Bem-vindos. Já lá vão vinte
anos do século XXI. Pela parte que me diz respeito, já me encontro na linha da
frente daqueles que, felizmente, foram somando anos à vida neste mundo. Mas
como no tempo da Volta a Portugal em Bicicleta, começo-me a aproximar do carro
vassoura. No entanto, tento ainda pedalar, até que Deus queira.
Muito se tem falado sobre estas
duas décadas que nos antecederam pelo que não vou ser repetitivo do que já
escrevi para outros periódicos.
De certo modo é parecido o
tempo de ontem com o de hoje. Paradoxalmente, ele é mesmo muito diferente. Mas
as duas situações são causa de curiosidade renovada.
“Como será Portugal daqui a 20
anos? Um país independente ou uma colónia de dados?” Em parangonas é o título
da edição do aniversário dos 155 anos do Diário de Notícias, de 28 de dezembro,
número especial sobre o passado, o presente e o futuro, como no mesmo é
referido. É sobre o futuro que aí vem muito próximo o potencial disruptivo da
inteligência artificial e da bioengenharia, que se vai desenrolar ao longo
destas próximas décadas.
Mas também é preciso ter
presente a atenção que deve existir sobre boatos, falsidades, notícias que
atropelam o rigor, mentiras tantas vezes repetidas que se tornam verdades em
que muita gente acredita, conceito este, antigo, mas que agora ganhou nome
moderno, e que dá pelo de fake news.
Ao entrar neste novo ano, favorecido
por um certo lenitivo após compromissos que havia assumido e dos quais o
sucesso aconteceu, acreditando que não só por ação pessoal mas também por ajuda
divina, espero neste ano ter um grande evento, para os tempos que correm.
E, na continuidade das
crónicas, terei todo o prazer em transpor muito do que me vai na alma, ao gosto
dos leitores, conforme me tenho apercebido, sem descurar o presente, para as
páginas dos periódicos que para tanto me dão essa oportunidade de ocupar algum
espaço.
Se muitos gostam da “fábrica
da nostalgia” já outros, por vezes estranhamente desmemoriados, optam por fazer
esquecer o passado. Gosto de falar num enovelar do passado com o presente,
dirigido ao futuro.
E é nesta diversidade que se
dá oportunidade a todos de se interessarem pelos periódicos, num país onde a
leitura deixa muito a desejar, muito contribuindo o facilitismo das redes
sociais que afasta cada vez mais os apaixonados pelo papel.
Na primeira metade do século
XX corria o ano de 1946 e liderava o nosso País o general António Óscar de
Fragoso Carmona, que, face à sua doença, havia sido substituído, interinamente,
por António de Oliveira Salazar, na ditadura do Estado Novo, para depois
regressar, vindo a falecer no exercício das suas funções.
Em França, nessa mesma época,
a liderança foi de Charles de Gaulle/Félix Gouin/George Bidault/Léon Blum. Na
Itália mandava Alcide de Gaspieri. No Reino Unido, Clement Attlee. Nos EUA
liderava Harry S. Truman, que sucedera a Frankin Roosevelt. E o Papa, que é
contestado pelos judeus, era Pio XII. Se em Espanha havia a liderança de
Francisco Franco, já a Alemanha, após ter sido vencida da II Grande Guerra, era
administrada pelas Forças Aliadas.
Nasci e contribuí para, nesse
ano, atingir o número de 107 128 homens e uma população de 8 178 360
almas.
Neste mesmo ano, Winston
Churchill (dirigente do Partido Conservador e Primeiro Ministro da Grã-Bretanha
durante a II Guerra Mundial), num discurso em 5 de março, criticou
violentamente a União Soviética, referindo-se à “cortina de ferro” que dividira
a Europa em “povos livres” (a ocidente) e “povos dominados” (a leste). Tornava-se,
desta forma, público o divórcio entre antigos aliados e o início da Guerra
Fria. No dia 1 de maio desse ano, o Reino Unido preparava um plano para separar
a Palestina em dois Estados independentes, um judeu e outro árabe, para, em 16
de outubro, terminar o julgamento por crimes de guerra celebrado em Nuremberga,
Alemanha.
O Belenenses ganhou nesse ano,
pela primeira e única vez, o Campeonato Nacional da Primeira Divisão e o
Sporting vencia a Taça de Portugal.
Esperamos que nos próximos vinte
anos não seja necessária a inteligência artificial mas a consciência humana
para resolver, ou mesmo atenuar, as consequências nocivas do problema climático
global.
(In "Jornal fórum Covilhã", de 15-01-2020)
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