“As novas gerações não fazem a
mínima ideia de que temos uma canção no nosso património que já foi um êxito
espetacular em todo o mundo com mais de 1000 versões interpretadas por grandes
nomes da música internacional, ou ainda por orquestras famosas.
É uma composição de Raul Ferrão,
com letra de José Galhardo, e o título é ‘Coimbra’. O seu primeiro intérprete
foi Alberto Ribeiro numa serenata a Amália Rodrigues, uma cena do filme ‘Capas
Negras’, de 1947. Nunca se imaginou que viria a ser um superêxito mundial, mas
quase sempre com o título ‘Abril em Portugal’”. Esta é uma narrativa de Carlos
Cruz da sua rubrica no Tal & Qual,
que ainda se reporta a um documentário transmitido pela RTP 2 sob a designação
“Coimbra, a História de uma Canção”.
Não é preciso trazer à discussão
a “Coimbra dos Doutores”, na letra desta canção, para fazer notar o muito que
anda por aí de pontapés na gramática e irreflexões no contexto da linguagem
escrita e falada, por gentes das televisões, e dos jornais, para já não
falarmos nos apanhados das redes sociais.
Alguns casos que me chegaram às
mãos, há mais de um ano, são bem evidentes de quanto a língua de Camões muitas
vezes é ultrajada, algumas no lapso da expressão oral duma conversação, outras
na precipitação de não encontrar ligação rápida adequada, mas outras são por
exibição da sua oratória que acabou por cair no ridículo.
Algumas frases quase que ganharam
imortalidade. Se não, vejamos:
- Estar vivo é o contrário de
estar morto. – Lili Caneças
- Nós somos humanos como as
pessoas. – Nuno Gomes – SL Benfica
- Quem corre agora é o Fonseca,
mas está parado. – Jorge Perestrelo
- Inácio fechou os olhos e olhou
para o céu! – Nuno Luz (SIC)
- Juskowiak tem a vantagem de ter
duas pernas! Chutou com o pé que tinha
mais à mão –
Gabriel Alves.
- É trágico! Está a arder uma
vasta área de pinhal de eucaliptos. – Jornalista da RTP
- Um morreu e o outro está morto.
– Manuela Moura Guedes
- Antes de apertar o pescoço da
mulher até à morte, o velho reformado suicidou-se. – João Cunha, testemunha
de crime.
- Quatro hectares de trigo foram
queimados. Em princípio trata-se de incêndio. – Lídia Moreno (Rádio Voz de
Arganil)
- À chegada da polícia, o cadáver
encontrava-se rigorosamente imóvel. – Ribeiro de Jesus, PSP de Faro
- O acidente provocou forte
comoção em toda a região, onde o veículo era bem conhecido. – António Bravo
(SIC)
- Ele contraiu a doença em vida. –
Dr. Joaquim Infante, Hospital de Santa Maria
- Há muitos redatores que, para
quem veio do nada, são muito fiéis às suas origens. – António Tadeia,
Crónicas do Correio da Manhã
- Os sete artistas compõem um
trio de talento. – Manuela Moura Guedes (TVI)
- Esta nova terapia traz
esperanças a todos aqueles que morrem de cancro em cada ano. – Dr. Alves
Macedo, oncologista
- O difícil, como vocês sabem,
não é fácil. – Jardel
- Em Portugal é que é bom. Lá, a
gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias. – Argel, jogador do Benfica
- Tenho o maior orgulho de jogar
na terra onde Cristo nasceu. – Djair, jogador do Belenenses ao chegar a
Belém (zona do Restelo – Mosteiros dos Jerónimos) no dia que assinou contrato
com este clube
- Finalmente, a água corrente foi
instalada no cemitério, para satisfação dos habitantes. – Presidente da
Junta de Freguesia do Fundão
E ficamos por aqui. Passemos dos
momentos de tristezas, que não pagam dívidas, para alguns de hilaridade.
João de Jesus Nunes
(In “ Notícias
da Covilhã” digital, de 18-08-2022)