Entramos em 2019 com esta
conjunção adversativa, que também pode ser um advérbio e até um substantivo
masculino.
Estranho, mas estranho mesmo, é
termos no nosso Parlamento um partido político que em vez de se preocupar com o
que é mais importante no país, levanta o véu do seu (des)contentamento com
algumas “vozes de burro que não chegam ao céu” censurando os termos
linguísticos, culturais e populares porque, mesmo no novo ano se há-de
continuar a “atirar o pau ao gato” nas canções infantis, e aquele senhor das
ideias PANtásticas vai mesmo que “tirar o cavalinho da chuva”…
Mas é certo que o primeiro
Ministro e seus arautos, não querendo “fazer figura de urso” lá vão cedendo à
geringonça já que a oposição se tem visto forçada a “engolir alguns sapos”.
Naquele círculo, por vezes até
nos parece ver andar por ali alguns “feitos baratas tontas”, e como de “gato
escaldado de água fria tem medo” é preciso ronha para “verter lágrimas de
crocodilo”, para encontrar uma solução, algumas vezes, mas mesmo algumas vezes,
tendo que “agarrar o touro pelos cornos”, para se descobrir na peta de que “a
galinha da minha vizinha é melhor que a minha”. Como tudo na vida, “os cães
ladram e a caravana passa”, e, assim, até prefiro alimentar “um burro a
pão-de-ló” do que ouvir estes PANfanáticos, pelo que vou continuar a “pisar o
rabo ao gato” enquanto a “porca torce o rabo”.
Já que “a pensar morreu um
burro”, e, como fico com “a pulga atrás da orelha”, sim, essa “pulga maldita
que ou chora ou grita”, vou estar atento a este 2019.
Disse um dia Júlio Isidro: “Não
sejamos imbecis. Não sejamos demasiado tolerantes. Não sejamos sofredores
calados. A humanidade só melhora com a ação de cada um dos humanos”.
Mas, (lá está outra vez o
incómodo mas), estamos a caminho de
45 anos de passagem de um grande sonho que se chamou Abril. Passaram mais de
quatro décadas e de súbito os portugueses ficaram a saber, em pasmo, que são
responsáveis de uma crise e que têm de a pagar. Disse-se então que as classes
médias estavam a viver acima da média. E, de repente, verificou-se que todos os
países estão a dever dinheiro uns aos outros… a dívida soberana havia entrado
no nosso vocabulário e passaria a invadir o dia a dia. Mas é que os homens
nascem com direito à felicidade e não apenas à estrita e restrita
sobrevivência.
Os idosos, confusos, repartem o
dinheiro entre os medicamentos e a alimentação. E ainda continuam a dar para
ajudar os filhos e netos num exercício de gestão impossível. Muitas
instituições de solidariedade, e a Igreja, na Caridade, fazem diariamente o
milagre da multiplicação dos pães.
Parecem fake news, mas não o são: morrem mais velhos em solidão,
suicidam-se mais pessoas, mata-se mais dentro de casa, com maridos, mulheres e
filhos a mancharem-se de sangue; muitos dos sem abrigo têm cursos superiores
(até na Covilhã isso se verifica) e milhares de licenciados estão
desempregados, apesar do índice de desemprego ter baixado duma forma fulgente.
Mas continuam a haver os meninos que têm de ir à escola nas férias para ter
pequeno almoço e almoço, e, quando tal não acontece, por impossibilidade, lá
terão que as instituições de solidariedade se substituir ao Estado.
Mas também há terras do interior
sem centros de saúde, correios, finanças, ou tribunais, ou que lhes foram
retirados; no entanto, os festivais de verão estão cheios com bilhetes de
centenas de euros.
Bom, e neste 2019, os romances de
ajustes de contas entre políticos e ex-políticos, banqueiros ou amigos dos
banqueiros, vão continuar a acabar em bem-estar… “penso eu de que…”
Com o novo modelo apresentado
pelo partido não vencedor das últimas eleições mas que encontrou no seio
democrático uma forma de fazer sair o país da afronta em que, mais uma vez,
caímos (não foi para estes sustos que foi feito o 25 de Abril), e com um
Presidente da República à altura da sua missão, contrastando com o desditoso
seu antecessor, Portugal começou a respirar de algum alívio.
Mas o ano 2019 é considerado por
muitos um ano perigoso, mesmo neste pacato país, onde o rastilho anda por aí,
pois uma iniciativa política mal gerida pode acendê-lo. A desigualdade extrema
é incompatível com o bom funcionamento da democracia.
Portugal tem vivido nos últimos
anos num clima de relativa serenidade devido à política de devolução de
rendimentos do Governo do PS, com a pobreza, apesar do que já foi referido, a
diminuir e os indicadores de confiança a subir.
A percentagem de portugueses que
confiam no Governo, segundo o Portal de Opinião Pública da Fundação Francisco
Manuel dos Santos aumento de 15% em novembro de 2015 para 55% em março de 2018.
A taxa de pobreza é atualmente de 18,3%, o que constitui uma melhoria face a
anos anteriores, mas é ainda superior ao período antes da crise. Mais de 10%
dos trabalhadores são pobres em Portugal. E somos um dos países mais desiguais
da União Europeia.
Mário Centeno, nosso ministro das
Finanças e simultaneamente ministro das Finanças da União Europeia, foi
considerado o melhor ministro das Finanças do ano na Europa, para o Financial Times.
Em 2019 vamos ter eleições
europeias em maio e legislativas em outubro. Será, portanto, um ano de debate
democrático.
Esperemos que os receios para este ano se transformem
em ambiente de paz, compreensão e responsabilidade para todos nós portugueses e
também europeus.
(In "Jornal fórum Covilhã", de 15-01-2019)
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