Foi um dos grandes párocos da freguesia de S. Pedro, da Covilhã, entre o início da década de 40 e finais da de 60, do século passado.
Nasceu na freguesia de Aranhas, concelho de Penamacor, em 19 de Março de 1909, tendo a efeméride do centenário do seu nascimento acontecido já neste ano de 2009.
Viera de paroquiar na freguesia do Teixoso, em 1942, para a de S. Pedro, da Covilhã, onde permaneceu durante vinte e sete anos, até que a sua doença o afastou, em 1969, da sua paróquia, passando a exercer igual missão, na sua Terra, até 1973.
Tanto cá como lá deixou rastos de muita admiração e respeito.
No seu múnus esteve em desigualdade com os seus colegas da cidade, face à exiguidade da igreja – S. João de Malta.
Lutou pela construção de uma nova igreja, com mais frustrações que ânimos face aos poderes instituídos.
Não podendo alargar as paredes da igreja, cavou o salão por debaixo da mesma, onde conseguiu, ao longo do seu tempo, reunir muitos jovens e suas famílias, nas festas e comemorações no exercício da sua acção apostólica.
As então crianças e jovens desse tempo, recordam hoje os filmes e programas de televisão, nos seus primórdios (poucos a possuíam), a preto e branco, de um só canal. Era um pouco de distracção já que muito faltava aos jovens em casa, e uma forma de convívio para os familiares, retirando os pais das tabernas.
O desemprego não era tão acentuado nem havia o flagelo da droga, mas existiam as guerras coloniais, a falta de liberdade e os salários miseráveis.
No 1.º de Maio, em torno da festa de S. José Operário, no salão paroquial manifestavam-se cautelosamente os movimentos operários – JOC e LOC – expressando em palestras as suas ansiedades por uma forma de trabalho mais digna para as famílias.
Nas Conferências de S. Vicente de Paulo e de S. Tarcísio (Obra da Cadeia), exerceu forte presença e animou os confrades. Conseguiu reunir jovens nas mesmas.
Em tempo de iliteracia, que agradava ao Estado Novo, o padre Carreto lançou um interessante boletim paroquial – “ECOS DA PARÓQUIA” – cujo primeiro número veio a surgir em 12 de Setembro de 1956. Era mensal e focava várias secções: A Voz da Igreja, Momento de Reflexão, Noticiário do Mês, Liturgia, Lar de Protecção à Criança, Tribuna dos Novos, entre outras.
Reler agora aquele boletim, é passar por uns momentos nostálgicos, não esquecendo a célebre Festa da Catequese, no período do Natal, com a “compra” de prémios através das senhas que se conseguiam, ao longo do ano, pelas presenças nas missas e sessões de catequese; a notícia das visitas, dos estudantes e muitas curiosidades, o que nos leva a recordar muitos amigos desse tempo, com paradeiros diversos e alguns já fora do mundo dos vivos.
O Lar de Protecção à Criança, que a paróquia sustentava, iniciado em 1955, já não existe.
As festas de S. Pedro e de Santa Luzia, com o cariz desses tempos de antanho, com leilão de ofertas e a Banda da Covilhã a abrilhantarem, há muito que já não existe.
Permanece a festa e procissão de Nª.Sª de Fátima, com a adesão de muitos fiéis.
Recordemos que foi no tempo do padre Carreto que em 1947 se procedeu à coroação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, com uma coroa de ouro e pedras preciosas, oferecida pelas senhoras da Covilhã, com grande brilho para a cidade covilhanense.
Muito haveria a dizer do padre José Domingues Carreto, nomeadamente a sua veia de escritor, com dois livros sobre teatro – “Dois Caminhos” e “O Beijo do Menino Jesus”, sob o pseudónimo Jodocar dos Santos, tendo ainda sido autor de um filme.
A Câmara da Covilhã reconheceu os méritos deste sacerdote, há uns anos, com a atribuição de um diploma.
Penso que é chegada a altura, no ano do centenário do seu nascimento, que está a decorrer, de lhe ser dado o nome a uma rua, e, essa, seria a substituição do Largo Manuel Pais de Oliveira por Largo Padre José Domingues Carreto.
(In Gazeta do Interior, de 25/11/2009; Notícias da Covilhã e no Jornal do Fundão, de 03/12/2009 e Kaminhos).
Sem comentários:
Enviar um comentário