30 de outubro de 2019

POR ONDE ANDAM ALGUNS CLUBES DA HISTÓRIA DO FUTEBOL PORTUGUÊS


Naqueles tempos chamava-se I Divisão, hoje é a I Liga de Futebol. Mas como tudo começou foi com o Campeonato de Portugal, que se iniciou na época 1921/22, cujo campeão foi o F.C. Porto. No ano seguinte seria campeão o Sporting. Seguir-se-iam, como vencedores das respetivas finais e consequentemente Campeões de Portugal: Olhanense, que em 08-06-1924, em Lisboa, venceria o F. C. Porto, e, dentre outros, o Marítimo, e o Carcavelinhos que em 30-06-1928, em Lisboa, ganhou na final ao Sporting. Terminou esta primeira competição oficial, em 26-06-1938, com o triunfo do Sporting em Lisboa, sobre o Benfica.

Uma derrota com Espanha por nove golos sem resposta alertou os portugueses para o atraso do seu futebol, sendo que a humilhação mereceu as mais irónicas piadas da época e acabou por ser o reflexo da ineficácia de uma competição – Campeonato de Portugal – que não oferecia aos clubes, e, consequentemente aos atletas, a competição necessária para se baterem de igual para igual com outras seleções. Havia, pois, que se concluir que o futuro do futebol português dependia da regularidade e rigor das competições.

Encetou-se assim o processo que viria a conduzir à criação do Campeonato da I Liga.

A Direção federativa aprovou os regulamentos e decidiu organizar os campeonatos da Liga, deixando, no entanto, expresso em ata: “ficou resolvido promover a título experimental os campeonatos da Liga, I e II Divisões, sem prejuízo dos Campeonatos Distritais, nem do Campeonato de Portugal”.

Ao Campeonato da I Liga (I Divisão), limitou-se a entrada a oito clubes de um número reduzido de Associações (Lisboa, Porto, Coimbra e Setúbal). O primeiro vencedor da prova foi o F. C. Porto, seguido do Sporting, Benfica e Belenenses.

O Campeonato da II Liga apresentou o especial atrativo de a final ser disputada entre o melhor clube do Norte e o melhor do Sul.

Estes campeonatos da Liga tiveram apenas quatro edições em cada Divisão (1934/35 a 1937/38) Não sendo a prova ideal, os campeonatos das Ligas acabariam por abrir caminho ao novo modelo que surgiu em 1938/39, com a formação de um verdadeiro Campeonato Nacional – I e II Divisões. E, mais uma vez, seria o F. C. Porto o primeiro campeão, na época iniciada em 1938/39.

E então vamos ao assunto que dá ênfase ao título deste texto. Vários clubes que hoje militam por outras divisões secundárias, como o atual Campeonato de Portugal, fruto de contingências das suas vidas e da situação do País no âmbito desportivo e económico, das regiões e sua interioridade, por exemplo, tiveram altos e baixos. Uns fundiram-se com outros; outros ainda tão só acabaram por ser extintos. Históricos que foram do futebol português e que dos mesmos ficam referências das suas atuações e dos atletas. Muitos deles se evidenciaram por todos esses palcos dos campos de futebol em Portugal. Por exemplo, na primeira edição do Campeonato Nacional da I Divisão, realizado na época 1938/39, jogou o Académico do Porto (Académico Futebol Clube), que deixou de ter a secção de futebol; e o Casa Pia. Na época seguinte, o Carcavelinhos (Carcavelinhos Football Club) que se viria a fundir com o União de Lisboa e a criar o Atlético Clube de Portugal; depois, o Unidos Lisboa. E, nas épocas seguintes, sem indicação de datas, o Leça, Unidos do Barreiro, para, na época 1943/44 participar o Atlético, resultante da fusão de dois clubes como já vimos; o Salgueiros (Sport Comércio e Salgueiros) que em 2004 extinguiu a secção de futebol sénior, acabando por ser criado o Salgueiros 08; Sport Lisboa e Elvas que em 1947 se fundiu com o Sporting Clube de Elvas, de que resultou o atual Elvas Clube Alentejano dos Desportos. Depois a Oliveirense, Famalicão, Sanjoanense, Lusitano Vila Real Santo António.

