Uma cidade com uma equipa do desporto-rei bem representativa da sua região – como é o caso da Covilhã – e singrando a um patamar onde se possam encontrar outros grupos com marca de índole nacional, são uma mais-valia para a vida comercial e no âmbito do turismo, da própria região.
Assim foi noutros tempos. Assim pensamos, e esperamos, que possa acontecer daqui por diante, face ao êxito conseguido pelo histórico Sporting da Covilhã.
Arrumada que foi a casa pela equipa directiva, com sacrifício, e com a colaboração forte duma figura já sobejamente conhecida da Covilhã, há que extrair as ilações do passado e preservar a boa vontade e empenho das pedras basilares que deram ensejo a esta fase de ascensão da colectividade serrana.
Divisões abaixo da Liga Vitalis nunca mais! Mas este grito de Ipiranga só pode ter sentido se existir o apoio incondicional de todos os amigos da Covilhã, do mais pequeno ao de maiores recursos.
O pobre operário de outrora sacrificava-se para descontar a sua quota nos seus míseros salários. E assistia ao futebol de Primeira Divisão.
A vida hoteleira da cidade, e da região, aumentava um pouco as suas receitas, em dia de futebol no Santos Pinto.
E os covilhanenses esqueciam um pouco as agruras da vida, em dia de “vamos à bola”.
Depois, lá dentro, no campo, era o vibrar dos golos, a tristeza dos reveses, o frenesi dos grandes jogos, os sentimentos que iam na alma dos covilhanenses.
Uns mais vibrantes que outros, quando há golo para os da casa, todos são amigos e saltam ou gritam em uníssono.
Quando os jogos eram no Santos Pinto, na então Primeira Divisão; e depois muitos anos pelos caminhos das II e III Divisões, de campo pelado, primeiro, e relvado depois – terminaria aquela Divisão, de melhores recordações, em 1961/62, para regressar, à Primeira, numa efémera passagem, por duas vezes, na década de 80 – procurava-se o melhor sítio para assistir ao jogo. O mais óbvio era ir para um plano elevado, no alinhamento da linha de meio campo, onde se ficava equidistante das balizas e se via tudo o que se passava no meio campo. Enquanto outros se dividiam pelas bancadas central e laterais. Havia outros grupos que preferiam estar atrás das balizas da equipa que apoiam e outros da do adversário, sendo que uns eram mais adeptos do futebol de ataque e outros dando mais valor à defesa. No entanto, uns achavam mais útil apoiar os nossos atacantes e perturbar o guardião alheio ou o contrário.
De permeio, quando as coisas não agradavam a contento, os insultos à mãe do árbitro, aos jogadores adversários, num denotar do impulso educacional que vai em cada um.
Se algumas tristezas, também a hilaridade, provocada por alguns habituais que no futebol descarregam as dificuldades da vida, ou dividem o humor entre os seus pares e por toda a assistência.
De alguns gritos castiços a algumas piadas do momento, assim decorria o futebol.
Ainda na última época ouvimos o “Espanhol” e sua comitiva, enquanto, de vez em quando se soltavam uns sopros estridentes da corneta do amigo de Valverde.
Outrora foram os gritos dos malogrados Carlos Xistra (pai) a apoiar o SCC, como também soltava forte, direccionada para o homem do apito, de barriga mais saliente, a voz do José Manuel Cabeças: “pareces uma “pipa d’aguardente”.
E, com mais uns copos no antes e no após intervalos dos jogos, vamos, desta vez, afinar as vozes, para a próxima época, e transcender num entusiasmo contagiante para que não deixemos fugir o pássaro que temos na mão, pois, de contrário, é mais difícil voltar a apanhá-lo.
In Notícias da Covilhã e Kaminhos de 24/07/2008
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