16 de dezembro de 2019

MINHAS MEMÓRIAS DE EQUIPAS HISTÓRICAS E SUAS VEDETAS


Vem este meu último texto do ano da graça de dois mil e dezanove, no conceituado Jornal O Olhanense; de que sinto enorme prazer em marcar presença ao longo de um quarto de século (como o tempo passa!...), transpondo da região beirã para a algarvia o meu espírito de serrano; dar lugar a algumas memórias duma vivência que foi ímpar em relação aos dias de hoje.
Foi assim que no já distante ano de 1992 recebi no meu escritório, num atendedor automático de chamadas, a voz algarvia de Augusto Ramos Teixeira, olhanense de gema, que já não se encontra no mundo dos vivos mas deixou marcas na coletividade olhanense, aquando da minha pesquisa de antigos atletas algarvios que passaram pelo meu clube da Terra – o Sporting Clube da Covilhã –, para um dos quatro livros que escrevi sobre o Clube, pois que  o Algarve havia sido um alfobre desses homens do futebol: Rita, Hélder, irmãos Cavém, Cabrita, Eminêncio, Palmeiro e outros mais.
Pela voz de Herculano Valente, também já desaparecido, dei então início à publicação de alguns textos, por vezes com dificuldade por falta de espaço, mas é na dinâmica de Mário Proença que, após eu ter ficado perplexo com aquele falecimento, me encoraja, até aos dias de hoje, no prosseguimento duma colaboração, ficando então um espaço quinzenal em “Ecos da Beira Serra”.
E, sem menosprezar os predecessores, longe de ferir qualquer suscetibilidade, o Jornal tomou um rumo de substancial melhoria, onde encontrei um espaço num emparceirar duma similaridade de gostos na memorização do que foram outros tempos.
Pena é que mais colaboradores não deem, com a sua escrita, mais voz ao jornal, aliviando assim muito do que, sozinho, se multiplica o Diretor Adjunto.
E foi por ver no número de 15 de novembro um resultado da 9ª jornada do Campeonato de Portugal – Olhanense, 5 Fabril do Barreio, 0 – que me recordei dos bons velhos tempos do Grupo Desportivo da CUF, que depois passou por Quimigal, e agora com a designação de Fabril do Barreiro.
Neste contexto, transpôs-me o meu pensamento para os tempos da juventude onde via jogar a CUF, o Lusitano de Évora, o Oriental, o Caldas, o Atlético, o Olhanense e o Sporting da Covilhã, na então designada I Divisão Nacional (hoje, I Liga).
E é nesse navegar que vou recordar alguns encontros da Divisão Maior do futebol português, cujos jogadores foram tantas vezes objeto de destaque nos relatos de futebol (dribles, potentes remates, grandes defesas, penaltis defendidos ou indefensáveis, golos, etc.) na Emissora Nacional, Rádio Clube Português ou Rádio Renascença, pelas vozes sobejamente conhecidas de Artur Agostinho, Carlos Cruz ou Nuno Brás, ou no único canal televisivo a preto e branco – RTP, pela voz do praticamente único comentador desportivo, à altura, Alves dos Santos.
Memorizando algumas equipas em que intervieram o Sporting Clube Olhanense (SCO) e o Sporting Clube da Covilhã (SCC), exclusivamente nas I e II Divisões Nacionais, com o objetivo de recordar alguns dos seus habituais jogadores, passo a indicar, sem mencionar os resultados desses encontros, já que o objetivo intencional é recordar as equipas e alguns dos seus valorosos jogadores:
Época 1948/49, na 3ª. Jornada, na Covilhã, as equipas alinharam da seguinte forma: SCC: António José; Roqui e Leopoldo; Fonseca da Silva, Pedro Costa e Fialho; Livramento, Martinho, Carlos Ferreira, Tomé e Noronha. SCO: Abraão, Rodrigues e Eminêncio; Acácio, Grazina e Loulé; Soares, Paulo, Cabrita, Salvador e Carmo.
Na 16ª Jornada, em Olhão, as equipas: SCO: Abraão, Rodrigues e Nogueira; Januário, Grazina e Loulé; Moreira, Joaquim Paulo, Soares, Salvador e Carmo. SCC: Ramalhoso, Roqui e Pedro Costa; Szabo, Fialho e Leopoldo; Livramento, Diamantino, José Pedro, Tomé e Martinho.
Época 1949/50, na 9.ª Jornada, em Olhão, as equipas: SCO: Abraão; Rodrigues, Nogueira e Loulé; Acácio e Grazina; Eusébio, Soares, Cabrita, João da Palma e Eminêncio. SCC: António José, Roqui, Pedro Costa e José Pedro; Diamantino e Fialho; Livramento, Martin, Simonyi, Tomé e Guedes.
Na 22ª. Jornada, na Covilhã, as equipas: SCC: António José, Roqui, José da Costa e José Pedro; Diamantino e Fialho; Carlos Ferreira, Martin, Simonyi, Tomé e Livramento. SCO: Abraão; Rodrigues, Nogueira e Loulé; Eusébio e Grazina; Soares, Joaquim Paulo, Cabrita, João da Palma e Eminêncio.
