18 de novembro de 2015

A DINÂMICA E O ENGENHO DE ALEXANDRE GALVÃO AIBÉO

Lembrei-me deste Covilhanense, nascido nos alvores do século XX, em 16 de abril de 1906, tendo deixado o mundo dos vivos aos 57 anos (escrevo exatamente no dia e mês em que faleceu: 01-11-1963) porquanto se aproxima o Natal.
Os traços da sua personalidade e a sua inteligência deram-lhe a oportunidade de deixar obras que ilustram atos importantes na vida da Cidade e do Concelho.
Quando agora se entregam as iluminações das ruas da cidade, e de certos eventos, principalmente na época natalícia, a empresas de fora, naquela altura dos anos 40 a 60 do século passado, era da autoria de Alexandre Aibéo que saíam as maravilhosas e artísticas iluminações, com a mão-de-obra dos funcionários dos então Serviços Municipalizados, onde ele era Diretor-Delegado. Contribuíam assim para o sucesso de solenidades da cidade, tais como as ornamentações com iluminações no edifício da Câmara Municipal, comemorativa do 25.º aniversário do Prof. Oliveira Salazar no Governo, em 1953, com a silhueta do então Presidente do Conselho; iluminação do monumento de Nossa Senhora da Conceição, da Covilhã, e de algumas ruas da cidade, nas festas comemorativas do centenário de Lourdes que se realizaram na Covilhã, de 27 a 29 de junho de 1958, com a presença do Núncio Apostólico, Cardeal D. Fernando Cento; na mesma altura, silhueta de Pio XII, no edifício da Câmara Municipal; iluminação da Feira Popular do Sporting da Covilhã, no Jardim público, em 1961; ainda no mesmo ano, em 20 de maio, decoração e iluminação da sua responsabilidade, do edifício da Câmara Municipal, Pelourinho e algumas ruas da cidade, aquando da visita das relíquias do Condestável, na altura Beato Nuno Álvares Pereira; por último, no mesmo ano da sua morte, ornamentação, com iluminação do edifício da Câmara Municipal e Centro Cívico, aquando das visitas do Presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, em janeiro de 1963; e do Presidente da República Portuguesa, Almirante Américo Thomaz, em junho do mesmo ano.
Os Aibéos foram nomes de destaque na vida citadina, tendo vivido à Ponte do Rato, numa casa destruída com os profundos melhoramentos e alterações que se fizeram – Rossio do Rato. Esta ponte chamava-se “Barreira” porquanto quem quisesse atravessá-la para entrar na Covilhã (há mais de um século) tinha de pagar e mostrar o que transportava.
Dos cinco irmãos, o João, o José e o António tinham uma oficina, na altura denominada “Aibéo & Irmãos” onde fabricavam peças para as fábricas de lanifícios. Foram eles que construíram o primeiro carro de bombeiros da Covilhã e os primeiros esquis de Portugal.
Alexandre Galvão Aibéo depois de ter frequentado o Liceu de Castelo Branco tirou o Curso Comercial na Escola Industrial e Comercial Campos Melo da Covilhã, e o diploma de eletricista, por correspondência.
Aos 21 anos foi indigitado pelo Eng.º Michaelis de Vasconcelos, do Porto, para organizar os Serviços Municipalizados, tornando-se gerente comercial, tendo-se dedicado de alma e coração ao seu trabalho, nunca aceitando propostas de melhores lugares fora da terra que amava acima de tudo – a Covilhã. Passados alguns anos foi nomeado Diretor-Delegado dos SMC (posteriormente com a designação de SMAS, e, atualmente, ADC-Águas da Covilhã) que ocupou até à sua morte.
Muito novo fez parte da Corporação dos Bombeiros Voluntários da Covilhã e integrou outros órgãos dirigentes de instituições e coletividades da Cidade, entre as quais o Clube Nacional de Montanhismo, do qual foi presidente.
Foi o iniciador e impulsionador do Carnaval da Neve. Fez o saneamento e eletrificação das fábricas de lanifícios da cidade e quase todo o concelho. Depois de muito instado pelo então Governador Civil de Castelo Branco, aceitou ser provedor da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã onde mostrou bem as suas capacidades no dirigismo, com bastante rigor. Chegou a organizar o cortejo de oferendas a favor do hospital, com excelentes resultados. Era sempre chamado para fazer parte das comissões de festas da cidade, comemorações, homenagens, visitas e receções, para as quais estava sempre pronto.
Com todo este trabalho em prol da Covilhã, não temos conhecimento, nem a família, que lhe tivesse sido prestado reconhecimento por tudo o que fez.
O último projeto que não chegou a realizar foi o parque de jogos que hoje existe com o seu nome, pertencente ao Grupo Desportivo da Mata – o Parque Alexandre Aibéo.

Faleceu num acidente de automóvel, mas resultante de doença súbita, a caminho do Porto, onde ia adquirir os candeeiros para a inauguração da Barragem do Viriato, nas Penhas da Saúde (Serra da Estrela).

(In "Notícias da Covilhã", de 19-11-2015)

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