1 de outubro de 2013

A REVIRAVOLTA AUTÁRQUICA

Não obstante o grande afã que percorreu todo o concelho da Covilhã, na perspetiva de amealhar o maior número possível de votos, por todos os candidatos, não há dúvida que a “guerra civil” no seio do partido que ainda está na gestão municipal, veio ajudar a grande vitória do candidato socialista Vitor Pereira. Ele, persistente quão afável, soube convencer os covilhanenses que, afinal, a democracia é de primordial importância na vida de todos os que querem viver em concórdia.
Efetivamente, Carlos Pinto, o mentor da “guerra civil” no seio do seu reino, deve à sua sobranceria a sua saída pela porta que não merecia, já que, algumas vezes tratou o agora seu sucessor, duma forma algo motejadora. Depois, no “antes e no durante” da sua gestão municipal, foi um continuar de condutas conducentes ao desgosto de muitos dos seus apaniguados.
A sociedade covilhanense mantém viva a chama duma das suas maiores empregadoras e manancial da vinda de muitos jovens para tirar os seus cursos, símbolo atual da Covilhã – a fábrica do ensino universitário que se chama Universidade da Beira Interior – para quem o presidente da edilidade que vai cessar o seu mandato, voltou as costas; como também reconhece a existência saudável da maior empresa da Covilhã – Paulo de Oliveira – que dá trabalho a muitas famílias covilhanenses, mas que Carlos Pinto definhou até aos últimos dias da campanha eleitoral.
Depois, o notório despesismo na campanha em que se envolveu, com forte empenho, a favor do seu delfim, Pedro Farromba, assim como o grande défice municipal que deixa aos vindouros, foram certamente a grande reflexão dos covilhanenses, sofredores com muitas carências no seio das suas famílias.
Muito mais haveria para uma narrativa, como agora sói dizer-se, embora muitas facetas já sejam conhecidas dos covilhanenses, principalmente daqueles que não fazem vénias ao Papa desta Terra, por dá cá aquela palha.
Assim, a reviravolta autárquica trás de volta, os socialistas, a liderar a Câmara da Covilhã, na terceira persistência de Vitor Pereira, persistência esta que foi objeto de chacota de Carlos Pinto, numa das suas lanças ao candidato socialista. A este propósito referi-me, na altura, num semanário desta cidade, de que também houve teimosia de um candidato brasileiro à presidência da república, e, de tanto persistir, um dia ganhou e foi um grande presidente.
É isso que esperamos de Vitor Pereira.
Enquanto a nível nacional o Partido Socialista “sovava” na coligação do nosso (des)governo, os covilhanenses também deram a sua reviravolta nestas eleições autárquicas, e, assim, depois de Vitor Pereira, em 2009 ter sido segundo com 27,86 por cento de votos, acaba por vencer com 37,52 por cento, deixando em segundo na corrida à Câmara, Pedro Farromba, por muitos já conhecido como “Carlos Pinto B”, que obteve 28,32 por cento dos votos. Já Joaquim Matias, líder pelo PSD local, obteve um resultado fraco, de 15,01 por cento da votação.
Surpresa, ou talvez não, foi o regresso do PCP à vereação da Câmara da Covilhã, que muitos covilhanenses se regozijam com a figura de José Pinto, sendo uma mais valia para o elenco camarário que se desenhou com estas eleições autárquicas, no concelho da Covilhã, ele que conseguiu 10,99 por cento dos votos.
Manuel Santos Silva, que compõe a excelente equipa dos socialistas que se apresentaram às eleições, será o novo presidente da Assembleia Municipal, tendo arrecadado 38,62 por cento dos votos contra os 26,21 do candidato João Carvalho, independente. Em 2009, o Partido Socialista havia ficado em segundo, neste órgão, com a percentagem de 31,29, sendo que Carlos Abreu ganhou com 46,49, do PSD.
Relativamente às freguesias, independentemente da união obrigatória de algumas delas, também houve alegria no seio dos socialistas, que ganharam sete freguesias, quando em 2009 haviam somente vencido em duas.
Carlos Martins, que também integrará a vereação da Câmara, é o campeão das presidências nas freguesias, que, em 2009, ganhou a freguesia da Conceição, com 55,76 por cento, e, desta vez, volta a ganhar, agora a União das Freguesias da Covilhã e Canhoso, com 46,87 por cento.
De realçar as maiorias absolutas das Juntas de Freguesia socialistas, de Erada, com João Almeida, 64,44 por cento dos votos; José Trindade Branco, em São Jorge da Beira, com 51,03 por cento, destronando o concorrente e atual presidente, Fausto Batista (independente), e que em 2009 havia ganho, pelo PSD, com 58.91 por cento. Também Pedro Leitão, socialista, ganhou com 54,75 por cento dos votos a União das Freguesias de Cantar Galo e Vila do Carvalho (irmão de Jerónimo Leitão, também um dos vencedores na equipa para a Câmara, de Vitor Pereira). Por último, o socialista José Lourenço, em Verdelhos arrecadou 68,27 por cento dos votos, sendo o primeiro socialista a ser ovacionado quando se dirigiu à sede de campanha de Vitor Pereira. Também no Paul, Peraboa, ainda que sem maiorias absolutas, ganharam para os socialistas, Gabriel Gouveia e Sílvio Dias, respetivamente.
Ficou por apurar a União das Freguesias de Casegas e Ourondo por destruição das mesas de voto, em virtude do Ourondo nunca concordar com esta União de Freguesias, tendo apenas votado em Casegas 304 do total de 1109 eleitores.
Vão integrar a nova Câmara, para os próximos quatro anos, três elementos do PS (Vitor Manuel Pinheiro Pereira, Carlos do Carmo Martins e Maria Paula Albuquerque Figueiredo Simões); dois independentes (Pedro Miguel dos Santos Farromba e Nelson António Mendes da Silva); um do PPD/PSD (Joaquim António Matias); e um do PCP-PEV (José Joaquim Pinto de Almeida).
O candidato vencedor, conjuntamente com os seus apoiantes, deslocou-se à Praça do Município, mesmo a chover, e, perante o entusiasmo de todos, ao lado dos seus “companheiros de jornada”, agradeceu-lhes, assim como a todos os apoiantes e felicitou os seus adversários. Categoricamente deixou expresso que irá ter o grande sentido de trabalhar pelos mais desprotegidos e marginalizados.
Esperemos que esta nova Câmara procure revestir-se do elo de ligação entre todos, em prol do bem da cidade, que a todos pertence, e não haja já a intenção de provocar guerras, perniciosas para os covilhanenses, a quem prometeram servir, sem qualquer intuito de se servirem.

(In "fórum Covilhã", de 01.10.2013)



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