Época 1950/51, na 4ª. Jornada, na Covilhã, as equipas alinharam: SCC: António José; Eminêncio e Oliveira; Diamantino, Mário Reis e Fialho; Carlos Ferreira, Martin, Simonyi, Tomé e Livramento. SCO: Abraão; Rodrigues, Eusébio e Abreu; Nogueira e Grazina; Marques, Joaquim Paulo, Cabrita, João da Palma e João Manuel.
De notar que o jogador Eminêncio havia-se transferido do SCO para o SCC.
Na 17ª. Jornada, em Olhão, as equipas alinharam: SCO: Abraão; Rodrigues, Grazina e Acácio; Abreu e Cirilo; Machado, Soares, Vinício, Cabrita e Joaquim Paulo. SCC: António José; Roqui, Mário Reis e Oliveira; Diamantino e Fialho; Livramento, Martin, Simonyi, Tomé e Eminêncio.
Um parêntesis para fazer aqui uma breve referência à Época 1951/52, em que o Olhanense ficou no Campeonato Nacional da II Divisão, e, na 4ª. Jornada, no jogo com o Portalegrense, em Portalegre; assim como na 5ª Jornada, com o Farense, em Olhão, jogou na baliza o Rita e não jogou Cabrita.
Também em Évora, na 6ª Jornada, com o Lusitano do Évora (LEV), as equipas alinharam assim: LEV: Martelo; Polido, Vale e Soeiro; Madeira e Paulo; Domingo, Di Paola, Teixeira da Silva, Duarte e Hilário. SCO: Rita, Rodrigues, Tavares e Eusébio; Muñoz e Fernandes; Vinício, Soares, Curro, Paulo e Arménio.
Na 15ª. Jornada, em Olhão, as equipas alinharam: SCO: Rita, Tavares, Grazina e Eusébio; Januário e Fernando; Vinício, Soares, Curro, Joaquim Paulo e Arménio. LEV: Vital; Polido, Vale e Domingos; Madeira e Paulo; Pepe, Martinho, Teixeira da Silva, Duarte e Hilário.
Época 1953/54, ainda no Campeonato Nacional da II Divisão – Zona C., em Olhão. Na 4ª Jornada, com a CUF do Barreiro: SCO: Abraão, Graça, Tavares e João Manuel, Toupeiro e Fernandes; Coelho, Mourão, Vinício, Casaca e Pais. C.U.F.: Libânio; Matos, Carreira e Celestino; Orlando e Vale; Barriga, Vasques, Sérgio, Luís e André.
Na 15ª Jornada, no Barreiro: C.U.F.: Libânio, Matos e Celestino; Orlando, Carreira e João Vale; Sérgio, Vasques, Aureliano, Luís e André. SCO: Silvestre; Graça e João Manuel; Osvaldo, Tavares e Fernandes; Simões, Santiago, Vinício, Del Duca e Casaca.
Época 1957/58, Fase Final – Campeonato Nacional da II Divisão. Na Covilhã, as equipas alinharam da seguinte forma: SCC: Rita; Hélder, Lourenço e Couceiro; Lãzinha e Cabrita; Martin, Martinho, Tonho, Amílcar e Óscar Silva. SCO: Abade; Alfredo, Bento e Nunes; Poeira e Reina; Costa, Ângelo, Amândio, Parra e Sílvio.
Note-se que aqui já jogaram no SCC os atletas oriundos do SCO, donde se transferiram: Rita e Cabrita.
Época 1958/59, no Torneio de Competência para a I Divisão, com a CUF, na 2.ª Jornada, em Olhão, as equipas posicionaram-se assim: SCO: Abade; Alfredo, Rui e Reina; Madeira e Toupeiro; Ângelo, Parra, Campos, Gralho e Nuno. C.U.F.: José Maria; Durand, Palma e Abalroado; Oliveira e Vale; Rodrigues, Orlando, Bispo, Carlos Alberto e Uria.
Na 4.ª Jornada, em Olhão, com o Barreirense (BAR): SCO: Abade, Alfredo, Bento e Toupeiro; madeira e Reina; Vinício, Campos, Ângelo, Nuno e Parra. BAR: Bráulio; Faneca, Abrantes e Lança; Pinto e Artur; Madeira, Correia, José Augusto, Faia e Moyano.
Na 5ª Jornada, no Porto, com o Salgueiros (SAL), as equipas alinharam: SAL: Adelino; Geninho, Gonçalves e Chau; Branco e Lenine; Chico, Paraíba, Sampaio, Tai e Benje. SCO: Abade: Alfredo, Toupeiro e Bento; Madeira e Reina; Vinício, Ângelo, Parra, Gralho e Viegas.
Na 7ª Jornada, no Barreiro, com a C.U.F., as equipas: CUF: José Maria; José Luís, Palma e Durand; Carlos Alberto e Orlando; Gastão, Rodrigues, Oliveira, João Gomes e Uria. SCO: Abade; Alfredo, Rui e Bento; Madeira e Reina; Vinício, Ângelo, Campos, Cava e Nuno.