O Sporting da Covilhã entra nesta competição na época 1948/49, e o Olhanense muito antes, em 1941/42. O Oriental inicia-se na I Divisão na época 1950/51 e o Lusitano de Évora, em 1952/53. A CUF surgiria com a sua estreia em 1954/55, autêntico histórico do futebol português, conseguindo atrair bons jogadores pois garantia-lhes empregos estáveis nas fábricas da CUF. Com o desmantelamento da CUF o clube acabou por entrar em declínio tendo dado origem ao Grupo Desportivo Fabril, sendo que ainda passou por Quimigal. O Torreense em 1955/56, assim como o Caldas. O Beira-Mar viria a aparecer entre os maiores, na época 1961/62, e o Feirense na seguinte. O Varzim e o Seixal inaugurariam a sua entrada na I Divisão, em 1963/64. O Tirsense na época 1967/68 e o União de Tomar, em 1969/70. O Farense só entraria em 1970/71, o Montijo(Grupo Desportivo de Montijo) e o União de Coimbra em 1972/73. O G. D. Montijo no final dos anos 90 entrou numa crise económica que resultou em 2007 no fim deste clube, sendo criado o Clube Olímpico do Montijo. O Sporting de Espinho, na época 1974/75. O Portimonense em 1976/77. O Marítimo e o Riopele (Grupo Desportivo Riopele), na época 1977/78, tendo este  entrado na história por ser o clube proveniente da cidade mais pequena de sempre a participar na I Divisão: Pousada de Saramagos. Era tal como a CUF um clube-empresa, os jogadores eram também trabalhadores. Subiu ao primeiro escalão em 1977 tendo descido logo a seguir. Após descidas sucessivas, o clube foi extinto em 1981. O Académico de Viseu, em 1978/79. O União de Leiria e o Rio Ave, em 1979/80. O Penafiel e o Amora em 1980/81. Ainda o Ginásio de Alcobaça em 1982/83. O Recreio de Águeda surgiria na I Divisão na época de 1983/84, e o Vizela, em 1984/85. O Chaves e o Desportiva das Aves em 1985/86. O Estrela da Amadora, (o Clube de Futebol Estrela da Amadora já foi extinto) e Fafe, em 1988/89. Já o União da Madeira integraria a I Divisão na época 1989/90, e o Gil Vicente em 1990/91. O Paços de Ferreira em 1991/92. O Leça regressaria volvidos 54 anos, na época 1995/96, e também inaugurariam a sua entrada na I Divisão, o Felgueiras (o Futebol Clube de Felgueiras já foi extinto) e o Campomaiorense.

O Campeonato Nacional da II Divisão começou a disputar-se na época de 1938/39, após a grande transformação operada nas provas nacionais, com a extinção dos Campeonatos da I e II Ligas e do Campeonato de Portugal.

Em substituição das anteriores provas surgiriam o Campeonato da I e II Divisões, Taça de Portugal e Campeonato Nacional de Juniores.

De 1958/59 a 1975/76, o Nacional da II Divisão foi disputado em duas Zonas (Norte e Sul) conquistando os vencedores de cada zona o direito de subirem à I Divisão Nacional.

A partir de 1976/77 foi o referido campeonato dividido em três zonas distintas – Norte, Centro e Sul.

Na época 1990/91, a II Divisão (principal), passou a designar-se de II Divisão de Honra, sendo encontrados entre os três primeiros classificados os que sobem no ano imediato à I Divisão.

 A II Divisão, por zonas, passou a designar-se de II Divisão “B”, com acesso direto à Divisão de Honra.

O Campeonato Nacional da III Divisão surgiria em 1947/48, tendo os regionais e distritais acabado por perder muita da sua antiga importância uma vez que passaram a dar acesso à III Divisão.

Depois de várias alterações hoje existem a I e II Liga de Futebol, o Campeonato de Portugal e os Campeonatos Distritais.
(In "O Olhanense", de 01-11-2019)

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