Não, não é o livro de Mário Zambujal, escritor que muito admiro de longa data; mas, inspirado pela sua veia literária, surgiu-me o tema para esta crónica, após uma breve semana de férias, cujo Verão foi pouco “silly season”.
A geração actual depara-se com uma montanha de problemas, jamais sonhada pelos avós, levando uns quantos jovens, e não só, ao desespero e a enveredar por caminhos ínvios dos quais não se conseguem libertar.
Mas já não são só os da década dos anos dez em que agora estamos que vêem as nuvens negras no pouco espaço laboral que lhes resta, são também as gerações precedentes que aspiravam ao desafogo de uma vida continuada de trabalho para a satisfação normal das suas necessidades básicas, a verem uma travagem forçada na continuidade depois de muitos anos de serviço, mas ainda o não suficiente para as suas reformas.
Os ventos da história trouxeram-nos exemplos de coragem dos portugueses; no enfrentar de grandes dificuldades, desde batalhas, invasões napoleónicas, perda da nacionalidade, governação filipina espanhola; contra toda uma malandragem.
E, até no pós-descobertas, somos confrontados com a doença do medo do nosso rei, fundador da cidade da Covilhã, e levamos com o Ultimato Inglês mas mantemos a Aliança Inglesa.
Aquilo que se tem passado na Europa, como foi em França com protestos nefastos, e agora no país da rainha mais antiga e rica do mundo, são exemplos de malandros a soldo, não sei com que interesses, quando se fala de jovens e adolescentes na luta. Também o que se passou na Finlândia, país pacífico, foi um acto horrendo de um grande malandro.
E, no ano em que se comemoram tantos eventos, mesmo em período de férias, não se pode olvidar uma certa Primavera muçulmana contra os malandros dos conhecidos déspotas, líderes dos seus povos, como Kadhafi (Líbia), Mubarak (Egipto), ou Assad (Síria).
Mas, com novos senhores do mundo, vivemos momentos dramáticos – “erros nossos, má fortuna, ganância alheia” –, com uma dívida pública, a mais elevada dos últimos 150 anos, igual ao PIB, e a dívida externa a maior dos últimos 120 anos.
Neste cheiro a Verão com vento de crise, muitas famílias encontram-se sobreendividadas, mas, paradoxalmente, há uns quantos “malandros”, como administradores de capitais públicos a receberem de indemnizações por despedimentos o mesmo que um trabalhador com o salário mínimo receberia se trabalhasse 265 anos!!!
E num Portugal que terá mais de 900 mil pessoas sem trabalho no final deste ano! Comentários para quê? É pior que o “Muro da Vergonha” que neste mês completou 50 anos que começou a ser construído (Muro de Berlim), felizmente já destruído.
Todos os governos são vistos com os seus “colaboradores” como tendo sempre alguns “malandros”, e, por mais que o não desejássemos, somos confrontados, por vários meios, incluindo a Internet, de informação do recebimento de elevadas somas por isto e por aquilo, de avultadas quantias ilícitas, ordenados/subsídios/compensações; de elevados montantes por cada reunião a que assistem, e um rol de situações de conseguirem “dar a volta ao ceguinho”, que brada aos céus. E vêm para as televisões explicar aos portugueses a necessidade de sacrifícios e de redução de salários… São todos sobejamente conhecidos… e não têm vergonha na cara, como dizem os brasileiros.
O actual governo também já tem cumplicidade de muitos dos seus apaniguados, com os bolsos bem servidos, e o que esperamos é que não se alonguem muito no desejo do vil metal, e que não passem para além de “bons malandros”.
Não queremos ser Velhos do Restelo, e, por isso, uma palavra de grande apreço e esperança pelo grande encontro em Madrid, dos milhares de jovens, incluindo portugueses e alguns covilhanenses, que ali estiveram com o Papa Bento XVI, neste mês de Agosto, na Jornada Mundial da Juventude, sintoma de que há que contar com eles; muitos, prontos já para ligarem o “turbo” para as suas vidas.
(In Notícias da Covilhã, de 31.08.2011)
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