Época 1961/62, no Campeonato Nacional da I Divisão, logo na 1.ª Jornada, em Olhão, com o SCC, as equipas alinharam: SCO: Filhó (ex-Farense); Alfredo, Luciano e José Maria (ex-Farense); Madeira e Reina; Matias, Gralho, Campos, Mateus (ex-Caldas) e Armando (ex-Marinhense). SCC: Rita; Lourenço, Carlos Alberto (ex-Leixões) e Couceiro; Patiño e Lãzinha; Manteigueiro, Chacho, Adventino (ex- Lusitano), Adriano (ex-Boavista) e Palmeiro Antunes (ex-CUF).
Na 2.ª Jornada, em Coimbra, com a Académica (ACA), as equipas: ACA: Maló; Curado, Torres e Araújo; Moreira e Abreu; Rocha, Gaio, Chipenda, Miranda e Armando. SCO: Filhó; Alfredo, Luciano e Nunes; Reina e Rui; Matias, Madeira, Campos, Mateus e Armando.
Na 3.ª Jornada, em Olhão, com o Benfica (SLB): SCO: Filhó; Alfredo; Luciano e Nunes; Reina e Rui; Matias, Campos, Madeira, Mateus e Armando. SLB: Costa Pereira; Ângelo, Serra e Cruz; Neto e Cavém; José Augusto, Santana, Eusébio, Águas e Coluna.
Na 4.ª Jornada, em Évora, com o Lusitano de Évora: LEV: Vital; Piscas, Falé e Paixão; Sousa e Vicente; Adelino, Tonho, Walter, Miguel e José Pedro. SCO: Filhó; Alfredo, Luciano e Nunes; Reina e Rui; Matias, Campos, Madeira, Mateus e Armando.
Como se pode tornar algo fastidioso, para além do espaço que o não permite, tão só referir, para memória de muitos, as equipas adversárias do SCO. Assim, na 5ª Jornada, em Olhão, com o F. C. Porto, que alinhou: Américo; Virgílio, Festas e Mesquita; Ivan e Paula; Carlos Duarte, Ponto, Azumir, Hernani e Serafim.
Na 6.ª Jornada, com o Atlético, este alinhou: Pinho; Ferreira e Saturnino; Trenque, Luz e Inácio; Moreira, Carlos Alberto. Gomes, Peres e Palmeiro.
A 7ª Jornada foi com a CUF, e a 8ª Jornada com o Vitória de Guimarães, onde militavam os jogadores que formaram a seguinte equipa: Ramin; Freitas, Silveira e Daniel: Caiçara e Virgílio; Augusto Silva, Pedras, Amaro, Romeu e Nunes.
Na 9ª. Jornada coube a vez do Beira Mar, então com esta equipa: Bastos; Valente, Liberal e Moreira; Amândio e Evaristo; Miguel, Marçal, Garcia, Paulino e Azevedo.
À 10ª Jornada coube a vez do Sporting que se apresentou com a seguinte formação: Carvalho; Lino, Morato e Hilário; Pérides e Mendes; Hugo, Figueiredo, Diego, Geo e Morais.
Na 11ª. Jornada apresentou-se o Leixões com a seguinte equipa: Roldão; Rocha, Santana e Pacheco; Jacinto e Ventura; Chico, Osvaldo Silva, Oliveira, Ernesto e Gomes.
Na 12ª Jornada surgiria o Salgueiros; e na 13ª o Belenenses, que alinhou com José Pereira; Narciso, Pires e Rosendo; Vicente e Cordeiro, Iaúca, Matateu, Estêvão, Salvador e Peres.
Enfim, surgiria a última jornada da 1ª. volta (14ª) com o Sporting da Covilhã, na cidade serrana, numa altura efervescente para os Leões da Serra face a um castigo imposto pela FPF a cinco jogadores do SCC (Rita, Couceiro, Lanzinha, Chacho e Palmeiro Antunes), que, após reclamação ilibaram do mesmo o Lanzinha, no jogo com o Leixões, em Matosinhos, em janeiro de 1962, com o árbitro aveirense (interessado na manutenção do Beira Mar na I Divisão…), José Porfírio, de má memória. Assim, a equipa apresentou-se na Covilhã sem aqueles importantes jogadores para o clube, da seguinte forma: Alves Pereira; Patiño, Cavém e Lourenço; Lãzinha e Carlos Alberto; Manteigueiro, Adriano, Adventino, Chacho e Amilcar. E o Olhanense apresentou a seguinte formação: António Paulo; Rui, Luciano e Nunes; Madeira e Reina; Matias, Campos, Cardoso, Mateus e Armando. O encontro foi arbitrado pelo Dr. Décio de Freitas, de Lisboa.
Como eu, muitos de nós nos recordamos desses valorosos jogadores que passaram pelos vários campos do país, muitos deles de saudosa memória.
Votos de um Feliz Natal para todos quantos são obreiros do “nosso” quinzenário “O Olhanense”, para os leitores e também para a histórica coletividade olhanense, que um dia espero ainda ver de novo, entre os maiores do futebol português, emparceirando com o clube serrano. E que o Ano Novo traga as maiores venturas para todos.


(In "O Olhanense", de 15-12-2019)

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