Efetivamente, se são momentos
difíceis os que hoje atravessamos, numa situação generalizada de crise, não só
financeira mas também de valores, os tempos em que foi fundada esta
Conferência, na já longínqua 5ª Feira de 19 de março de 1903, também não eram
melhores.
Jantar de Natal do Conselho de Zona da Covilhã. |
No ano em que vamos lembrar estas
onze décadas da nossa Conferência, será também o mesmo em que todo o Mundo
católico irá comemorar dois séculos do nascimento do fundador da Sociedade de
São Vicente de Paulo, o italiano beato Antoine Frédéric Ozanam. Ele, que com
mais seis jovens universitários, fundou em maio de 1833 a Conferência da
Caridade, a qual, a partir de 1835, passaria a ter a designação atual.
O ano 2013 vem rico de efemérides
na vertente da Caridade, se atentarmos que também se devem ter em conta os 180
anos da criação da primeira Conferência, em França; e ainda os 160 anos da
morte de Frédéric Ozanam, que ocorreu em 8 de setembro de 1853.
A Covilhã sempre teve um grande
espírito caritativo, sendo de notar que já completaram o seu centenário mais
algumas Conferências de S. Vicente de Paulo da Cidade, mas sabe-se que a da
Conceição jamais teve interrupção no seu percurso de bem-fazer ao próximo.
Atualmente é a que assiste maior número de necessitados, nas várias vertentes
de pobreza.
Esta Conferência (da Paróquia da
Conceição) embora não tenha sido das primeiras a ser criada em Portugal, já que
surgiu volvidos 44 anos da primeira Conferência no nosso País (mais
propriamente na Igreja de São Luís de França, em Lisboa, no ano de 1859), é, no
entanto, das mais antigas, se tomarmos em linha de conta que a Sociedade de São
Vicente de Paulo já está espalhada por 900 grupos paroquiais em Portugal onde
colaboram 15 mil pessoas. Encontra-se ainda ramificada por quase todos os
cantos do Planeta.
Jantar de Natal, do Conselho de Zona da Covilhã, com o fadista Luís Pinto. |
Em Portugal, vislumbrava-se o fim
da monarquia, então no tempo de D. Carlos, e, na Covilhã, em 1903 os dias não
eram melhores, pois a edilidade confrontava-se com dificuldades de liderança da
Câmara, substituindo-se com frequência as figuras do Dr. José Pereira Barata,
Dr. Alberto Deodato da Costa Ratto e Dr. João Nave Catalão.
Não vamos falar das obras
assistenciais e trabalho fecundo que esta Conferência efetuou, e continua a prestar
nas inúmeras situações de apoio aos necessitados, nas
várias vertentes da pobreza, porque já são do conhecimento público.
Restou-nos, desta vez, tão só
situar a longevidade da Conferência, historiando um pouco dos tempos
percorridos.
Para além do trabalho a favor dos
necessitados, ao longo destes 110 anos ininterruptos, também é bom ter em conta
que muitas foram as pessoas (os confrades, de ambos os sexos) que se
voluntariaram em prol deste serviço, algumas vezes com sacrifício, e vários assistentes
eclesiásticos, sem os quais a Conferência não poderia existir.
Infelizmente, quando nos
encontramos numa evolução, a todos os níveis, que não se compara como in illo tempore, vamos ter que sentir,
no palpitar dos nossos corações, que o tempo incómodo da pobreza não vai parar,
e, antes pelo contrário, irá sobejar de uma maior agressividade na mesma, por
estes anos fora.
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