É também a ânsia de encontrar
respostas mais céleres para as necessidades do meio em que se vive, expressar
os sentimentos de cada um para alegria das suas gentes, ou numa maior dimensão
dum certo lenitivo, projetado no orgulho duma representatividade local que
atualmente pode galgar muros além-fronteiras.
O gosto pelo cheiro do papel e
o levar o jornal debaixo do braço para poder ser lido na oportunidade da
apetência de curiosidades – quantas vezes com recorte da notícia para
recordação – tinha grande incidência enquanto o véu das novas tecnologias ainda
não havia sido aberto.
Mas, paradoxalmente, se já por
um lado o jornalismo contribuiu para alterar a tradição, também o rumo da sua
revolução, no nosso planeta, nos transportou para um mundo imparável de outras
formas de informação.
Quantos periódicos já
desaparecerem deixando de estarem à disposição dos interessados, os verdadeiros
leitores, colocados nas bancas, nos escaparates, mesmo nas bibliotecas
municipais, nos quase esvaziados clubes, destes periódicos, associações ou
instituições?
Variadíssimas vezes me sinto
constrangido ao visitar uma biblioteca e não encontro o livro, ou jornal, que
sei que foi doado à mesma, ou objeto de um encaminhamento do periódico, a
pedido, numa displicência, quando se vai encontrar o mesmo, ainda envolto no
plástico, ou mesmo não passa de um acumular de jornais oferecidos sem leitura
dos poucos que frequentam a agremiação. E também os livros da biblioteca do
clube, do grupo associativo, na sua maioria oferecidos, não passam de mais um
volume, não catalogado, que vai aumentar o amontoado de papel…
Mas tenhamos calma. Se bem que
segundo um inquérito à qualidade de vida do INE mostra que a satisfação dos
portugueses com a vida em geral aumentou em relação ao período pré-covid-19,
conforme narra Natália Faria no Público de 21 de abril de 2023, não
deixa de ser preocupante que mais de metade da população portuguesa com 16 e
mais anos passa um ano sem ler um único livro.
No entanto, no que concerne a
jornais e revistas, segundo um estudo do Bareme Imprensa da Marktest
quantifica em 6,6 milhões o número de portugueses que contactam com esta
comunicação social. Ou seja, 6.575 residentes no Continente com 15 e mais anos
que no período entre setembro a novembro de 2019, leram ou folhearam jornais ou
revistas, o que representa 76,8% do universo em estudo.
O referido estudo Bareme
Imprensa da Marktest quantifica, na vaga de 2023, em um milhão e 453 mil
portugueses que leram a última edição de um jornal e em 2 milhões e 267 mil que
leram a última edição de uma revista. Estes valores correspondem, respetivamente,
a 16,9% e a 29,4% dos residentes no Continente com 15 e mais anos.
A análise dos dados
disponíveis permite observar como a afinidade com jornais e com revistas é
diversa entre os vários grupos sociodemográficos.
Os homens, os indivíduos entre
os 35 e os 54 anos, assim como os empregados nos serviços, comércio e
administrativos e os pertencentes às classes alta e média alta são quem
aparenta consumo de jornais acima da média do universo. Já no caso das
revistas, regista-se mais afinidade entre as mulheres, os indivíduos entre os
35 e os 64 anos, os desempregados e os indivíduos da classe alta.
Os momentos da vida atual,
contextualizados nos tempos ocupacionais, para além da atividade profissional
que tantas vezes já teve os seus dias de finalização, não são pretexto para uma
redução, ou mesmo eliminação, na leitura, tão necessária para colocar a nossa
parte cognitiva desperta.
Muita gente não tem ideia do
quanto não é fácil escrever regularmente para um periódico de prestígio. Com a
cumplicidade da sua graciosidade. Escrever por amor tantas vezes não
compreendido, antes pelo contrário, muitas vezes injustamente criticado.
O quinzenário O Olhanense,
que completou agora 61 anos de vida, pela mão de pessoas que, sem qualquer
proveito remuneratório, o colocam atempadamente nas bancas e enviam para
aqueles que ainda preservam a sua assinatura, é um exemplo de autêntico amor
aos fins para que o mesmo viu a luz, no pensamento dos dinamizadores do sentido
de darem a conhecer, não só a sua região e costumes, mas ainda o seu clube de
coração, embora dilacerado mas no surgimento de outro que o venha
“paralelamente” memorizar, no caminho da celebração do centenário de ter sido
Campeão de Portugal – o saudoso Sporting Clube Olhanense.
Sou um assinante do Jornal “O
Olhanense”, cumprindo os meus deveres do atempado pagamento da sua assinatura,
para receber as notícias dum dos meus clubes do coração, de terras algarvias,
na recordação dos tempos em que o mesmo defrontava, na então I Divião, o meu
Sporting da Covilhã, serrano, também centenário, que este ano sofreu um revés
com a descida à 3ª Divisão, que não conseguiu superar.
Não são só notícias da
Coletividade algarvia, mas também no orgulho da minha colaboração de há um
quarto de século, nas páginas deste prestigiado jornal, onde a vertente dos
conteúdos não é exclusiva do desporto, mas também na integração de muitas
facetas de opinião de vários autores.
Enquanto na minha região tenho
vários jornais que podem falar da Coletividade mais representativa desta região
serrana, penso que nessa região é o Jornal O Olhanense o que mais fala e
incentiva – senão o único – na defesa do Clube da sua terra.
Será de uma enorme injustiça
se não for reconhecido o trabalho insano do Homem do leme deste quinzenário, de
há muito tempo, após o falecimento de Herculano Valente, na pessoa do seu
Diretor e prezado Amigo, Mário Proença, num trabalho hercúleo, a maioria das
vezes sozinho, o Homem dos sete ofícios no periódico, conseguindo acrescentar
tempo ao tempo para diversos artigos no mesmo Jornal.
Também os méritos dos Amigos
Isidoro Sousa e do atual Presidente do Clube, Manuel Cajuda.
Fico por aqui, porque o texto já vai longo, formulando votos para os
êxitos dos nossos dois Clubes e os parabéns por mais uma primavera alcançada
pelo Jornal O Olhanense, num abraço ao incansável Homem da corrente, que
luta contra o vento, Mário Proença.
João de Jesus Nunes
jjnunes6200@gmail.com
(In “O Olhanense”, de 01-06-2024)
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