Não encontrei. Assoberbado com a
arrumação do meu escritório, na base da eliminação de milhares de documentos
que reputo já desnecessários, são dezenas de quilos de papel para o Banco Alimentar. Aguardo também um novo PC
já que não gosto de portátil. Esse encarrega-se de ser utilizado pela minha
Mulher.
Felizmente que ainda vivo no
tracinho com uma só data – a do nascimento. É trave-mestra onde a vida assenta,
palco de alegrias e tristezas. Por isso, enquanto a outra data que se une ao
tracinho não surgir, cá irei empenhar-me naquilo que eu mais gosto – a escrita.
Desta vez não desejo falar das
reivindicações dos professores, dos médicos, das forças de segurança, dos
agricultores, dos bombeiros, e de outros et
ceteras. Muito embora me preocupe
e revolte no sentido dos prós e dos contras. Nem mesmo das eleições antecipadas
neste Portugal Continental e dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira.
Diz com profundidade José Paulo Fafe, in Tal & Qual de 8 de
março de 2023: “Basta olhar para o plenário para perceber que o mesmo, salvo
poucas e honrosas exceções, não passa de um ‘espelho’ de uma sociedade que
insiste em nivelar-se por baixo, e premiar os que se dispõem a aceitar as
regras de um jogo viciado, em busca de uns efémeros dois ou três minutos de
fama. Onde há 30 ou 40 anos tinha
assento muito do melhor que existia na nossa sociedade. Hoje o Parlamento reúne
o refugo e as sobras de um país que teima promover no seu seio não os melhores,
mas apenas os que, à falta de outra coisa, encontram no exercício da política a
sua ocupação principal, usando-a como trampolim e porta giratória para lugares
que, de outra forma, não estariam ao seu alcance.”
Desbarata-se muito dinheiro neste Portugal de todos nós. Se há
problemas com um Banco a caminho duma possível falência, logo se arranjam
formas de encontrar o antídoto para o problema.
Se há despedimentos por incapacidades gestoras, ou chico-espertismo de
indemnizações indevidas, abafa-se com apoios milionários. Descoberta a careca,
surgem os problemas adicionais, com recursos tribunais, e por aí fora.
O depauperado povo português continua a não ser ouvido, ou só quando há
eleições, para resolver a eliminação de fatores adversos ao que havia sido
combinado, como o exemplo das SCUTS nas A23 e A25. E lá estou eu a entrar
naquilo que acima prometi: não meter hoje o bedelho em determinados assuntos.
Enfim, defeitos da peça.
Revolta-me o conhecimento que nos chega, quase no segredo dos deuses,
dos milhões que António Costa doou às antigas Colónias, que brada aos céus. E
até milhões para um museu de Angola, salvo erro. Bolas! Assim não! Esse
dinheiro faz falta ao povo português.
Fica, para terminar numa parte humorística, um interessante
acontecimento que o meu Amigo João Brás teve, indiretamente, com o seu vizinho
de então, arquiteto José Guerra Tavares, na casa onde viviam perto do Campo das
Festas (o João ainda lá vive).
Corria o ano de 1980. À porta do Senhor Arquiteto, certamente por
ausência temporária do mesmo, alguém interessado nos seus serviços lhe deixou
um galo, com as patas atadas, dentro dum saco de serapilheira, juntamente com
outras coisas. Tudo bem, os vizinhos não se incomodaram com a encomenda que
ficara ali durante a noite. Só que o galo, de madrugada, começou a cantar e não
parava. Foi quando os vizinhos foram alertados para resolver a situação.
E, por hoje, bonda, como dizia a minha Avó, que ainda vinha da
Pousadinha para pagar a décima nas Finanças da Covilhã. Até à próxima!
João de Jesus Nunes
(In “Jornal Fórum Covilhã”, de 21-02-2024)