Vemos a nossa cidade em grande revolução. Pretende-se substituir o ex-libris que foram as chaminés das grandes fábricas que geraram formigueiros humanos de operários. Mas isso foi outrora, agora não passam de um sonho perturbador.
Actualmente, ex-libris é outra fábrica, mas de cultura – a UBI.
No entanto, já ouvi falar que vai ser o ascensor e escadinhas de Santo André; e a ponte pedonal do centro da cidade para os Penedos Altos.
Mais obras, em projecto, com a marca indelével do presidente da edilidade que – quer queiram quer não – deixa marcas com património construído e a construir na cidade. Em projecto, o Elevador da Goldra (teimosia em terem mudado o nome, por sinal mais bonito, mas a história citadina diz que é Degoldra, senão, vamos chamar Covão da Metade, em vez da Ametade, Rua do Sarrado, como já vi…, em vez do Serrado); também o Elevador do Jardim e Funicular da Estação.
Mas a Cidade tem muitas nódoas no fato de gala que quer vestir qualquer dia, como levava D. João VI quando fugiu para o Brasil.
Algumas ruas do perímetro urbano da cidade, e mesmo nas zonas onde se estão a implantar as grandes obras, vestem calças rotas; não por ser dia de trabalho (já para poucos) mas porque irão assim permanecer porque a edilidade covilhanense ainda não encontrou um costureiro municipal para proceder aos remendos, ou fazer o trabalho de cerzideiras (onde é que elas já estão?).
Vejamos, por exemplo, na Rua Mateus Fernandes, como as fotos demonstram, a miséria que grassa naqueles muros perto das ainda instalações do CCD do Rodrigo. Mais à frente surge a imponência das obras para o ex-libris da Cidade.
Vamos dar uma ajuda e promover a colaboração – que não é fácil – para que a Cidade se vista de fato completamente novo.
(In Notícias da Covilhã de 25/03/2009 e Diário XXI de 26/03/2009)
26 de março de 2009
12 de março de 2009
DEPOIS DE SEIS DÉCADAS, VIAGEM AO BRASIL, PARA RECORDAR
Ir ao Brasil já não é difícil como outrora, em que muitos portugueses se direccionaram para tentar uma vida melhor, numa futurologia que não se vislumbrava no Portugal de Salazar. Depois, o rumo emigratório voltou-se para a Europa (França, Alemanha, Suíça).
Mas o Brasil também foi o refúgio de revoltosos, políticos, empresários: Henrique Galvão, Marcelo Caetano, António Champalimaud, como exemplos.
Mas outros portugueses, nomeadamente covilhanenses, tomaram como opção o Brasil para viverem, com uma língua comum.
Foi assim com o Dr. Carlos Barradas, covilhanense que, de tenra idade, acompanhou os seus pais para viver no Brasil; onde estudou do ensino primário ao secundário; para depois acabar por regressar definitivamente a Portugal, e à Covilhã, no já longo ano de 1947.
Mas, volvidos 61 anos, este Covilhanense viaja novamente ao Brasil, desta vez com o propósito de visitar os lugares de ensino por onde passou.
Vai daí, não é que ainda foi encontrar a sua antiga professora – Anita de Quadros – do Colégio de Santo Inácio, no Rio de Janeiro, com a provecta idade de 92 anos!
Impulsionado com uma vontade indómita para memorizar os lugares onde andou a estudar, foi com grande surpresa que veio a ser objecto das melhores atenções, quer pelos responsáveis do Liceu Municipal de Orlândia, em S. Paulo; Ginásio Nossa Senhora da Aparecida, e Colégio Estadual de Ribeirão Preto; quer no Colégio de Santo Inácio, no Rio de Janeiro; e viu o seu nome inserido no livro comemorativo do centenário daquela instituição, entre trinta mil antigos alunos. Lá constava o nome de Carlos Hélio Barata Tavares Barradas.
