Chegámos ao final dum ano, e
de uma década, de muitos acontecimentos, tanto de âmbito nacional como deste
Planeta. Positivos uns, perspetivados em receios outros, com irresponsáveis ações
de despreocupação de muita gente.
Líderes internacionais que não
se entendem, num bradar aos céus de estúpidas condutas egocêntricas.
A responsabilidade que cabe a
cada humano é enorme, mormente nos dias que correm. Ao longo das precedentes
décadas, dum tempo que passa e não espera, sempre houve líderes que deixaram
marcas de eficaz passagem à face da Terra, como de inoperacionalidade a que só
o tempo consegue ditar as suas boas ou más memórias.
Num breve balanço desta década
que agora termina, a segunda do século XXI, logo em abril de 2010 foi a vitória
eleitoral de Viktor Orbán, na Hungria. Em 2011, Anders Breivik assassinou 69
jovens na ilha norueguesa de Utoya, depois de ter matado à bomba oito pessoas
em Oslo. Movem-se extremas-direitas: Salvini, Le Pen, Trump. Se marcaram a
década os atentados de Paris de 2015, já os de Nova Iorque, Madrid e Londres
marcaram a anterior.
Nesta década, muitos
portugueses voltaram a emigrar como não acontecia desde os tempos da Guerra
Colonial. Uma pequena e dramática parte dos migrantes são os 22 milhões de refugiados
registados pela ONU em todo o mundo. O Mediterrâneo transformou-se no maior
cemitério mundial de migrantes (15,8 mil mortos desde 2014). Em França foi a
agitação dos coletes amarelos (2018-2019) com as greves destes dias
contra Macron.
Das seis greves gerais convocadas
em Portugal em 45 anos, metade foram nesta década (2010, 2011 e 2013). Já em
2011, a Primavera Árabe foi um dos maiores movimentos simultâneos de
contestação social e política da história, à escala internacional.
Termina, pois, uma década que
começou com os efeitos devastadores da crise que abalou o coração do sistema
financeiro mundial, transformando-se na Grande Recessão, que nasceu nos Estados
Unidos com a crise do subprime (2007) e com a queda do Lehman Brothers
(2008) tendo-se propagado em ondas de choque à escala global, atingindo com
mais violência as economias ricas do Ocidente. Na segunda década do século XXI,
entraram em cena novas e velhas correntes populistas e nacionalistas. À escala
global, foi nesta década que nos países mais fragilizados, com a desigualdade
incompreensível, a corrupção foi mais pungente.
Voltamo-nos para o nosso País.
Conforme refere o jornalista Manuel Carvalho, o País continua à venda: “Mas
depois da terrível destruição de riqueza nacional na era da troika e dos
exemplos de incúria e dos abusos que destruíram a PT, que expurgaram a EDP de
capital nacional ou entregaram a banca nacional ao capital espanhol ou angolano
seria de esperar uma breve pausa para respirar. Não é isso que acontece”.
Vamos entrar nos anos 20. É
uma década decisiva para o mundo, sobre tudo o que já sobejamente tem sido
divulgado nos órgãos da comunicação social, e redes sociais, desde a crise
climática à crise da democracia “sem esquecer as crises de regimes e modelos de
sociedade que motivaram múltiplas rebeliões”, na opinião abalizada do
jornalista Vicente Jorge Silva.
O que nos vai trazer 2020? Sem enumerar muitos casos,
lembramos tão só, já em janeiro, o impeachment a Trump; as primárias no PSD,
cujo 2019 foi o annus horribilis para a direita (PSD e CDS), no dia 11
de janeiro; o debate instrutório da Operação Marquês, de 27 a 31 de janeiro; o
novo presidente do CDS, dias 25 e 26 de janeiro; o Brexit no dia 31 de janeiro;
o novo líder da CGTP, no dia 2 de fevereiro; a abertura dos arquivos de Pio
XII, pelo Vaticano, em 2 de março; o Festival Eurovisão da Canção, em Roterdão,
de 12 a 16 de maio; a comemoração dos 75 anos da assinatura da Carta das Nações
Unidas, a 26 de julho; início do Euro 2020, em 12 de julho; a reunião do G7, de
10 a 12 de julho; a quinta revisão do Tratado de não Proliferação de Armas
Nucleares, nos 75 anos dos bombardeamentos de Hiroxima e de Nagasaki, em 8 e 9
de agosto; os Jogos Olímpicos de Tóquio, com início em 24 de julho; a Expo do
Dubai, em 20 de outubro; a Web Summit em Lisboa, de 2 a 5 de novembro; as
Presidenciais nos EUA, no dia 3 de novembro; a Cimeira do Clima, em Glasgow,
nos dias 19 e 20 de novembro; e em 31 de dezembro, o fim da concessão dos
Correios, como serviço postal universal.
(In "Notícias da Covilhã", de 09 de janeiro de 2020)
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