Ainda em época natalícia e no surgimento
de um novo ano, proporcionam-se sempre algumas memórias da ancestralidade das
nossas vidas, num ambiente ameno entre familiares, antigos colegas e amigos, daqueles
idos tempos da década de 50 do século XX. Era a catequese, que geralmente se designava
de doutrina; e a escola primária, hoje ensino básico.

A rapaziada entoava então o
cântico ao Menino Jesus, com uma expressão forte que ficou na memória de alguns,
hoje já avós e bisavós:
Ó Infante Suavíssimo
Ó meu Amado Jesus
Vinde alumiar minha alma
Vinde dar ao mundo luz.
Ó meu Amado Jesus
Ó meu Amado Jesus
Delícias do coração
Só por vós se pode estar
Só por vós se pode estar
Toda a noite em oração.
Já a escola onde andei na
primária – “Asilo – Associação Protetora da Infância”, era frequentada por
alunos pobres (um deles ia descalço), por remediados e por alguns de certo modo
abastados, numa polivalência de
interesses.
Esta
associação que depois foi transformada em escola, foi criada em 9 de junho de
1870, no reinado de D. Luís, com o nome “Real Associação Protetora da Infância
Desvalida”, destinada à criação de um asilo, cuja inauguração se verificou em
25 de julho de 1871. Teve efémera duração.
Por falta de utentes, em
substituição do asilo foi criada uma escola destinada à instrução primária; e
uma biblioteca (estatutos aprovados em 22 de dezembro de 1904 e regulamentos em
26 de junho de 1905).

Os principais fundadores foram
Francisco Joaquim da Silva Campos Melo (Visconde da Coriscada) e José Maria
Veiga da Silva Campos Melo (fundador da Escola Industrial).
Entretanto, atentemos sobre a
sua biblioteca, criada numa dependência do Asilo em 4 de junho de 1882, que foi
a primeira biblioteca pública aberta no País depois das de Lisboa, Porto,
Coimbra e Évora. No ano de 1880, aquando das comemorações do tricentenário da
morte de Camões, teve esta instituição grande preponderância no relevo dado ás
comemorações. Era então Presidente da Câmara José Maria Veiga da Silva Campos
Melo.
Em reunião da Assembleia Geral
de sócios realizada em 19 de junho de 2000 foi deliberado e aprovado transferir
para a Biblioteca Municipal da Covilhã, a Biblioteca Heitor Pinto. A
transferência foi efetuada em 25 de abril de 2001, tendo sido celebrado com a
Câmara um protocolo de colaboração com vista à salvaguarda, preservação e
difusão do fundo documental estimado em cerca de 3 383 monografias,
nomeadamente livros do século XVI.


Entretanto, o imóvel desta
instituição, que foi escola, tendo sido objeto de obras de beneficiação, encontra-se
sem qualquer utilidade, na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, por parte dos
seus proprietários, devoluto, quando havia muito como ser utilizado.
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