20 de novembro de 2008

PROBO COVILHANENSE

No caminhar da vida, fui privilegiado com muitos mestres do saber que formaram a minha personalidade, de harmonia com os talentos de cada um, começando por meu pai – o meu primeiro professor –, divididos pelos períodos académico e de vida profissional.
Da Primária, no Asilo, ao Secundário, na Escola Industrial e Comercial Campos Melo, memorizo perto de meia centena de mestres do ensino, desde os professores Raul e Tendeiro, na primária, aos Drs. Castro Martins, Oliveira Dias, Carneiro, Fidelino, Duarte Simões, Mª Adelaide Maia, Maria Cerdeira, Maria Céu Proença, Edite Castro Martins, Irene Portela, Arquitecto Calais, entre outros que, por fastidioso, não enumero.
Alguns deles deixaram marcas profundas da sua influência, não só na formação dos seus pupilos, como também ao serviço da cidade, e até do País, mostrando a têmpera forte do guerreiro Viriato, nos tempos em que era difícil impor-se, com uma integridade de carácter, a que alguns já foi, ainda que tardiamente, feito jus às suas obras.
Orgulho-me de ter tido dois professores cujos nomes já se perpetuam em duas ruas na parte sul da cidade.
Mas não tive como mestre do ensino uma figura de alto gabarito, que desapareceu do mundo dos vivos no dia 4 de Novembro – o Dr. António dos Santos Taborda – que conheci na mesma instituição onde iniciei o Secundário, na época de 1958/59. A sensação foi a de que era um professor por quem os alunos tinham uma grande respeitabilidade.
Comecei a vê-lo envolvido na vida pública, e recordo, com grande interesse, uma célebre polémica, num periódico da Região, com uma outra figura de prestígio na cidade, o advogado Crespo de Carvalho, com posições antagónicas na vida portuguesa.
Várias intervenções suas na comunicação social eram sempre de grande interesse e oportunidade – aquelas que escaparam ao lápis azul da censura – mas, muito cedo, este Homem é abafado do ensino, por ser vertical e não ter tido receio de apoiar com grande entusiasmo a candidatura do general sem medo, à presidência da República.
Presidia eu à APAE Campos Melo, quando deliberámos fazer uma homenagem aos antigos professores e funcionários que exerceram funções na Escola Industrial até ao ano 1960, a qual se veio a realizar em 14/12/1996.
Nessa altura tive oportunidade de convidar, telefonicamente, o Dr. António dos Santos Taborda, que não pôde estar presente, e, num ambiente cordial, e alegre, perguntei-lhe: “Dr., ainda usa bigode?”, como era característico da sua imagem, tendo-me respondido afirmativamente, e a rir-se.
As suas crónicas eram de fino trato e ávidas de serem lidas. Na minha última publicação, que saiu a lume em 2 de Junho de 2007, na CMC, lá está o Dr. António Santos Taborda, numa das minhas pesquisas, que inseri em duas páginas sob o título “O Desporto de Antanho e o nosso Sporting”, com a devida referência ao seu autor.
Penso que esta figura não chegou a ter o mérito duma justa homenagem pela edilidade covilhanense, num contraste com outras menos marcantes, o que, a verificar-se, foi uma grande lacuna que pode, e deve, ser ressalvada com a atribuição do seu nome numa das ruas da cidade da Covilhã.

(In Notícias da Covilhã de 20/11/2008)

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