21 de dezembro de 2017

POIS, MAIS UM FINAL DE ANO

Que raio! Hoje, domingo, dia três do décimo segundo mês do ano dois mil e dezassete, depois de Cristo, não tinha ainda inspiração para um título a dar a este texto. Pensei um, mas, alto lá, pode vir a emanar nalguma errónea interpretação face a crónicas anteriormente publicadas. Outros destinar-se-ão para publicações noutros periódicos.
Não me esqueço duma lição de Língua e História Pátria, que o meu saudoso professor da Escola Industrial e Comercial Campos Melo, Dr. Manuel de Castro Martins, que tem o nome numa das ruas desta Cidade, nos disse, naqueles idos tempos dos finais dos anos cinquenta do século XX: “Quando quiserdes procurar inspiração basta fazer uma pequena viagem e, na tranquilidade de espírito, ela ajudará”.
Estava, então, exatamente na altura de sair à banca dos jornais: o quotidiano Público, onde vou dando uma olhadela pelos meus cronistas de eleição (que, outros, nem transversalmente lhes dou cavaco), leva-me, sempre, a ir lendo, pelo passeio fora, as crónicas mais apelativas. Há uns bons tempos atrás, as primeiras eram as do “fundador” da geringonça – Vasco Pulido Valente – que, nem ele adivinharia o que de transformação iria proporcionar ao País, de tal forma que até o Ministro das Finanças, Mário Centeno, é quase certo (à hora que escrevo estas linhas) como, também, Presidente do Eurogrupo. De facto, como diz Rui Tavares, in Público, “Às vezes, o nosso trabalho mais importante é ver o óbvio. Às vezes, o trabalho mais difícil é admiti-lo. Ver o óbvio parece demasiado fácil. Admitir o óbvio parece demasiado simples. E nós preferimos, por múltiplas razões pessoais e sociais, passar por complexos e difíceis”.
O final do ano, que se aproxima a passos largos, faz-nos emergir nas memórias impensáveis de mórbidas surpresas ocorridas no Portugal de todos nós, como foi o inferno dos incêndios, jamais visto ou algo pensado; isto, paradoxalmente, num país em que uma das grandes riquezas é a floresta, repleto de tamanhos encantos paisagísticos, então transformados numa dantesca panorâmica de cinzas e destruição.
Já antes se haviam realizado as eleições autárquicas, terminando assim o ribombar na vozearia dos prós e dos contras, no óbvio de se aceitar a democracia.
Depois, como todos os anos, nesta peregrinação no planeta, alguns dos nossos e figuras sobejamente conhecidas do nosso País, para só dele falar, deixaram o mundo dos vivos.
É o que me ocorre num pedaço de memória na transversalidade deste ano da graça de 2017.
Voltemo-nos agora, no que se insere no nosso meio, para aquele movimento organizado ou prática de associação de grupos sociais, quer seja na vertente cultural, quer na cívica ou laboral, para defesa de interesses ou de obtenção de objetivos comuns, cuja designação os dicionários registam na palavra associativismo.
Tendo já sido objeto de referências e até debates autárquicos não há dúvida que o Concelho da Covilhã tem o pendor do maior número de agentes culturais de todo o distrito, há muitos anos referido. Daí a responsabilidade de cada instituição, seja ela de que cariz for, se empenhar com ações justificativas da sua existência e manutenção, nas atividades que às mesmas dirão respeito, sempre que possível na criatividade em prol da sociedade onde se inserem.
Não vou falar das muitas existentes neste Concelho, mas tão só deste Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, do qual tenho orgulho de ser associado e colaborar no seu órgão trimestral – O Combatente da Estrela. Se, por vezes, podem existir ventos e marés fruto da sua existência, e não da passividade em ações desenvolvidas, sintoma de que há vida e não inércia, há conhecimentos e não ignorância do que por aqui se faz, a realidade resume-se naquela vertente de que a instituição prevalece nos requisitos que urge para se integrar no verdadeiro associativismo.
Basta uma leitura atenta deste periódico para se verificarem as várias atividades desenvolvidas ao longo do ano neste Núcleo, os artigos de opinião de distintos Colaboradores, sem esquecer os Associados, independentemente de serem ou não Antigos Combatentes (alguns não o foram, porque não foram chamados, mas cumpriram a sua obrigação militar), e, mormente, quando se separaram eternamente de nós, pela parte física, porque espiritualmente continuam vivos.
O Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes continua bem vivo, como atrás referi, e, não só pelas razões referidas, como também por outras ações desenvolvidas ao longo do ano, já sobejamente conhecidas, como, ainda, ter a sua sede aberta, onde, para além de poderem confraternizar, pela manhã ou pela tarde, há sempre um jornal diário, e outros periódicos para leitura.
Se falarmos nas ações do CAMPS da Beira Interior no seio deste Núcleo, podemos verificar quanto valor não tem a sua ação na terapia de acompanhamento psicológico dos associados, e suas famílias, face à perturbação do stress pós-traumático de guerra, conforme já foi referido no último número.
Depois, o associativismo não se faz sem pessoas, quer sejam as da sua massa de associados quer a dos seus dirigentes, estes que são a mola impulsionadora que faz andar a máquina, que a oleia com o seu dinamismo, que lhe incute entusiasmo, que lhe gera criatividade.
Nesta situação, o Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes tem vindo a ser bem servido, ao longo dos tempos, dos obreiros que conseguem manter a pedra angular desta instituição, entre, por vezes, altos e baixos; pudera, não fossem eles humanos, e, consequentemente, com pontos de vista que podem, por vezes, divergir de parte da construção. No fundo, ao longo dos tempos, todos deram parte do seu esforço em prol do Núcleo, não tivessem eles sido Antigos Combatentes!
Por último, não nos podemos esquecer que quem se encontra ao leme do navio tem a grande responsabilidade de o fazer chegar a bom porto, independentemente de, por vezes, os mares se encontrarem agitados, mas, nesta vertente, é preciso a inteligência de saber procurar as águas tranquilas. O Núcleo da Covilhã sempre soube encontrar esse Comandante e, já lá vão décadas, que o mesmo se encontra a saber encontrar os ventos favoráveis na rota certa.

Porque as palavras já se alongaram, resta-me desejar a todos quantos entraram nesta embarcação, sejam eles dirigentes, associados, colaboradores deste jornal e amigos, da CAMPS-BI, e aos prezados leitores, bem como a todas as suas famílias, os votos de um Santo Natal e um Feliz Ano Novo.

(In "O Combatente da Estrela", nº. 109 - Dezembro/2017)

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