Das exaltações surgidas na
leitura de algumas notícias dos semanários regionais deste último fim-de-semana,
ao ponto de alguns protagonistas não olharem a meios para atingir os fins, foram
evidentes algumas bofetadas de luva branca.
Já lá vai o tempo que quando
um autarca largava o poder em democracia, lobrigava-se, quase sempre, um
caminho a percorrer sem que houvesse obstáculos de maior, na prossecução das
tarefas municipais que são sempre muitas.
A partir do momento em que não
se aceita a democracia, se assalta o povo num adjetivar pensante de burro e
estúpido porque não votou na pessoa que o ditador deseja, mas votou de sua
livre vontade, então perde-se o tino.
Isso já aconteceu há uns anos,
em que a cor política vencedora da edilidade covilhanense mudou e, então, vai
daí, nenhum dos que se haviam apresentado ao eleitorado quiseram tomar posse e
apresentaram, então, uma equipa B, que eu, na altura, designei da segunda
divisão.
Desta vez, novamente com a
alternância de poder autárquico verificada, democraticamente, surgem ventos
ciclónicos duma corrente de ar poluída de calúnias cobardes em blogues
anónimos, que, ingenuamente, circulam na Internet. Se é verdade, há que dar a
cara, mas não!
A bofetada de luva branca foi
dada na aprovação dos orçamentos municipais, de todas as Câmaras desta região,
e, no que concerne à da Covilhã, os homens da governação concelhia viram a
aprovação do orçamento sem um voto contra, incluindo da oposição, que teve
apenas em um dos elementos a abstenção. Há muito tempo que isto não acontecia!
Certamente porque os vereadores da oposição, na mente de certos senhores fora
da corrida, são também burros e estúpidos. Será?
As restantes Câmaras mais
próximas, desta região, também viram os seus orçamentos aprovados sem
dificuldades: Fundão e Belmonte.
Vamos à cultura. É assaz
importante verificar que a região está a dar à cultura um espaço que a mesma
merece, contra ventos e marés de outros tempos. A região carece da mesma, e já
que começou a ser levantado o véu da interioridade, é nos homens do leme das
governações locais que se encontra a força para levar por diante o conhecimento
e a cultura.
O 1.º Festival Literário
Gardunha 2014, realizado nos dias 22 a 28 de setembro, no Fundão e Gardunha, promovido
pela Câmara do Fundão, foi um autêntico êxito. Foi o primeiro festival
literário temático focado na literatura de viagens a ser criado em Portugal.
Durante alguns dias, cerca de trinta escritores e ensaístas embarcaram na
viagem pela Gardunha, nos caminhos da imaginação, rompendo assim o isolamento
cultural da região.
Ainda sob a égide do município
fundanense, e com o apoio da Universidade da Beira Interior (UBI) e Jornal do
Fundão, foram atribuídos os Prémios de Jornalismo Jornal do Fundão.
Na Covilhã, o Teatro das Beiras,
anteriormente designado GICC, foi fundado em 7 de novembro de 1974 e comemora
agora 40 anos, numa ação louvável da cultura teatral na Covilhã e Região, tendo
já percorrido outras zonas do país. É obra! Estão de parabéns todos os obreiros
desta instituição, já sobejamente conhecida, principalmente na pessoa do seu
diretor e fundador, Fernando Sena.
E os festivais literários vão
continuar com força pela região beirã, sob a dinâmica dos edis locais.
Mas, antes, quero recordar, já
lá vai quase uma década, o que ocorreu também na Covilhã, em 16 de julho de
2005, no Pólo das Engenharias da UBI – um Congresso Literário, designado como
Primeiras Jornadas de Literatura, onde estiveram presentes meia centena de
notáveis escritores. Foi, talvez, o maior evento, realizado na Covilhã, depois
de recuar mais de sete décadas, para encontrar um espaço com um acervo cultural
importante como foi o III Congresso Nacional dos Bombeiros, também realizado na
Covilhã, em julho de 1932.
No momento em que escrevo esta
crónica, ainda não se realizou a Diáspora, que irá acontecer neste
fim-de-semana, em Belmonte; é o Festival Literário de Belmonte, a realizar nos
dias 7, 8 e 9 de novembro, com mais de uma dezena de escritores portugueses.
Segundo as palavras do Presidente da Câmara de Belmonte, António Dias Rocha,
“Belmonte foi desde sempre uma terra de chegadas e partidas, marcou um
sem-número de pessoas espalhadas por todo o mundo. Podemos lembrar Pedro
Álvares Cabral, que alargou os horizontes deste povo ao descobrir o Brasil, (…)
podemos falar de tanta e tanta gente…e, se foi sempre terra de chegadas e
partidas, é também um ponto de visita de todos os que gostam de celebrar a
história e a cultura. É com este espírito que decidimos criar o Diáspora –
Festival Literário de Belmonte, esperando despertar neste território fértil um
manancial de novas ideias, sentimentos, ligações: literatura”.
A Região Beirã está, de facto, numa viragem cultural,
depois de participações individuais de escritores, como por exemplo, na
Covilhã, com o convite feito a diversos escritores para a sua participação nos
interessantes Cafés Literários.
(In "fórum Covilhã", de 11.11.2014)
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