Na Prefeitura Municipal de Orlândia haveria de ser fotografado e objecto das maiores atenções, acabando por surgir nas notícias da imprensa local e no boletim dos antigos alunos do Colégio de Santo Inácio.
Este covilhanense haveria de mais tarde se licenciar em gestão de empresas, em Lisboa, já depois do seu primeiro regresso do Brasil.
Aqui fica o registo de que efectivamente vale a pena memorizar a nossa passagem pelas instituições de ensino, onde, jovens, aprendemos os passos culturais, e não só, para a vida.
(In Diário XXI em 12/03/2009)
5 de março de 2009
A IMPORTÂNCIA DE UMA EFEMÉRIDE
Tive a feliz oportunidade de passar pela maior “fábrica” do ensino da Região, mormente do técnico e profissional, até ao terceiro quarto do século XX – a Escola Industrial e Comercial Campos Melo – que hoje se denomina Escola Secundária Campos Melo.
Até aí, não havia hipótese de prosseguimento de estudos, e obtenção de qualquer licenciatura, face à vivência da época, com o ensino máximo praticado na Região, direccionado para uma ocupação profissional.
Com alguns trocos nas algibeiras, e o esforço financeiro dos pais, e alguma sorte, a opção universitária pouco mais seria que aceitar as instituições distantes, para a altura, de Lisboa, Porto ou Coimbra.
Mas é a Escola Campos Melo – a segunda a ser criada no País de todos nós – uma instituição de excelência no ensino, que foi frequentada por um mar de covilhanenses e de outras paragens da região, e não só, que vai dar oportunidade de aprenderem, a valer, para ficarem a saber para os vários ofícios, grande número de homens e mulheres; e ser ainda a precursora da criação da Universidade da Beira Interior.
No peito de cada um ficou aquele enigmático emblema de orgulho pela Escola onde se formaram para a vida, e os professores que os ensinaram – hoje ainda recordados como pedras vivas mesmo para além da morte.
Na celebração dos 125 anos desta Escola, vai a alegria de também ter podido contribuir, com uma minúscula parcela, para o brilho das comemorações do seu Centenário, e na génese da constituição da associação de antigos professores, alunos e empregados, que ali germinou, como primeira associação do género no País – a APAE –, evento atestado nas palavras do então Ministro da Educação, já falecido – José Augusto Seabra.
Ironizando (já lá vão uns 26 anos), numa das nossas últimas reuniões, realizadas na Sala do Conselho Directivo da Escola, então presidido pela sempre jovem professora, Maria Ascensão Simões, me expressei alegremente: “Vamos fazer os possíveis para que tudo corra bem nestas comemorações do Centenário, porque depois só podemos corrigir no segundo Centenário...” . Alguns dos que estiveram presentes já não se contam no número dos vivos, e já lá vai um quarto de século!
Muitas coisas mudaram até então.
Há dias entra no meu escritório um amigo – Carlos Barradas – covilhanense que, aos 81 anos, foi recordar no Brasil; para onde fora de tenra idade (regressou depois em 1947, para fazer a sua vida profissional na Covilhã, e constituir família); os Colégios onde estudou durante a infância e juventude: Liceu Municipal de Orlândia, em 1939, em São Paulo; Ginásio Nossa Senhora da Aparecida, em 1942; Colégio Estadual de Ribeirão Preto, de 1943 a 1945.
Foi ainda encontrar a sua primeira professora, com a provecta idade de 92 anos – Anita de Quadros – e visitar também o Colégio de Santo Inácio, no Rio de Janeiro, que frequentou em 1941.
Depois de 61 anos de ter regressado definitivamente do Brasil, Carlos Barradas ainda sentiu o impulso de ligação às suas origens do ensino naquele país.
Outra surpresa: o Colégio de Santo Inácio, ao completar 100 anos, fez sair um livro onde constam também os cerca de trinta mil alunos e professores que por ali passaram. E lá está o nome Carlos Hélio Barata Tavares Barradas, que acabaria por se licenciar em gestão de empresas, em Lisboa.
