8 de outubro de 2004

MEMÓRIAS DO PADRE JOSÉ NABAIS

Também lá estive. Fui dar um abraço ao Padre Nabais.
Foi no domingo, 3 de Outubro, que este sacerdote também quis comemorar na sua antiga paróquia – Aldeia do Carvalho (hoje Vila) – as suas Bodas de Ouro sacerdotais.
Foi meu professor de música (disciplina então designada de “Canto Coral”) na Escola Industrial Campos Melo, na década de sessenta.
Mas já antes o conhecia como coadjutor da Paróquia da Conceição, sendo a sua característica a grande jovialidade, e com gosto pelo futebol.
Sei que tinha ido para o Brasil e do mesmo não soubera mais notícias.
Exerceu, ou iniciou a sua missão apostólica na Covilhã, no tempo em que, nesta cidade, eram responsáveis pelas quatro paróquias, padres que deixaram marcas indeléveis de persistente trabalho, sob a hierarquia de D. Policarpo da Costa Vaz.
O quarteto era então formado pelo Padre José Andrade (Conceição); José Domingues Carreto (S. Pedro); Joaquim Santos Morgadinho (S. Martinho); e José Batista Fernandes (Santa Maria), todos já fora do mundo dos vivos.
Nesse tempo, e noutra vertente, o então jovem padre – Fernando Brito dos Santos – exercia, entre outras tarefas, uma dinâmica acção (que duraria muitos anos) junto dos jovens, inseridos na Juventude Operária Católica, em tempos difíceis do anterior regime político do país.
E, na Aldeia do Carvalho, acumulava com a Paróquia dos Penedos Altos, e Borralheira, um outro padre de grande dinamismo – António de Oliveira Pita – que, nos primórdios da década de sessenta, em que poucos tinham automóvel, ele se deslocava de moto.
Foi exactamente o Padre Pita que viria a ser substituído, em Aldeia do Carvalho, pelo Padre José Nabais Pereira, onde esteve durante dez anos, deixando um trabalho de continuidade, que iniciou, de grande mérito.
Foi muito agradável ver o carinho que a Vila lhe dispensou, no dia 3 de Outubro, não esquecendo a sua acção em várias vertentes daquela paróquia e freguesia, sem omitir o desporto.
Foram-lhe entregues várias prendas, mas, de grande significado, também os actuais jovens recordaram o que os seus progenitores lhe disseram do Padre Nabais, sobre o desporto, e, no final da Eucaristia, ofereceram-lhe uma bola de futebol. O Padre Nabais, ao desembrulhá-la, cheio de alegria, deu de imediato uma cabeçada na redondinha.
Vou memorizar, para o final, esta passagem com o Padre José Nabais, jovial e muito amigo do futebol, que se reporta a Fevereiro de 1962, portanto, no início do seu trabalho à frente da Paróquia de Aldeia do Carvalho:
Participei no baptizado dum primo, em Aldeia do Carvalho; foi um domingo que, por sinal, coincidiu com um dia grande para o futebol na Covilhã – o Benfica vinha jogar ao Santos Pinto com os Leões da Serra, então na Primeira Divisão (como se designava na altura). Meus pais foram os padrinhos e, tal como aos pais do neófito, a todos lhes foi recomendado pelo Padre Nabais para que não chegassem atrasados à igreja (pois iam da Pousadinha para Aldeia do Carvalho), porque ele queria ir ver o Benfica.
Terminado a cerimónia, logo um táxi esperava o Padre Nabais para o levar ao estádio de futebol e, se bem se recordam, o Sporting da Covilhã ganhou por 2-1 (golos de José Augusto, pelo Benfica; de Amílcar e Chacho, pelo Sp. Covilhã).
Foi o “milagre” do padre Nabais...

(In “Notícias da Covilhã”, de 08/10/2004)

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