Ainda não existe uma definição
para a palavra em título mas o sentido é intuitivo. Pensara em não me referir
mais a este assunto depois de sobre ele me ter debruçado por outras ocasiões
(2014 e 2018). Mas o facto de surgirem no tempo das nossas vidas tantos casos,
um sopro de vontade atira-me para o foco de que somos confrontados no dia a
dia.
A diversidade de casos é uma
peculiaridade dos portugueses. O dos elementos que constituíram aquela
tropa-fandanga de Tancos ainda continua vivo na mente de todos nós. Como tantos
outros. A saga das meias verdades e das ocultações não mais teve fim. O logro
da descoberta das armas entrará para a antologia das operações mais perigosas
do nosso Exército em defesa da soberania nacional deste século. O prestígio
desta secular instituição ficou abalado.
Deambulando por aí fora, foi o
encontro de oportunidades na esperteza dos iluminados pela ambição do
enriquecimento fácil. Na falácia encontrada em favoráveis ocasiões de dar a
volta ao texto. Que isto de solidariedade, obras de misericórdia, sentir o
sofrimento alheio também é ocasião de, ao invés de meter a mão na massa, se
pode fazer com que a massa chegue à mão. E aí tivemos os incêndios, com a
utilização fraudulenta dos fundos para a reconstrução de Pedrógão Grande. Imaginar
que tantas pessoas que estavam a enfrentar a maior tragédia portuguesa de
décadas, tendo motivado um movimento de solidariedade sem precedentes por todo
o país, viram rapidamente transformar o terrível sofrimento na mais repugnante
ganância. É duma revolta imensa.
É indubitável que a partidocracia
destrói a democracia, conforme refere o Presidente da Frente Cívica, Paulo de
Morais. “O principal objetivo dos maiores partidos portugueses é manterem-se na
esfera do poder, partilhar negócios do Estado com os grupos económicos de que
são instrumento e garantir emprego aos muitos milhares de apaniguados, os
militantes partidários e seus familiares”. Os dirigentes partidários distribuem
benesses pelas empresas que financiam e para as quais vão mais tarde trabalhar.
Além de negócios, os partidos garantem a sobrevivência económica dos seus
apoiantes através da distribuição de milhares de empregos. É na administração
central. É nas autarquias. É nas empresas municipais e institutos públicos.
Transformaram-se assim na maior agência de emprego do país. E, depois, é ver nos
canais de televisão comentadores facciosos, a censurar todo o discurso
contraditório.
E temos a Caixa Geral de
Depósitos (CGD), um dos temas da atualidade. Os seus gestores aprovaram, entre
2000 e 2015, financiamentos de centenas de milhões de euros apesar dos riscos
identificados pelos diretores das operações. O diagnóstico foi feito pela
consultora EY na auditoria independente à gestão da CGD. Identificou perdas de
mais de mil milhões de euros para as contas desta instituição, só até 2015. Em
causa estão de facto decisões tomadas contra o parecer técnico da Direção
Global de Risco (DGR) da CGD, reveladas pela auditoria da EY, cuja versão
preliminar foi divulgada pela ex-deputada do Bloco de Esquerda, Joana Amaral
Dias, na CMTV, citada por vários órgãos da comunicação social. Os
financiamentos de elevados montantes destacam-se nas perdas relacionadas com a
Artlant, Quinta do Lago e Birchview, para além de problemas com a concessão de
empréstimos à Investifino, Finpro, sociedade de investimento de Américo Amorim
e Banif, bem como às sociedades de Joe Berardo, entre a Fundação Berardo e a
Metalgest. Neste grupo de grandes devedores, os financiamentos ascenderam a mil
milhões de euros, com perdas de 580 milhões de euros.
Vários crimes já estarão prescritos.
Cada ano de silenciamento contribuiu para que mais atos de gestão danosa também
prescrevessem, ficando de fora da alçada da justiça. De tal forma que este país
mais parece uma república das bananas.
A CGD, banco que tem a confiança
de um número elevado de portugueses, mormente os funcionários públicos, foi
gerida sem qualquer noção de honra. E quem teve nas mãos o seu destino revelou
uma total e indigna ausência de responsabilidade.
Neste estado mórbido, quem e
quantos irão responder civil e criminalmente pela ruína da Caixa Geral de
Depósitos, onde os portugueses tiveram de enterrar cinco mil milhões de euros
dos seus sangrentos impostos?
Ficamos por aqui.
E, para que tudo não seja um mar turbulento, temos a entronizada
Cristina Ferreira, mais parecendo uma Marilyn Monroe, que, iniciada na TVI se
rendeu finalmente ao namoro da SIC, por via dum contrato milionário, cujo nome
já se transformou numa marca, mas ainda longe dum Cristiano Ronaldo. Até o
Presidente da República lhe telefonou, entrando em direto na estreia do seu
programam na SIC, para lhe desejar felicidades, provocando uma onda de
indignação, que a apresentadora não compreendeu por ter visto o gesto como um
“miminho”.(In "Notícias da Covilhã", de 14-02-2019)
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