Mais perto de sete décadas e meia
de vida que dum número redondo, não consigo parar de escrever. É que escrever é
viver, é ter sentido de vida. Fico melancólico quando vejo desaparecer
escritores e cronistas de eleição, como foram Eduardo Prado Coelho, em 2007, e
agora Vasco Pulido Valente. Deles guardo algumas crónicas, não esquecendo,
deste último, a “Geringonça”.
Todas as manhãs dou uma vista de
olhos pelos jornais online, sendo que de alguns fica para mim o registo de algo
interessante quão de importante. Fico deslumbrado quando alguma coisa coincide
com as muitas minhas memórias que guardo. Memórias que para os jovens pouco ou
nada lhes diz. Já a sua valorização tem eco nas gerações de 50 e 60, se bem que
de alguns, já nas suas licenças vitalícias, por vezes duma forma estranhamente
precoce, preferem o comodismo do sofá perante os canais televisivos.
Não sou contra as redes sociais
nem as formas digitais de agora a comunicação social se ver obrigada a estar
presente. Isto terá estado na futurologia das comunicações. No entanto, o
cheiro e o tato do papel são ainda de grande preferência por muitos, independentemente
das novas tecnologias.
Sobre este assunto me referi no
dia 15 de março de 2012, num painel que integrei, na Universidade da Beira
Interior, no âmbito dum fórum sob o tema “O Futuro do Jornalismo”, cuja alma
foi o sobejamente conhecido jornalista Adelino Gomes.
Li a crónica de Lopes Marcelo, no
número de 19 de fevereiro, da Gazeta do Interior – “Habitar as Palavras”
– que muito apreciei, como, aliás, todas os seus artigos, assim como da
generalidade dos cronistas deste semanário, o que me levou a puxar do baú das
minhas memórias, tendo em conta, como refere, “Mais de duas centenas de
crónicas. Já quase duas décadas de encontros mensais com os leitores da
Gazeta”. Gostei, fez-me sentir a nostalgia de quando comecei a escrever no Notícias da Covilhã, em 14 de novembro
de 1964, depois em mais de 30 jornais e revistas da Covilhã, Região Beirã e do
País, até aos dias de hoje, já lá vão 56 anos, perfazendo 605 crónicas, artigos
de opinião e algumas notícias.
Hoje, com regularidade mensal,
são dois semanários desta região, um quinzenário algarvio e o editorial de um
boletim trimestral.
Mas também tive o prazer de
escrever na Gazeta do Interior, a
primeira vez em 17 de maio de 1990, há quase 30 anos.
Não poderei esquecer um amigo que
há pouco partiu e que nesta região se havia radicado durante muitos anos e
deixou marcas do seu jornalismo, o meu amigo José Maria Ventura daa Silva
Balonas.
Votos do maior sucesso para a Gazeta
do Interior.
João de Jesus Nunes
jjnunes6200@gmail.com
(Texto enviado à "Gazeta do Interior", em 24-02-2020, mas que não teve publicação)