiram-se com outros; outros ainda tão só acabaram por ser extintos.
Históricos que foram do futebol português e que dos mesmos ficam referências
das suas atuações e dos atletas. Muitos deles se evidenciaram por todos esses
palcos dos campos de futebol em Portugal. Por exemplo, na primeira edição do
Campeonato Nacional da I Divisão, realizado na época 1938/39, jogou o Académico
do Porto (Académico Futebol Clube), que deixou de ter a secção de futebol; e o
Casa Pia. Na época seguinte, o Carcavelinhos (Carcavelinhos Football Club) que
se viria a fundir com o União de Lisboa e a criar o Atlético Clube de Portugal;
depois, o Unidos Lisboa. E, nas épocas seguintes, sem indicação de datas, o
Leça, Unidos do Barreiro, para, na época 1943/44 participar o Atlético,
resultante da fusão de dois clubes como já vimos; o Salgueiros (Sport Comércio
e Salgueiros) que em 2004 extinguiu a secção de futebol sénior, acabando por
ser criado o Salgueiros 08; Sport Lisboa e Elvas que em 1947 se fundiu com o
Sporting Clube de Elvas, de que resultou o atual Elvas Clube Alentejano dos
Desportos. Depois a Oliveirense, Famalicão, Sanjoanense, Lusitano Vila Real
Santo António.
O Sporting da Covilhã entra
nesta competição na época 1948/49, e o Olhanense muito antes, em 1941/42. O
Oriental inicia-se na I Divisão na época 1950/51 e o Lusitano de Évora, em
1952/53. A CUF surgiria com a sua estreia em 1954/55, autêntico histórico do
futebol português, conseguindo atrair bons jogadores pois garantia-lhes
empregos estáveis nas fábricas da CUF. Com o desmantelamento da CUF o clube
acabou por entrar em declínio tendo dado origem ao Grupo Desportivo Fabril,
sendo que ainda passou por Quimigal. O Torreense em 1955/56, assim como o
Caldas. O Beira-Mar viria a aparecer entre os maiores, na época 1961/62, e o
Feirense na seguinte. O Varzim e o Seixal inaugurariam a sua entrada na I
Divisão, em 1963/64. O Tirsense na época 1967/68 e o União de Tomar, em 1969/70.
O Farense só entraria em 1970/71, o Montijo(Grupo Desportivo de Montijo) e o
União de Coimbra em 1972/73. O G. D. Montijo no final dos anos 90 entrou numa
crise económica que resultou em 2007 no fim deste clube, sendo criado o Clube
Olímpico do Montijo. O Sporting de Espinho, na época 1974/75. O Portimonense em
1976/77. O Marítimo e o Riopele (Grupo Desportivo Riopele), na época 1977/78, tendo
este entrado na história por ser o clube
proveniente da cidade mais pequena de sempre a participar na I Divisão: Pousada
de Saramagos. Era tal como a CUF um clube-empresa, os jogadores eram também
trabalhadores. Subiu ao primeiro escalão em 1977 tendo descido logo a seguir.
Após descidas sucessivas, o clube foi extinto em 1981. O Académico de Viseu, em
1978/79. O União de Leiria e o Rio Ave, em 1979/80. O Penafiel e o Amora em
1980/81. Ainda o Ginásio de Alcobaça em 1982/83. O Recreio de Águeda surgiria
na I Divisão na época de 1983/84, e o Vizela, em 1984/85. O Chaves e o
Desportiva das Aves em 1985/86. O Estrela da Amadora, (o Clube de Futebol
Estrela da Amadora já foi extinto) e Fafe, em 1988/89. Já o União da Madeira
integraria a I Divisão na época 1989/90, e o Gil Vicente em 1990/91. O Paços de
Ferreira em 1991/92. O Leça regressaria volvidos 54 anos, na época 1995/96, e
também inaugurariam a sua entrada na I Divisão, o Felgueiras (o Futebol Clube
de Felgueiras já foi extinto) e o Campomaiorense.
O Campeonato Nacional da II
Divisão começou a disputar-se na época de 1938/39, após a grande transformação
operada nas provas nacionais, com a extinção dos Campeonatos da I e II Ligas e
do Campeonato de Portugal.
Em substituição das anteriores
provas surgiriam o Campeonato da I e II Divisões, Taça de Portugal e Campeonato
Nacional de Juniores.
De 1958/59 a 1975/76, o
Nacional da II Divisão foi disputado em duas Zonas (Norte e Sul) conquistando
os vencedores de cada zona o direito de subirem à I Divisão Nacional.
A partir de 1976/77 foi o
referido campeonato dividido em três zonas distintas – Norte, Centro e Sul.
Na época 1990/91, a II Divisão
(principal), passou a designar-se de II Divisão de Honra, sendo encontrados
entre os três primeiros classificados os que sobem no ano imediato à I Divisão.
A II Divisão, por zonas, passou a designar-se
de II Divisão “B”, com acesso direto à Divisão de Honra.
O Campeonato Nacional da III
Divisão surgiria em 1947/48, tendo os regionais e distritais acabado por perder
muita da sua antiga importância uma vez que passaram a dar acesso à III
Divisão.
Depois de várias alterações hoje existem a I e II Liga de Futebol, o
Campeonato de Portugal e os Campeonatos Distritais.
(In "O Olhanense", de 01-11-2019)