Fraude (in “Dicio - Dicionário
Online de Português): logro, falsificação de produtos, documentos, marcas,
etc.; qualquer ação ilícita, desonesta, ardilosa que busca enganar ou ludibriar
alguém. Contrabando; inserção de mercadorias estrangeiras sem o pagamento de
impostos: fraude tributária. Não cumprimento de um dever, de uma obrigação.
(Figurado) Que não é verdadeiro; pessoa falsa.
Não é novidade este estratagema de
tentar enganar alguém, geralmente em proveito próprio, ou de empresas ou instituições
onde se insere o beneficiário da fraude.
Ontem e hoje foram várias as
fraudes, ou tentativas, que chegaram ao conhecimento do público, e prosseguirão
no amanhã se não houver um feroz combate a este flagelo.
Notícias publicadas na
comunicação social, na vertente de papel ou online, são exemplos: lavagem de
dinheiro gera dívida de dez milhões da TAP a Angola; Cristiano Ronaldo é
acusado de ter criado uma sociedade para defraudar o fisco espanhol; fraude de
667 mil euros em três farmácias; fraude milionária paga vida de luxo; seis
pessoas constituídas arguidas por suspeitas de fraude ao SNS; antigo
vice-reitor da Independente condenado por fraude; “rei dos tecidos” foi “mentor
da fraude”.
Este tipo de exemplos são os mais
visíveis, mas existem outros conduzidos duma forma sub-reptícia para alcançarem
os seus objetivos: marcação de assembleias gerais em que, depois, todos os
órgãos sociais combinam não comparecer, exceto dois elementos, para que não
haja quórum. Depois, na seguinte, comparecem só três. É um outro exemplo.
Tipos de fraudes e crimes na
Internet são variados. São realizadas em todos os cantos, desde sites de
leilões até fraudes de software. Antes da era da Internet, grande parte destas
formas de fraude eram realizadas diretamente ou via correios, minimizando os
riscos. Hoje em dia, com gente disposta a dar a sua informação de cartão de
crédito online, ficou mais fácil do que nunca acontecer uma fraude.
Já senti na pele uma fraude, por
via dum habilidoso “amigo”, que depois reparou o logro. Também, ao longo da
minha vida profissional, me deparei com tentativas de fraude, por vezes
emergindo de pessoas consideradas de grande reputação na sua honestidade, mas
que foram resolvidas sem colisão entre as partes; outras, tiveram que ser
denunciadas oficialmente.
Pois é, temos que combater este
tormento, pois a fraude é tentadora. E ela vai surgindo na via informática, e nas
fraudes bancárias online.
Uma fraude é um esquema ilícito
ou de má fé criado para obter ganhos pessoais, apesar de ter, juridicamente,
outros significados legais mais específicos. Há dois ditados brasileiros
interessantes que dizem: “Cada dia sai um trouxa e um esperto de casa. Se eles
se encontram, sai negócio”; e “O mal do malandro é achar que todo o mundo é
otário”.
O Observatório de Economia e
Gestão de Fraude (OBEGEF) publicou recentemente um estudo pioneiro, a nível
mundial, que se destina a aferir a perceção de fraude dos portugueses em
determinadas dimensões. Esse estudo, para o ano 2016, teve por base a recolha
de cerca de 1210 inquéritos, sendo que os responsáveis escolhidos representam,
por si só, as principais caraterísticas da população portuguesa. O objetivo é a
construção anual de um índice de perceção de fraude (IPF) em Portugal, e
comparar esse valor ao longo dos anos e com as suas respetivas dimensões.
Segundo Manuel Carlos Nogueira,
in Público, “não podemos afirmar que
a fraude tem aumentado e que o sistema de Justiça não a combate de uma forma
eficaz”. Apesar da fraude ser um fenómeno de difícil avaliação, é referida a
importância de ser estudada porque, ao se procurar mensurar, nem que seja
através da sua perceção e avaliar o risco da fraude, podem-se melhorar as ações
de prevenção e combate. Por outro lado, serve também para alertar os possíveis
interessados de que, sem se ter uma noção quantificável, tende-se a ignorar ou
minorar os riscos. Assim, consequentemente, os prejuízos que podem ter que
suportar. Não se trata de quantificar a fraude em Portugal, mas tão só a
avaliação da perceção da fraude.
Algumas conclusões foram obtidas
deste estudo, a saber: as mulheres têm uma perceção de fraude superior aos
homens; as populações residentes no interior do país, no Alentejo e no Algarve,
têm uma perceção de fraude superior à média nacional; os habitantes do litoral
percecionam menos a fraude; de todo o interior do país, é no Alentejo que a
perceção da fraude é superior; a perceção da fraude é menor na Grande Lisboa. No
que diz respeito ao grau de escolaridade, os extremos tocam-se, isto é, quem
possui menos escolaridade ou quem possui escolaridade de nível superior tem uma
perceção de fraude menor do que quem tem o 12º como o máximo de escolaridade.
No que concerne ao status social
existe diferentes classes homogéneas, mas se falarmos em profissão são as
donas-de-casa que têm uma perceção de fraude mais elevada. Por outro lado, os
que sentem uma perceção de fraude mais baixa são os estudantes. Verificou-se que,
no respeitante ao estado civil, são os viúvos que sentem a perceção de fraude
mais elevada. Uma preocupação reside no facto de, globalmente, se sentir uma
perceção de fraude a aumentar em Portugal.
Depois, objeto de grande
reflexão, independentemente da faixa etária, da região de residência, do status social ou do nível de
escolaridade, a maioria dos portugueses não acreditam no funcionamento do
sistema de Justiça, no combate à fraude.
(In "fórum Covilhã", de 12/09/2017)
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