Pois bem, seria interessante, importante mesmo, que a nossa Escola Campos Melo ombreasse também com esta iniciativa, a todos os títulos meritória para a cultura da Covilhã, onde todos os que passaram por esta Instituição, tanto quanto possível, fossem recordados, constituindo também um valioso documento para a história do ensino na Covilhã.
(In Notícias da Covilhã de 5 de Março 2009)
Até aí, não havia hipótese de prosseguimento de estudos, e obtenção de qualquer licenciatura, face à vivência da época, com o ensino máximo praticado na Região, direccionado para uma ocupação profissional.
Com alguns trocos nas algibeiras, e o esforço financeiro dos pais, e alguma sorte, a opção universitária pouco mais seria que aceitar as instituições distantes, para a altura, de Lisboa, Porto ou Coimbra.
Mas é a Escola Campos Melo – a segunda a ser criada no País de todos nós – uma instituição de excelência no ensino, que foi frequentada por um mar de covilhanenses e de outras paragens da região, e não só, que vai dar oportunidade de aprenderem, a valer, para ficarem a saber para os vários ofícios, grande número de homens e mulheres; e ser ainda a precursora da criação da Universidade da Beira Interior.
No peito de cada um ficou aquele enigmático emblema de orgulho pela Escola onde se formaram para a vida, e os professores que os ensinaram – hoje ainda recordados como pedras vivas mesmo para além da morte.
Na celebração dos 125 anos desta Escola, vai a alegria de também ter podido contribuir, com uma minúscula parcela, para o brilho das comemorações do seu Centenário, e na génese da constituição da associação de antigos professores, alunos e empregados, que ali germinou, como primeira associação do género no País – a APAE –, evento atestado nas palavras do então Ministro da Educação, já falecido – José Augusto Seabra.
Ironizando (já lá vão uns 26 anos), numa das nossas últimas reuniões, realizadas na Sala do Conselho Directivo da Escola, então presidido pela sempre jovem professora, Maria Ascensão Simões, me expressei alegremente: “Vamos fazer os possíveis para que tudo corra bem nestas comemorações do Centenário, porque depois só podemos corrigir no segundo Centenário...” . Alguns dos que estiveram presentes já não se contam no número dos vivos, e já lá vai um quarto de século!
Muitas coisas mudaram até então.
Há dias entra no meu escritório um amigo – Carlos Barradas – covilhanense que, aos 81 anos, foi recordar no Brasil; para onde fora de tenra idade (regressou depois em 1947, para fazer a sua vida profissional na Covilhã, e constituir família); os Colégios onde estudou durante a infância e juventude: Liceu Municipal de Orlândia, em 1939, em São Paulo; Ginásio Nossa Senhora da Aparecida, em 1942; Colégio Estadual de Ribeirão Preto, de 1943 a 1945.
Foi ainda encontrar a sua primeira professora, com a provecta idade de 92 anos – Anita de Quadros – e visitar também o Colégio de Santo Inácio, no Rio de Janeiro, que frequentou em 1941.
Depois de 61 anos de ter regressado definitivamente do Brasil, Carlos Barradas ainda sentiu o impulso de ligação às suas origens do ensino naquele país.
Outra surpresa: o Colégio de Santo Inácio, ao completar 100 anos, fez sair um livro onde constam também os cerca de trinta mil alunos e professores que por ali passaram. E lá está o nome Carlos Hélio Barata Tavares Barradas, que acabaria por se licenciar em gestão de empresas, em Lisboa.
Pois bem, seria interessante, importante mesmo, que a nossa Escola Campos Melo ombreasse também com esta iniciativa, a todos os títulos meritória para a cultura da Covilhã, onde todos os que passaram por esta Instituição, tanto quanto possível, fossem recordados, constituindo também um valioso documento para a história do ensino na Covilhã.
(In Notícias da Covilhã de 5 de Março 2009)