Foi com muito prazer que li as
duas páginas de memórias do professor doutor Arnaldo Saraiva, no número de 10
de janeiro do Jornal do Fundão, sob o título “A imponente igreja de Casegas e a sua desconhecida história”.
É que me levou a uma situação
nostálgica, ainda que tivesse há uns anos atrás passado várias vezes por esta
bonita freguesia do concelho da Covilhã, em serviço profissional, conhecendo
então algumas das simpáticas gentes caseguenses, para além de se terem gerado
amizades.
Há 72 anos vivi nessa freguesia
durante dois anos, por força do magistério primário então exercido por meu pai,
José Martins Nunes (hoje teria 107 anos), natural de Bogas de Baixo, que ali
fora colocado no ano letivo de 1945/1946, onde esteve três anos seguidos no 2.º
lugar masculino, então recentemente criado. No 1.º e 3.º anos lecionou a 1ª e
3ª classes, e no 2.º ano a 2ª e 4ª classes, tendo todos os alunos por ele
propostos a exame ficado aprovados.
Extraio das memórias que deixou
escritas, alguns apontamentos sobre Casegas: “E tenho como recordação do meu
trabalho em Casegas o facto de terem sido meus alunos três padres: José Gaspar
Pires, António Costa e Silva, que são jesuítas e José de Almeida Geraldes que é
secular e se encontra a trabalhar no Centro Cultural da Covilhã”. O Cónego
Geraldes foi ainda diretor do Notícias da Covilhã até ao seu falecimento.


Ainda sobre o interessante livro
de Sérgio Gaspar Saraiva, nas págs. 53 e 54 – “As Couvadas” – levou-me a recordar em 23/12/2005, num periódico
desta região, um texto que escrevi sob o título “As Certezas deste Natal”, então a parte inicial sobre Casegas:
“Uma ‘couvada’, em Casegas, reuniu cerca de setenta convidados, no dia 16, onde
César, e o filho, fortaleceram amizades num ambiente de tradição natalícia. No
lagar, junto ao rio, numa noite gélida, uma grande panela, repleta de couves,
bacalhau e batatas, tudo bem regado com azeite, aquecia nossas almas, onde não
faltou bom vinho, chouriça e outras coisas mais. Aumentaram os amigos. Afinal,
quem redige estas linhas, carcalhense por nascimento, poderia ter as suas
origens em Casegas. O professor Octávio, e a mulher, Mariana; o padre Nicolau,
o Zeca Craveiro e a mulher, professora Agostinha, ainda sugeriram aos
progenitores do meu irmão para ele ali nascer. Vivíamos junto ao cruzeiro e o
pai dava aulas na primária. Não querendo ali ficar, lá foi a bagagem no dorso
de uma égua; e a família num carro de bois, atravessando a ribeira até ao
Ourondo, onde pernoitaram em casa de familiares; depois foi tomar a camioneta
para Aldeia do Carvalho. Como eram as acessibilidades e os tempos de
outrora!... para já não falar das dificuldades de outra natureza, com a
escassez de recursos materiais e financeiros, no final da II Grande Guerra!”.
(In "Jornal do Fundão", de 31.01.2019)